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sábado, novembro 01, 2025

Fascinado


Existe um homem que se sente irresistivelmente magnetizado pelo enlevo da sua juventude, pela sua beleza radiante, pela sua benevolência inefável.
Um homem que está perdidamente apaixonado por ti, que venera com devoção absoluta esses encantos divinos.

Digo-te, com o coração em chamas, que esse homem sou eu! Quantas vezes ao longo do dia eu crio, em devaneios febris, a imagem de que és inteiramente minha?

Sinto, junto à minha face, o milagre da tua, macia como pétalas de rosa ao amanhecer; sobre os meus lábios, a púrpura ardente dos teus, num beijo que rouba o fôlego e acende fogueiras na alma. Aconchego ao meu corpo o teu, palpitante de vida e desejo, entrelaçando-nos como videiras em um jardim secreto.

Imagino-me deliciando com o mel dos teus carinhos, doces e inebriantes como o néctar das flores proibidas; e o meu espírito, ferido pelas agruras da existência, sente que saram todas as chagas ao contato odorífero da tua meiguice, perfumada de jasmim e ternura. Ah, se ao menos esses sonhos se materializassem!

Na quietude da noite, quando as estrelas testemunham os meus suspiros, eu te procuro em visões etéreas: caminhamos de mãos dadas por praias ao luar, onde as ondas sussurram promessas de eternidade; dançamos ao som de uma melodia invisível, teus olhos encontrando os meus em um diálogo sem palavras, cheio de confissões mudas.

Recordo o dia em que te vi pela primeira vez - foi num café antigo, sob a luz dourada do entardecer, quando o aroma de café fresco se misturava ao teu perfume sutil.

Teu sorriso, um raio de sol rompendo nuvens, despertou em mim uma paixão que cresce como uma maré inexorável. Desde então, cada momento sem ti é um vazio que clama pelo teu regresso.

Ó musa da minha alma, permite que eu te corteje com versos e gestos, que prove a realidade desses delírios. Pois o amor que nutro por ti não é efêmero; é um fogo eterno, capaz de iluminar as trevas e curar as dores do mundo.

Vem, une-te a mim, e transformemos essas fantasias em uma sinfonia de felicidade partilhada!Existe um homem que se sente irresistivelmente magnetizado pelo enlevo da sua juventude, pela sua beleza radiante, pela sua benevolência inefável.

Um homem que está perdidamente apaixonado por ti, que venera com devoção absoluta esses encantos divinos.

Digo-te, com o coração em chamas, que esse homem sou eu! Quantas vezes ao longo do dia eu crio, em devaneios febris, a imagem de que és inteiramente minha?

Sinto, junto à minha face, o milagre da tua, macia como pétalas de rosa ao amanhecer; sobre os meus lábios, a púrpura ardente dos teus, num beijo que rouba o fôlego e acende fogueiras na alma. Aconchego ao meu corpo o teu, palpitante de vida e desejo, entrelaçando-nos como videiras em um jardim secreto.

Imagino-me deliciando com o mel dos teus carinhos, doces e inebriantes como o néctar das flores proibidas; e o meu espírito, ferido pelas agruras da existência, sente que saram todas as chagas ao contato odorífero da tua meiguice, perfumada de jasmim e ternura. Ah, se ao menos esses sonhos se materializassem!

Na quietude da noite, quando as estrelas testemunham os meus suspiros, eu te procuro em visões etéreas: caminhamos de mãos dadas por praias ao luar, onde as ondas sussurram promessas de eternidade; dançamos ao som de uma melodia invisível, teus olhos encontrando os meus em um diálogo sem palavras, cheio de confissões mudas.

Recordo o dia em que te vi pela primeira vez - foi num café antigo, sob a luz dourada do entardecer, quando o aroma de café fresco se misturava ao teu perfume sutil.

Teu sorriso, um raio de sol rompendo nuvens, despertou em mim uma paixão que cresce como uma maré inexorável. Desde então, cada momento sem ti é um vazio que clama pelo teu regresso.

Ó musa da minha alma, permite que eu te corteje com versos e gestos, que prove a realidade desses delírios. Pois o amor que nutro por ti não é efêmero; é um fogo eterno, capaz de iluminar as trevas e curar as dores do mundo.

