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quarta-feira, setembro 17, 2025

Mosaico de Momentos


 

Olhe de frente o sol que ilumina sua vida, deixando para trás as sombras do passado. Não permita que as marcas de outrora ofusquem o brilho do presente, pois é na luz do agora que se constrói o caminho para o futuro.

A flor que desabrocha, com sua delicadeza e força, carrega mais significado do que mil pétalas caídas. Cada novo começo, por mais frágil que pareça, guarda em si a promessa de renovação.

Assim como a primavera retorna após o inverno, a vida sempre encontra formas de florescer, mesmo nas terras mais áridas. Um único olhar de amor, sincero e profundo, tem o poder de aquecer corações por muitos invernos.

Ele é como uma chama que, uma vez acesa, resiste às tempestades e ilumina os dias mais frios. Esse amor, seja por outra pessoa, por si mesmo ou pelo mundo, é o que nos sustenta quando os ventos sopram contra.

A bondade, essa força silenciosa que habita em nós, é infinitamente mais poderosa e duradoura do que qualquer mal que possamos cometer. O mal é passageiro, como uma nuvem que encobre o céu por um instante, mas a bondade é o firmamento que permanece, guiando-nos de volta à nossa essência.

Quando escolhemos agir com compaixão, plantamos sementes que florescem em esperança, não apenas para nós, mas para todos ao nosso redor. Seja otimista, mesmo quando o mundo parecer envolto em escuridão.

Lembre-se de que é no fundo da noite sem luar, quando tudo parece perdido, que as estrelas brilham com mais intensidade. Cada dificuldade, cada momento de dor ou incerteza, é também uma oportunidade para descobrir a força que você carrega dentro de si.

As estrelas não brilham menos porque a noite é escura; pelo contrário, é a ausência de luz que revela sua verdadeira grandeza. A vida, com todos os seus altos e baixos, é um mosaico de momentos.

Houve dias em que o sol brilhou forte, aquecendo sua alma, e outros em que as sombras pareceram intermináveis. Talvez você tenha enfrentado perdas, como pétalas que caem de uma flor, ou invernos rigorosos que testaram sua resiliência.

Mas cada um desses acontecimentos, por mais dolorosos que tenham sido, trouxe lições que moldaram quem você é. As quedas ensinaram você a se levantar, e as noites escuras revelaram estrelas que você nem sabia que existiam.

Por isso, siga em frente com coragem. Abra os olhos para as pequenas vitórias do dia a dia: o sorriso de um estranho, a brisa que acaricia o rosto, o silêncio que traz paz.

Esses instantes, aparentemente simples, são os fios que tecem a tapeçaria da sua história. E, acima de tudo, nunca se esqueça de que, mesmo nas noites mais escuras, há sempre uma estrela esperando para ser vista.

quinta-feira, setembro 11, 2025

Multidões



Eu sou muitos. Há multidões em mim. Na mesa da minha alma, sentam-se inúmeros, e eu sou todos eles. Há um velho encurvado pela sabedoria do tempo, uma criança que ainda se maravilha com o brilho do mundo, um sábio que contempla o infinito e um tolo que tropeça nas próprias ilusões.

Há guerreiros cansados, poetas que sangram em silêncio, rebeldes que desafiam o céu e peregrinos que buscam um lar que nunca encontram. Você nunca saberá com quem está sentado, nem por quanto tempo cada um de mim permanecerá à sua frente.

Sou um mosaico em constante mutação, um caleidoscópio de vozes que se entrelaçam e se contradizem. Mas prometo, com a sinceridade de quem carrega o peso de ser muitos, que, se nos sentarmos à mesa - nesse ritual sagrado da convivência -, eu lhe entregarei ao menos um desses eus, com toda a sua verdade, ainda que fugaz.

E, nesse encontro, correrei os riscos de nos vermos refletidos, de estarmos juntos no mesmo plano, vulneráveis à luz crua da existência. Não se iluda, porém: também carrego sombras.

Há em mim um lado sombrio, um demônio que tento manter acorrentado, mas que, por vezes, escapa e me envergonha. Ele é o grito que não controlo, a raiva que queima sem motivo, o vazio que sussurra nas noites mais longas.

