O homem das botas verdes. - Resgatar escaladores vivos
da Zona da Morte no Monte Everest é muito arriscado, remover seus corpos é
quase impossível!
Muitos montanhistas mortos
permanecem exatamente onde caíram, congelados no tempo para servir como marcos
macabros para os vivos.
Durante muitos anos
centenas de pessoas passaram pelo corpo de Tsewang Paljor, mais conhecido como
"Botas Verdes", mas poucos deles realmente conhecem sua história.
O corpo humano não foi
projetado para suportar os tipos de condições encontradas no Monte Everest.
Além da chance de morte por hipotermia ou falta de oxigênio, a mudança drástica
na altitude pode desencadear ataques cardíacos, derrames ou inchaços cerebrais.
Na Zona da Morte da
montanha (a área acima de 26.000 pés), o nível de oxigênio é tão baixos que os
corpos e mentes dos alpinistas começam a desligar.
Com apenas um terço da
quantidade de oxigênio existente no nível do mar, os montanhistas enfrentam
tanto perigo com o delírio quanto com a hipotermia.
De 1924 (quando os
aventureiros fizeram a primeira tentativa documentada de atingir o pico) até
2015, 283 pessoas morreram no Everest. A maioria deles nunca saiu da montanha.
George Mallory, uma das
primeiras pessoas a tentar escalar o Everest, também foi uma das primeiras
vítimas da montanha.
Os alpinistas também correm
o risco de contrair outro tipo de doença da mente: a febre do cume. Febre do
cume é o nome que se tem dado ao desejo obsessivo de chegar ao topo que leva os
alpinistas a ignorar os sinais de alerta de seus próprios corpos.
Essa febre do cume também
pode ter consequências letais para outros escaladores, que podem se tornar
dependentes de um bom samaritano se algo der errado durante a subida.
A morte de David Sharp em
2006 gerou grande controvérsia, já que cerca de 40 alpinistas passaram por ele
a caminho do cume, supostamente sem perceber sua condição quase fatal ou
abandonando suas próprias tentativas de parar e ajudar.
Durante quase 20 anos, no
caminho do cume era possível ver o de "Botas Verdes", uma das oito
pessoas mortas na montanha durante uma nevasca em 1996.
O cadáver, que recebeu esse
nome por causa das botas de caminhada verdes neon que usa, ficava enrolado em
uma caverna de calcário na rota do cume Nordeste do Monte Everest.
Todos os que passavam por
ali eram forçados a passar por cima de suas pernas em um forte lembrete de que
o caminho ainda é traiçoeiro, apesar de sua proximidade com o cume.
Acredita-se que Green Boots
seja Tsewang Paljor (seja Paljor ou um de seus companheiros ainda está em
debate), um membro de uma equipe de escalada de quatro homens da Índia que fez
sua tentativa de chegar ao cume em maio de 1996.
Paljor, de 28 anos, era um
oficial da polícia de fronteira indo-tibetana que cresceu no vilarejo de Sakti,
que fica no sopé do Himalaia. Ele ficou emocionado ao ser selecionado para
fazer parte do time exclusivo que esperava ser o primeiro indiano a chegar ao
topo do Everest pelo lado Norte.
A equipe partiu em uma onda
de excitação, sem perceber que a maioria deles nunca deixaria a montanha.
Apesar da força física e do entusiasmo de Tsewang Paljor, ele e seus
companheiros estavam completamente despreparados para os perigos que
enfrentariam na montanha.
Harbhajan Singh, o único
sobrevivente da expedição, lembrou como foi forçado a recuar devido à piora
constante do tempo. Embora ele tentasse sinalizar para os outros retornarem à
relativa segurança do acampamento, eles seguiram em frente sem ele, consumidos
pela febre do cume.
Tsewang Paljor e seus dois
companheiros de equipe realmente alcançaram o cume, mas enquanto faziam a
descida foram apanhados por uma nevasca mortal.
Eles não foram ouvidos nem
vistos novamente, até que os primeiros alpinistas que buscavam abrigo na
caverna de calcário encontraram Green Boots, deitado e congelado, em uma eterna
tentativa de se proteger da tempestade.
Há um mistério cerca o
cadáver do Botas Verdes. Em 2014, os visitantes relataram que o corpo havia
sumido - muitos pensaram que ele havia sido removido ou enterrado no local. Mas
autoridades tanto da China quanto do Nepal afirmaram que eles não foram
responsáveis por tal sumiço.
Em 2017, surgiram inúmeros
relatos sobre uma suposta localização dos restos mortais, porém, esses relatos
são difusos e não conseguem estabelecer uma narrativa completa para o
desaparecimento. O paradeiro do Botas Verdes permanece um mistério até os dias
de hoje.
A teoria mais aceita é que
a pedido da família de Paljor, alguém enterrou o corpo com neve e pedras.
A presença de Green Boots
no Everest tornou-se um símbolo importante para os alpinistas que tentam chegar
ao cume da montanha.
O corpo é um lembrete dos
perigos de escalar o Everest e da importância de estar preparado para as duras
condições da montanha. (A História Esquecida)
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