O Levante
do Gueto de Varsóvia foi um ato de resistência no Gueto de Varsóvia, na
Polônia em 1943, contra ocupação nazi alemã. Nesse período já se tinham dado os
transportes da maioria dos habitantes do gueto.
Cerca de
300 mil das 380 mil pessoas no gueto tinham sido levadas para o campo de extermínio
de Treblinka onde foram assassinadas imediatamente após a sua chegada, no
final do verão de 1942.
Os
restantes dos habitantes do gueto sabiam agora o que os esperava e muitos deles
preferiam morrer lutando, em vez de morrer numa câmara de gás. A revolta foi
esmagada pelo Grupperfuhrer da SS Jurgen Stoop (então apenas Brigadefuhrer).
Antecedentes
Na
Alemanha, o nazismo chega ao poder. Adolf Hitler possuía a ambição de
retomar os territórios perdidos durante a Primeira Guerra Mundial. De tal
forma, em 1º de setembro de 1939, o Führer ordenou a invasão à Polônia.
Em
pouco tempo, no dia 27 de setembro, a cidade de Varsóvia foi tomada. O Exército
Vermelho (União Soviética) aproveitou para invadir na porção ocidental do
território beligerante, conforme previsto no Pacto Molotov-Ribbentrop.
Após o
fato, vários países declararam guerra à Alemanha nazista, incluindo a França e
Reino Unido. Logo, os nazistas (antissemitas) perseguiriam os judeus, formando
vários guetos - um deles era o Gueto de Varsóvia.
Inicio
Entre
julho e setembro de 1942, levas de deportações removeram mais de 300 mil judeus
para o campo de concentração de Treblinka - local do assassinato de
judeus. Reduzido a 60 mil pessoas - em sua maioria homens e mulheres ainda
saudáveis, já que idosos e crianças foram enviados para a morte em Treblinka e
a fome ceifou os restantes -, preferiram organizar uma resistência do que
morrer em Treblinka.
Formada
a Organização da Luta Judaica (Zydowska Organizacja Bojowa, cuja sigla é
ZOB) e a União Militar Judaica (Żydowski Związek Wojskowy, cuja sigla é
ZZW), trataram de formar uma resistência. O primeiro conflito ocorreu em 18 de
janeiro de 1943, quando vários batalhões da SS marcharam rumo ao gueto, mas
foram atacados, sendo obrigados retirada.
Os
combatentes judeus tiveram algum sucesso: os transportes pararam após 4 dias e
as duas organizações de resistência, a ZOB e ZZW tomaram o controle do gueto,
montando vários postos de combate e operando contra colaboradores judeus.
Durante
os três meses seguintes, todos os habitantes do gueto prepararam-se para aquilo
que eles pensavam poder ser a luta final. Foram cavados túneis por baixo das
casas, a maioria ligadas pelo sistema de esgotos e de abastecimento de água,
dando acesso a zonas mais seguras de Varsóvia.
O apoio
de setores fora do gueto foi limitado, mas unidades polacas da Armia Kraiowa (AK)
e Gwardia Ludowa (GL) atacaram esporadicamente unidades alemãs em
sentinela perto das muralhas do gueto.
Uma
unidade polaca da AK, especificamente a KB sob o comando de Henryk Iwański,
chegou mesmo a lutar dentro do Gueto, juntamente com ŻZW. A AK tentou por duas
vezes explodir a muralha do gueto, mas sem muito sucesso.
Em 21
de janeiro de 1943, realizaram a primeira ação na Rua Niska. Liderados por
Mordechai Anielewicz, formaram uma trincheira e empreenderam um ataque a
soldados nazistas. Doze soldados alemães morreram. A ZOB também se revoltou
contra a Polícia Judaica, formada por membros da própria comunidade e
controlado pelos nazistas.
A
resistência não era capaz de libertar o gueto ou destruir o aparelho nazista
local. A ZOB possuía o objetivo de uma morte digna, que não fosse aquela
reservada em Treblinka, num misto de orgulho e esperança. Heinrich Himmler ordenou
ao general Jungen Stoop que extinguisse o Gueto de Varsóvia até, no
máximo, em meados de fevereiro.
Esmagamento
da revolta
A
batalha final começou na noite da páscoa judaica, no domingo 19 de abril de
1943. 3 mil homens nazistas confrontaram a resistência de 1,5 mil moradores. Os
partisans judaicos dispararam e atiraram granadas contra patrulhas alemãs
a partir de becos, esgotos, janelas.
Os
nazis responderam detonando as casas bloco por bloco e cercando e matando todos
os judeus que podiam capturar. De acordo com relatos, verificava-se cheiro de
cadáveres nas ruas, das bombas incendiárias e mulheres saltando dos andares
superiores dos prédios com crianças nos braços.
Em 8 de
maio, os rebeldes foram cercados. Alguns deles, preferiram o suicídio do que
ser levado a campos de extermínio. Às 20 horas e 15 minutos do dia 16 de maio,
finalmente considerou-se o fim do levante com a destruição da sinagoga do
gueto, então em ruínas.
Após as
revoltas, o gueto tornou-se o local onde os prisioneiros e reféns polacos eram
executados pelos alemães. Mais tarde, foi criado um campo de concentração na
área do gueto. Chamava-se KL Warschau. Durante a revolta de Varsóvia que
se seguiu, a unidade AK polaca "Zoska" conseguiu salvar 380 judeus do
campo de concentração e a maioria deles juntou-se à AK.
Por
vezes é feita confusão entre a revolta no gueto de Varsóvia de 1943 com a
revolta de Varsóvia de 1944. São eventos separados no tempo e tinham objetivos
diferentes.
O
primeiro, no gueto, era uma opção desesperada pela morte em combate, por
pessoas que sabiam que a morte os esperava num campo de extermínio, com a
escolha feita no último momento, quando ainda havia a força para combater.
A
segunda revolta foi o resultado de ação coordenada. No entanto, também houve
ligações entre os eventos. Alguns dos combatentes da revolta do gueto tomaram
parte nas lutas posteriores. A brutalidade das forças nazis foi semelhante nos
dois casos. Alguns dos líderes da revolta de Varsóvia tomaram inspiração nos
combates do gueto.