Não sou santo, nem exemplo, e talvez nunca serei. Sou humano, demasiadamente humano, e essa é minha glória e minha ruína. Entre tantos que sou, busco-me incessantemente.

Cada dia é uma batalha para reunir esses fragmentos, para encontrar o fio que costura o velho, a criança, o sábio e o tolo em um só ser. Como já foi dito, em ecos que atravessam séculos: ouse conquistar a ti mesmo.

Mas essa conquista não é um fim, é um eterno começar. É o enfrentamento diário das multidões que me habitam, das vozes que clamam por sentido, das feridas que o tempo não apaga e das esperanças que o mesmo tempo reacende.

E assim sigo, carregando essas multidões, essas almas que dançam e colidem dentro de mim. Cada acontecimento da vida - a alegria que explode, a dor que corta, o amor que eleva, a perda que despedaça - molda essa assembleia interior.

Recentemente, vi-me diante de um espelho partido: a morte de alguém querido trouxe o velho à tona, com sua melancolia sábia, enquanto a criança chorava a ausência.

O sábio tentou explicar o inexplicável, e o tolo quis fugir. Todos eles, em sua desordem, me ensinaram que ser muitos é também ser incompleto, mas é essa incompletude que me faz seguir, que me faz ousar.

Um dia, talvez, eu me descubra. Um dia, serei eu mesmo, definitivamente - ou, quem sabe, aprenderei a amar a multidão que sou, sem exigir um fim para o caos.

Até lá, convido você a sentar-se à minha mesa, a ouvir as vozes que ecoam em mim e a compartilhar as suas. Pois, no fim, somos todos muitos, e é na partilha dessas multidões que encontramos o que nos faz humanos.

Inspirado em Friedrich Nietzsche

quarta-feira, setembro 03, 2025

Ilimitado



Receba com entusiasmo tudo o que a vida lhe oferece de bom e canalize cada segundo dessa energia para o aprimoramento de sua profissão. Quando você abraça suas oportunidades com paixão e dedicação, ninguém poderá detê-lo.

Confie nas suas qualidades ilimitadas e esforce-se para desenvolvê-las ao máximo. Nada será capaz de impedi-lo. Entenda que não há obstáculo que possa aprisioná-lo ou deter seus sonhos.

Os desafios que surgem em seu caminho são apenas degraus para alcançar os grandes objetivos de sua vida. Se, em algum momento, você se sentir envolto por desarmonia, derrotado por fracassos ou sobrecarregado por problemas e preocupações, pare e projete sobre si mesmo um foco de luz interior.

Ao fazer isso, você descobrirá uma fonte inesgotável de poder que está sempre ao seu alcance. Não crie barreiras para si mesmo. Se houver um obstáculo, encare-o de frente: conheça-o, analise-o, compreenda o papel que ele desempenha em sua jornada.

Organize sua vida, estabeleça prioridades e perceba um influxo de força para o qual não há limites. Você é ilimitado! Não haverá barreiras capazes de conter seu potencial.

No entanto, é verdade que vivemos em um mundo conturbado, onde o próprio ambiente parece carregado de frustrações. As pressões externas, as críticas sem fundamento e as vozes difamadoras podem tentar abalar sua confiança e minar sua harmonia interior.

Mas não permita que isso aconteça. Erga a cabeça, mantenha o foco em seus propósitos e siga em frente com determinação. Hoje, mais do que nunca, enfrentamos um cenário de rápidas mudanças e incertezas.

Seja nas transformações tecnológicas, nas crises sociais ou nos desafios pessoais, o mundo nos testa constantemente. Contudo, é exatamente nesses momentos de adversidade que você pode encontrar sua verdadeira força.

Cada obstáculo superado é uma prova de sua resiliência, e cada crítica enfrentada com coragem fortalece sua convicção. Lembre-se de que as dificuldades não definem quem você é; elas apenas revelam a grandeza que já existe dentro de você.

Portanto, continue a caminhar com firmeza. Cerque-se de pessoas que acreditam em seu potencial, busque conhecimento para expandir suas habilidades e nunca subestime o poder de sua determinação.

