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quarta-feira, setembro 10, 2025

A Origem da Infelicidade Humana


"Jean-Jacques Rousseau, em Do Contrato Social (1762), afirmou: 'O primeiro homem que, tendo cercado um pedaço de terra, proclamou, “isto é, meu" e encontrou pessoas ingênuas o suficiente para acreditar nele, esse homem foi o verdadeiro fundador da sociedade civil.'"

Rousseau, em Do Contrato Social, explora as bases da organização social e política, questionando as desigualdades que surgem com a propriedade privada.

A citação reflete sua crítica à ideia de posse como fundamento da sociedade civil, sugerindo que a aceitação coletiva dessa reivindicação arbitrária marca o início de um sistema estruturado, mas também de desigualdades.

No contexto da obra, Rousseau argumenta que a propriedade privada, ao ser institucionalizada, rompe com o estado de natureza, onde os recursos eram comuns, e estabelece relações de poder e dependência.

Para enriquecer a análise, é importante situar a citação no cenário intelectual do Iluminismo. Em 1762, quando Do Contrato Social foi publicado, a Europa passava por intensos debates sobre liberdade, igualdade e os fundamentos do poder político.

Rousseau, ao contrário de pensadores como John Locke, que via a propriedade como um direito natural, via nela o germe das desigualdades sociais.

Ele sugere que a aceitação passiva da propriedade privada por parte da sociedade foi um momento fundamental, que transformou relações naturais em convenções sociais baseadas na posse e no poder.

Acontecimentos históricos relacionados: Na época de Rousseau, a Europa vivia transformações significativas. A Revolução Agrícola, com os cercamentos na Inglaterra, exemplifica o processo descrito por ele.

Terras comunais foram privatizadas, concentrando riqueza e poder nas mãos de poucos, enquanto camponeses eram desalojados, forçados a trabalhar como assalariados.

Esse fenômeno, que se intensificou no século XVIII, ilustra a crítica de Rousseau: a propriedade privada, longe de ser um direito inato, foi muitas vezes estabelecida pela força e aceita por convenção social, gerando desigualdades estruturais.

Além disso, o pensamento de Rousseau influenciou eventos posteriores, como a Revolução Francesa (1789-1799). Suas ideias sobre igualdade e soberania popular inspiraram revolucionários a questionar as estruturas feudais, que privilegiavam a nobreza e o clero, donos de vastas propriedades.

A crítica à propriedade como base da sociedade civil ecoou nos debates sobre redistribuição de terras e direitos coletivos.

Reflexão: Rousseau não condena a propriedade em si, mas a forma como ela foi instituída e aceita sem questionamento. Ele propõe, em Do Contrato Social, um pacto social que equilibre liberdade e igualdade, onde a propriedade seja regulada para o bem comum.

Essa ideia ressoa em debates contemporâneos sobre desigualdade econômica, concentração de terras e acesso a recursos naturais, mostrando a atualidade de seu pensamento.

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