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domingo, outubro 05, 2025

Políticos


O Demônio da Política: Orgulho, Corrupção e o Esquecimento do Bem Comum.

"O demônio sempre se infiltra entre os políticos. Então, eles começam a brigar entre si. O poder se transforma em uma questão de orgulho. Não tem mais nada a ver com vivermos juntos e acabarmos com a guerra."
- Bob Marley

A citação de Bob Marley reflete uma crítica atemporal à política, que, em vez de unir as pessoas em prol do bem comum, frequentemente se torna palco de disputas egocêntricas e corrupção.

O poder, que deveria ser um instrumento para promover a harmonia e a justiça, muitas vezes é pervertido pelo orgulho, pela ganância e pela perda de valores éticos.

Essa visão ressoa em muitos contextos históricos e contemporâneos, especialmente no Brasil, onde escândalos de corrupção e a desconexão entre políticos e o povo reforçam a desconfiança generalizada.

O Que Define um Político?

Um político, ou estadista, é aquele que se dedica à gestão da "coisa pública", conforme descrito por Sócrates. Para Platão, o político está vinculado a uma ideologia ou filosofia de conduta, que orienta suas ações.

Formalmente, é alguém que influencia a governança de uma sociedade, seja ocupando cargos no executivo, legislativo ou aspirando a essas posições por meio de eleições ou indicações.

Os políticos, portanto, têm o poder de moldar a opinião pública e tomar decisões que impactam a vida coletiva. Eles podem pertencer a partidos políticos, que representam diferentes visões de mundo, ou atuar de forma independente, manipulando e influenciando grupos em favor de uma ideia ou interesse.

Contudo, a definição de político nem sempre carrega uma conotação positiva, especialmente quando associada àqueles que utilizam o poder para benefício próprio.

Quem Não É Considerado Político?

Nem todos os envolvidos na administração pública são políticos. Por exemplo:

Funcionários públicos concursados, como servidores do executivo, legislativo, judiciário ou militares, desempenham funções técnicas ou burocráticas e, em geral, não são considerados políticos, embora participem dos processos governamentais.

Assessores e consultores técnicos têm papéis administrativos, mas não detêm poder decisório direto.

Cidadãos comuns, mesmo com influência na opinião pública, não são políticos, embora possam exercer pressão por mudanças sociais.

Críticas à Classe Política

Historicamente, a política foi vista como uma profissão nobre, voltada para o serviço público. No entanto, nos dias atuais, a percepção popular em muitos países, incluindo o Brasil, é marcada por desconfiança e desilusão.

Os políticos frequentemente são retratados como inescrupulosos, cujas promessas de campanha raramente se concretizam. Acusações de corrupção, desvio de verbas públicas, nepotismo, superfaturamento de obras e licitações fraudulentas são comuns e alimentam a imagem de uma classe política distante dos interesses do povo.

No Brasil, escândalos como o Mensalão (2005), a Operação Lava Jato (iniciada em 2014) e outros casos de corrupção envolvendo figuras de alto escalão reforçam essa visão.

Por exemplo, a Lava Jato revelou esquemas bilionários de propinas envolvendo políticos, empreiteiras e estatais, como a Petrobras, expondo como o poder político pode ser usado para enriquecimento ilícito.

Esses acontecimentos abalaram a confiança nas instituições e fortaleceram a percepção de que muitos políticos priorizam interesses pessoais ou de grupos econômicos em vez do bem-estar coletivo.

Além disso, a crítica aos chamados "políticos profissionais" é recorrente. Esses indivíduos constroem carreiras políticas de longo prazo, muitas vezes ocupando múltiplos mandatos consecutivos.

Em vez de focarem no bem público, alguns tomam decisões visando apenas a reeleição ou a manutenção de privilégios, como altos salários, verbas de gabinete e imunidades parlamentares.

No Brasil, a reeleição ilimitada para cargos legislativos amplifica esse problema, permitindo que políticos se perpetuem no poder. Outra crítica frequente é a falta de preparo técnico de muitos políticos. Embora cargos eletivos não exijam formação educacional específica, a gestão pública demanda conhecimentos em áreas como economia, administração e políticas públicas.

A ausência desses conhecimentos pode levar a decisões ineficientes ou populistas, que comprometem o desenvolvimento do país. No Brasil, casos de políticos com baixa escolaridade ou envolvimento em escândalos éticos, como o uso de verbas públicas para fins pessoais, intensificam as críticas.

A Política e a Injustiça

Um dos aspectos mais graves da política corrompida é a criação e aplicação de leis. Quando as leis são elaboradas por indivíduos envolvidos em práticas antiéticas ou criminosas, a própria justiça se torna comprometida.

No Brasil, por exemplo, decisões legislativas frequentemente beneficiam interesses privados, como grandes corporações ou grupos políticos, em detrimento da população.

A aprovação de leis que dificultam a punição de crimes de colarinho branco, como a flexibilização de penas para corrupção, é um reflexo desse problema. Como diz o ditado popular: "Quando as leis são feitas por bandidos, a justiça faz as injustiças."

O Impacto Global da Corrupção Política

A corrupção não é exclusividade do Brasil. Em escala global, casos como o Panama Papers (2016) e os escândalos envolvendo líderes em países como Venezuela, Rússia e até democracias consolidadas, como os Estados Unidos, mostram que a política frequentemente é contaminada por interesses escusos.

Em muitos países, a classe política depende do financiamento de elites econômicas, o que cria uma relação de dependência que compromete a independência das decisões políticas.

Essa dinâmica reforça a crítica de Bob Marley: o poder, em vez de ser um meio para promover a paz e a convivência, torna-se uma questão de orgulho e ganância.

O Caminho para a Mudança

Para combater os problemas apontados, é necessário fortalecer a transparência, a responsabilidade (prestação de contas) e a participação popular na política. Algumas medidas possíveis incluem:

Reforma política: Limitar a reeleição, reduzir privilégios parlamentares e aumentar a fiscalização sobre o financiamento de campanhas.

Educação política: Incentivar a formação de cidadãos conscientes, capazes de exigir responsabilidade de seus representantes.

Fortalecimento das instituições: Garantir a independência do judiciário e de órgãos de controle, como o Ministério Público e a Polícia Federal, para combater a corrupção.

Participação cidadã: Ampliar mecanismos de democracia direta, como plebiscitos e consultas populares, para que o povo tenha maior influência nas decisões.

Conclusão

A política, em sua essência, deveria ser a arte de governar para o bem comum, promovendo a justiça, a igualdade e a paz. No entanto, como alertou Bob Marley, o "demônio" do orgulho e da ganância muitas vezes se infiltra, transformando o poder em um fim em si mesmo.

No Brasil e no mundo, os desafios da corrupção, da falta de preparo e da desconexão entre políticos e cidadãos exigem uma reflexão profunda. A mudança começa com a conscientização do povo e a exigência de uma política mais ética e comprometida com o bem-estar coletivo.

Somente assim será possível resgatar a nobreza da "coisa pública" e construir um futuro onde a guerra, seja ela social, econômica ou política, seja superada pela convivência harmoniosa.

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