O mundo pode ser caótico, mas você tem a capacidade de criar sua própria harmonia. Seja a luz que ilumina seu caminho e o dos outros. Você não apenas vencerá os desafios, mas também inspirará aqueles ao seu redor a fazerem o mesmo.

segunda-feira, setembro 01, 2025

Perdas e ganhos



E por falar em perdas e ganhos, alguém já parou para notar como, aos poucos, perdemos nossa capacidade de nos emocionar? Não é só uma impressão: estamos tão imersos em notificações, telas e urgências que o simples ato de sentir - de verdade - virou algo quase obsoleto.

Quando foi a última vez que você se permitiu gostar de alguém sem calcular os riscos, sem transformar o sentimento em um post ou em uma equação de likes?

Gostar, no sentido puro, caiu em desuso, como se fosse uma fraqueza, um deslize emocional em um mundo que valoriza mais a performance do que a essência.

E o que dizer de contemplar a lua cheia? Virou coisa de poeta ultrapassado, de quem não tem algo "melhor" para fazer. A lua, que já inspirou noites de introspecção, músicas e promessas sussurradas, agora compete com o brilho frio das telas.

Amar, então, nem se fala. É quase caretice, algo que exige tempo, vulnerabilidade e paciência - moedas raras em um mundo que celebra a instantaneidade.

Amar é arriscar parecer brega, é enfrentar o silêncio incômodo de não ter respostas prontas. E quem, hoje, está disposto a isso? Ficar em casa num sábado à noite, por escolha, virou sinônimo de fracasso social.

É como se houvesse um passaporte invisível para a irrelevância, carimbado toda vez que optamos por um momento de quietude. O que poderia ser paz, confundimos com tédio.

E, no fundo, o que nos assusta é a possibilidade de enfrentar nossa própria companhia. Alguém aí já se perguntou: e se a internet cair? E se, por algumas horas, o mundo parar de girar?

Será que suportamos o vazio de não ter um stories para postar, uma notícia para comentar, uma distração para consumir? Vivemos uma era em que a conexão constante nos desconectou de nós mesmos.

Em 2025, com a tecnologia avançando a passos largos - inteligência artificial moldando nossas interações, redes sociais ditando tendências em tempo real -, parece que o humano, o visceral, está sendo deixado para trás.

Posts recentes nas redes sociais mostram pessoas lamentando a superficialidade das relações, a pressão por estar sempre "on", mas também revelam um paradoxo: continuamos alimentando o ciclo.

Corremos atrás de validação virtual enquanto esquecemos de validar o que sentimos de fato. Estudos apontam que a solidão nunca foi tão epidêmica, mesmo com bilhões de conexões online.

A Organização Mundial da Saúde já alertou para o impacto da desconexão emocional na saúde mental, mas seguimos acelerando, como se parar fosse sinônimo de fracasso.

E os acontecimentos ao nosso redor? Guerras, crises climáticas, polarizações políticas - tudo isso nos atinge como um ruído de fundo, algo que comentamos rapidamente antes de passar para o próximo vídeo no feed.

A empatia, que já foi nossa bússola, agora é seletiva, ativada apenas quando convém. Enquanto isso, pequenos gestos - como ouvir alguém sem interromper, ou simplesmente sentar em silêncio para sentir o peso do dia - tornam-se atos revolucionários.

Talvez o maior desafio de hoje não seja apenas reconectar com os outros, mas reconectar com o que nos faz humanos: a capacidade de sentir, de contemplar, de existir sem precisar provar nada.

Então, que tal tentar? Desligar o celular por uma hora, olhar para a lua, ouvir o silêncio. Quem sabe, no meio desse caos, a gente redescubra que estar vivo é mais do que estar online.

domingo, agosto 31, 2025

Provérbio Árabe


Não revele tudo o que sabes, não executes tudo o que podes, não acredites cegamente em tudo o que ouves, nem gastes tudo o que possuis.

Por quê?

Porque aquele que despeja tudo o que sabe, que age sem limites no que pode, que aceita como verdade tudo o que ouve e que esgota todos os seus recursos, frequentemente cai em armadilhas evitáveis.

Muitas vezes:

Diz palavras que ferem ou comprometem, faz escolhas que desrespeitam ou prejudicam, julga com base em meias-verdades ou ilusões e gasta além do que sua realidade permite.

A prudência é a guardiã da sabedoria. Guardar um pouco do que se sabe preserva a confiança e evita mal-entendidos. Limitar o que se faz mantém o respeito pelos outros e por si mesmo.

Discernir o que se ouve protege contra manipulações e enganos. E administrar o que se tem garante segurança para o futuro incerto. Reflexão sobre os acontecimentos atuais:

Em um mundo onde a informação flui incessantemente, muitas vezes sem filtros, essas lições se tornam ainda mais relevantes. Nas redes sociais, por exemplo, a impulsividade de compartilhar tudo o que se pensa pode gerar conflitos desnecessários ou expor vulnerabilidades.

Posts recentes nas redes sociais mostram como pessoas, ao reagirem sem refletir, acabam amplificando desinformação ou alimentando polarizações.

Um caso recente envolveu um influenciador que, ao acreditar em uma notícia sensacionalista sem verificar fontes, espalhou uma narrativa que gerou pânico em sua comunidade, só para depois se retratar.

Da mesma forma, a compulsão por agir sem ponderar tem consequências. Movimentos sociais e protestos, embora muitas vezes necessários, podem perder força quando ações impulsivas desviam o foco de causas legítimas.

Um exemplo foi o tumulto em uma manifestação recente, onde a falta de planejamento resultou em confrontos evitáveis, conforme relatado em notícias de 2025.

O julgamento precipitado também é um risco em tempos de manchetes rápidas e conteúdos virais. Quantas vezes não vimos pessoas sendo julgadas nas redes por fragmentos de vídeos, sem contexto, apenas para depois descobrirmos que a história era outra?

Por fim, o gasto desenfreado, seja de dinheiro, energia ou tempo, reflete uma sociedade que valoriza o imediato em detrimento do sustentável. Relatos recentes apontam o aumento de endividamento em várias regiões, resultado de uma cultura de consumo impulsivo amplificada por propagandas agressivas.

Conclusão:

Viver com moderação e reflexão é um ato de resistência em um mundo que incentiva excessos. Ao reter parte do que sabemos, agimos, acreditamos e gastamos, cultivamos não apenas a nossa própria segurança, mas também o respeito e a harmonia com aqueles ao nosso redor.

Que essas palavras antigas sirvam como um lembrete atemporal: a verdadeira força está no equilíbrio.

sexta-feira, agosto 29, 2025

O Velho


 

Cheguei ao fim do caminho, as mãos cheias de nada, os pés feridos por espinhos, a pele enrugada pelo tempo. O peso dos anos curvou-me os ombros, e cada passo ecoa a memória de um corpo que já não responde como outrora.

As forças, outrora vibrantes, escaparam-me como areia entre os dedos, e, no vazio que deixaram, encontro apenas saudades - de quem fui, de quem amei, dos sonhos que se desfizeram como névoa ao amanhecer.

Neste mundo de cão, onde a dureza do chão machuca os pés e o coração, invento pedaços de terra firme para não sucumbir. Crio verdades frágeis, costuradas com retalhos de esperança, para dar sentido a dias que se arrastam.

Olho para dentro de mim e vejo um homem triste, moribundo, preso entre o que foi e o que resta. Sinto-me tão perto do fim, tão próximo do fundo, onde a luz mal alcança e o silêncio é rei.

Meu olhar, faminto por conexão, busca outro olhar que me enxergue, que me reconheça. Mas as pessoas passam, apressadas, cegas para o velho que carrego em mim.

Não há mais com quem dividir as palavras, os risos, as dores. Os dias, lentos como um rio que mal corre, arrastam-me em sua correnteza monótona. Por vezes, sinto que já morri antes de morrer, que a vida se esvaiu enquanto eu tentava segurá-la.

Sou velho, estou velho. Meu corpo fraqueja, minhas mãos tremem ao erguer a colher, e a comida, por vezes, escapa-me, como se até ela soubesse que já não pertenço ao ritmo dos vivos.

Mas meu coração, teimoso, ainda pulsa no peito, um tambor insistente que se recusa a silenciar. A vida passou como um vento fugaz, levando consigo os anos de luta, as noites de sonhos, os dias de trabalho sob o sol inclemente.

Vivi para sustentar os meus, para erguer paredes que hoje estão rachadas, para plantar sementes que nem sempre floresceram. Perdi amores, vi amigos partirem, carreguei lutos que pesam mais que meus próprios ossos.

E, no entanto, aqui estou. Não sou pedra, não sou muro, não sou apenas um eco do passado. Sou o futuro que envelhece, sou o espelho que reflete o que todos, um dia, serão.

Meus olhos guardam histórias que ninguém mais lê, mas minha voz, ainda que fraca, sussurra verdades que o tempo não apaga. Sou velho, estou velho, mas sou prova viva de que o coração, mesmo cansado, nunca desiste de bater.

terça-feira, agosto 26, 2025

Álibi


Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. Essa é a melancolia intrínseca à vida, mas também sua estranha exaltação. O tempo, com sua corrente implacável, apaga as marcas mais profundas do coração, diluindo memórias que outrora pareciam eternas.

No entanto, há algo de sublime nesse esquecimento: ele nos liberta para novas perspectivas, para novos instantes de beleza e dor. Há, sim, uma certa maneira de enxergar as coisas - uma clareza fugaz que emerge em raros momentos, como um raio de luz cortando a névoa.

Essa visão, quando aparece, transforma o ordinário em extraordinário, ainda que por um breve instante. Por isso, apesar do peso da perda, é uma dádiva ter vivido um grande amor, mesmo que tenha sido uma paixão infeliz.

Ele se torna um marco, uma âncora na existência, um testemunho de que fomos capazes de sentir profundamente, de nos entregarmos ao caos e à beleza do humano.

Esse amor, mesmo que despedaçado, serve como um álibi para os desesperos sem razão que, de tempos em tempos, nos acometem. Quando a angústia sem nome nos invade, podemos olhar para trás e dizer: “Eu amei, eu sofri, eu vivi”.

E nisso há uma justificativa, uma narrativa que dá sentido ao absurdo da existência. Os grandes amores, felizes ou trágicos, são como estrelas que, mesmo extintas, continuam a brilhar em nossa memória.

Eles nos lembram que a vida, com toda sua impermanência, é feita de instantes que desafiam o vazio. Camus, com sua filosofia do absurdo, sugere que o sentido não está em evitar a dor ou o esquecimento, mas em abraçar a intensidade do momento, em encontrar beleza no efêmero.

Um grande amor, ainda que perdido, é uma rebelião contra a indiferença do universo - uma prova de que, por um instante, fomos maiores que o destino. Quando Camus escreveu sobre o amor e o absurdo, ele o fez em um contexto de pós-guerra, onde a Europa, devastada, buscava sentido em meio às ruínas.

Seus textos refletem a tensão entre o desejo humano de permanência e a realidade de um mundo que não oferece garantias. Um grande amor, nesse cenário, é tanto um refúgio quanto uma ferida: ele nos conecta à humanidade, mas também nos expõe à sua fragilidade.

Assim, a paixão infeliz não é apenas uma cicatriz; é um testemunho de coragem, de alguém que ousou enfrentar o absurdo e encontrar, mesmo que por um momento, algo que valesse a pena.

domingo, agosto 17, 2025

A Tarde



Quando a tarde chegou, estávamos juntos, de mãos entrelaçadas como se o tempo pudesse ser nosso cúmplice. O céu se abriu em um azul infinito, um manto sem fim que abraçava o horizonte.

As águas do mar, revoltas e indomáveis, dançavam com fúria, mas ao tocarem a praia, transformavam-se em espuma suave, como se o próprio oceano quisesse nos oferecer sua poesia.

Os campos ao nosso redor eram um tapete de flores selvagens, pétalas vibrantes que pareciam pulsar com a vida da primavera. Era mais do que uma estação: a primavera da paixão florescia em nossos corações, aquecendo-nos com promessas de eternidade.

Naquelas tardes, o mundo parecia se dissolver, e nada mais existia além de um universo de paz, tecido pelos nossos olhares, silêncios e sorrisos.

Outras tardes vieram, trazendo consigo a brisa morna e o canto dos pássaros, mas também a sombra inevitável do efêmero. Alguns planos que construímos com tanto cuidado desmoronaram como castelos de areia, levados pelas ondas do destino.

Outros sonhos, porém, resistiram, gravados em memórias que o tempo não ousaria apagar. E, no fundo, o que realmente importava era simples e absoluto: éramos eu e você, duas almas entrelaçadas contra o vasto cenário do mundo.

Mas às vezes o mundo é ingrato, e os sonhos, frágeis como bolhas de sabão, estouram ao menor toque da realidade. Uma mão invisível nos sacudiu, arrancando-nos do devaneio.

Um raio feroz rasgou o azul imaculado do céu, partindo o véu da ilusão. Foi assim, num instante cruel, que o adeus se fez presente, frio e inevitável. Não me envergonho de confessar: chorei.

As lágrimas caíram como gotas de chuva em um deserto, tentando, em vão, regar o que já havia secado. A cortina do sonho desceu lentamente, e a porta da realidade se escancarou, trazendo com ela o vazio de uma tarde que não mais compartilhávamos.

Onde antes havia calor, restou apenas o eco da tua ausência. Talvez meu erro tenha sido amar demais, entregar-me inteiro a um sentimento que não podia ser contido.

Talvez eu tenha acreditado que o amor, por si só, poderia desafiar as leis do tempo e do destino. Mas o adeus aconteceu, silencioso e definitivo, como o último suspiro de uma tarde que se desvanece no crepúsculo.

Outras tardes vieram, cada uma mais silenciosa que a anterior. O mar continuou sua dança, as flores ainda enfeitavam os campos, mas eu... eu estava tão só.

Caminhava pelas mesmas praias, sob o mesmo céu, mas o azul parecia desbotado, e as ondas não mais cantavam para mim. Carregava no peito um vazio que pesava mais que o mundo, e no entanto, em algum canto escondido da alma, ainda guardava a lembrança de nós dois.

Hoje, quando o vento sopra suave e o sol acaricia a terra, fecho os olhos e vejo aquelas tardes. Elas vivem em mim, como um quadro que nunca envelhece, pintado com as cores do que fomos.

E, embora a solidão seja minha companhia agora, há uma estranha paz em saber que, por um breve momento, o universo foi nosso. E que, de alguma forma, sempre será.

Francisco Silva Sousa - Foto: Pixabay.

sexta-feira, agosto 15, 2025

Viver em off


 

O Silêncio do Amor Verdadeiro

Hoje, eu poderia falar do beijo demorado, daquele instante em que o tempo parece suspender-se, e os lábios contam histórias que as palavras jamais ousariam.

Poderia descrever os olhares que conversam em segredo, trocando promessas e sonhos sem emitir som algum. Poderia celebrar os abraços que se tornam pontes, unindo margens distantes de dois corações, ou exaltar o amor que transcende o tempo, desafiando a efemeridade da existência.

Mas hoje, não. Hoje, eu quero falar de um amor calado, sutil, que não se anuncia com fanfarras, mas se escreve nas entrelinhas da vida. Um amor bordado fio a fio, com a paciência de quem tece um tapete de memórias, sem pressa, sem alarde.

É o amor que não precisa de holofotes, que não se mede por gestos grandiosos, mas pela constância dos pequenos cuidados, pela presença que aquece mesmo na ausência.

Porque todos os amores, dos mais fugazes aos mais eternos, começam e deságuam no mesmo lugar: no coração humano, esse rio que nunca cessa de correr. O mais bonito dessa vida, o que realmente importa, se vive em off. Fora das redes, longe dos palcos, além das vitrines do mundo.

É no silêncio de um olhar que compreende, na mão que aperta com firmeza em um momento de dúvida, no café quente servido sem pedir, que o amor revela sua verdadeira face.

Ele não precisa de likes, de validação externa, de plateias. Ele floresce nos instantes que ninguém vê, nos detalhes que só os amantes conhecem, nos silêncios que dizem tudo.

Esse amor calado é como uma semente que germina na escuridão da terra, sem que o mundo perceba, mas que um dia se torna árvore frondosa, oferecendo sombra e refúgio.

É o amor dos avós que, após décadas, ainda caminham de mãos dadas, sem dizer uma palavra, porque tudo já foi dito na linguagem do tempo compartilhado.

É o amor de quem espera na rodoviária sob a chuva, de quem guarda um bilhete amarelado por anos, de quem sorri ao lembrar de um momento que só faz sentido para dois.

Em um mundo acelerado, onde tudo é exibido, medido e comparado, o amor em off é um ato de resistência. É a escolha de cultivar algo profundo, longe dos olhares curiosos, em um espaço sagrado onde só os envolvidos têm acesso.

Esse amor não se curva às pressões do instantâneo; ele cresce na lentidão, na confiança, na intimidade que se constrói dia após dia. É o amor que sobrevive às tempestades porque foi tecido com fios de paciência, compreensão e entrega.

Pense, por exemplo, nas histórias de amor que atravessaram guerras, como as cartas trocadas entre soldados e suas amadas, carregadas de promessas que sustentaram corações em meio ao caos.

Ou nas famílias que, em tempos de crise, como os períodos de exílio ou separação forçada, mantiveram o amor vivo através de memórias e esperança.

Esses amores, muitas vezes calados, escritos em papéis simples ou guardados no silêncio do coração, são os que ecoam pela eternidade. Hoje, escolho celebrar esse amor que não precisa gritar para ser ouvido, que não precisa ser visto para ser sentido.

Ele é o fio invisível que costura a existência, o alicerce que sustenta o que há de mais humano em nós. E, no fim, é esse amor - bordado com cuidado, vivido em segredo, sentido em silêncio - que nos lembra que a vida, em sua essência, é feita de conexões que transcendem o visível e tocam o eterno.

quinta-feira, agosto 14, 2025

Diva


A paz do teu sorriso ilumina o mundo ao meu redor como um amanhecer que, delicadamente, dissipa as sombras da minha alma. É como se cada curva dos teus lábios abrisse janelas para o sol, fazendo o frio dos meus dias evaporar.

Teu beijo, quente e doce, percorre-me como um vinho raro, despertando cada fibra adormecida do meu ser, um elixir que reacende a vida e me embriaga de ternura e desejo.

Teu cheiro suave - mistura de pele, calor e mistério - dança no ar como uma brisa encantada, prendendo meus sentidos em um torpor que não quero desfazer.

Tua voz, melodia que ecoa no coração, é um hino que embala meus sonhos mais íntimos, causando arrepios de emoção, como se cada palavra tua fosse escrita para mim antes mesmo de ser pronunciada.

Tuas mãos, ao deslizarem pelo meu corpo, são carícias que aquecem e acalmam, como brisas de entardecer à beira do mar.

Teu corpo suado, reluzente sob a luz suave da madrugada, é como um lago cristalino no qual mergulho sem hesitar, afogando-me docemente na tua essência.

Teu pescoço, macio e levemente perfumado, é pura alquimia - transformando instantes fugazes em eternidade, como se o tempo se curvasse para nos servir.

Tua pele, tão macia, é um mimo que acolhe e protege; um presente que a natureza moldou com delicadeza e entrega. Teu olhar, raio certeiro que trespassa e fulmina, acende faíscas que explodem dentro de mim como estrelas colidindo no céu.

Teus gestos, suaves e precisos, desenham paisagens invisíveis, pintadas com a graça de um artista celestial.

Teu andar, cadenciado e hipnótico, me arranca da realidade, e cada passo teu é uma batida acelerada do meu coração. Teu corpo, tão bonito e tão vivo, é meu ninho e meu refúgio, onde encontro não só paz, mas também a tempestade que preciso para me sentir vivo.

E quando a noite cai e o mundo silencia, é no calor do teu abraço que descubro o sentido mais puro da vida. Ali, o tempo deixa de ser contagem e passa a ser presença. Cada instante contigo se escreve em versos invisíveis, como um conto de amor que não reconhece fronteiras nem teme o efêmero.

Teu riso é a trilha sonora dos meus dias, uma música que mesmo o silêncio respeita. Tua presença é farol e abrigo, guia e destino. Em ti, encontro o sagrado e o humano, o eterno e o instante. E assim me entrego, inteiro, à magia de te amar, como quem sabe que algumas histórias não precisam de ponto final, pois foram feitas para durar enquanto existir o próprio tempo.