Vem, une-te a mim, e transformemos essas fantasias em uma sinfonia de felicidade partilhada!

terça-feira, outubro 21, 2025

Escrever




As palavras têm uma força que transcende o tempo e o espaço. Elas não apenas comunicam, mas criam mundos, constroem pontes e guardam pedaços da alma.

Quando me dizes que me amas, tua voz aquece meu coração, e eu acredito. Mas, se escreves essas palavras, elas ganham raízes, tornam-se eternas, como uma carta que posso revisitar, reler e sentir novamente, mesmo quando o silêncio se instala.

Se me falares da tua saudade, com um olhar distante ou um suspiro, eu a compreenderei, pois o tom da tua voz carrega verdade. Mas, se a descreveres com tinta e papel, ou mesmo em linhas digitais, essa saudade ganha corpo.

Ela se torna uma história que posso tocar, um vazio que divido contigo, como se, ao ler, eu pudesse caminhar pelas mesmas ruas desertas que tua alma percorre.

E quando a tristeza vier, pesada como uma tempestade, e me contares sobre ela, eu saberei que estás sofrendo. Mas, se a transformares em palavras escritas, se a descreveres com detalhes - o nó na garganta, o peso no peito, as cores opacas do dia -, essa dor se torna compartilhável.

Escrever é um ato de coragem: é dar forma ao intangível, é dividir o fardo. As palavras, ao serem lidas, dissipam um pouco do sofrimento, como se o papel absorvesse parte da tua angústia.

As palavras escritas não apenas expressam, elas constroem. Quem escreve ergue castelos, frágeis ou imponentes, com torres de sonhos e alicerces de memórias.

Quem lê, ao entrar nesses castelos, não é apenas um visitante: torna-se morador, vive as emoções do autor, habita seus mundos. E, ao longo da história, foram as palavras escritas que preservaram amores impossíveis, revoluções, confissões e esperanças.

Pensa nas cartas de amor trocadas em tempos de guerra, nos diários que guardaram segredos de gerações, nos poemas que atravessaram séculos. Elas não apenas contam histórias - elas as mantêm vivas.

Por isso, nunca subestime o poder de escrever. Quando colocas no papel o que sentes, estás criando algo maior que o momento: estás deixando um legado, uma ponte para o outro, um convite para que alguém, em algum lugar, sinta contigo. 

E, ao fazê-lo, transformas o efêmero em eterno, o solitário em compartilhado, o intangível em real.

domingo, outubro 19, 2025

Ninguém perde ninguém


 

Ninguém perde ninguém, porque, em essência, ninguém possui ninguém. Essa é a verdadeira experiência da liberdade: amar, valorizar e compartilhar a vida com alguém sem a necessidade de aprisioná-lo ou transformá-lo em uma extensão de si mesmo.

A ideia de posse, tão profundamente enraizada em nossa cultura, distorce a pureza do amor. Confundimos afeto com controle, presença com vigilância, proximidade com propriedade. Mas o amor, quando é verdadeiro, não precisa de grades; ele floresce justamente no espaço que o outro tem para ser quem é.

A liberdade genuína começa quando compreendemos que a pessoa mais importante do mundo não nos pertence - e, ainda assim, escolhemos estar ao seu lado todos os dias, não por obrigação, mas por afinidade e vontade.

Essa escolha consciente, feita em liberdade, é muito mais poderosa do que qualquer promessa eterna. Ela desafia as convenções sociais que associam o amor à dependência, ao ciúme ou à exclusividade inquestionável.

Entretanto, viver essa verdade não é simples. Somos frutos de um tempo em que o medo da perda, a insegurança e o apego são vistos como provas de amor.

Crescemos ouvindo que amar é "segurar firme", quando na verdade, amar é saber soltar - e ainda assim permanecer. O desafio está em confiar no vínculo invisível que une dois corações livres, sem precisar acorrentar o outro para se sentir seguro.

Quantos amores não se desfazem por excesso de controle? Quantas histórias acabam quando alguém tenta moldar o outro às suas expectativas, sufocando justamente a essência que despertou o amor no início?

O ciúme, o medo e a necessidade de domínio corroem o que há de mais belo nas relações: a autenticidade. A liberdade exige coragem - coragem para permitir que o outro exista em plenitude, para confiar na reciprocidade e para aceitar que o amor verdadeiro não depende da posse, mas da escolha constante.

Essa reflexão vai além dos relacionamentos amorosos. Ela se estende às amizades, aos vínculos familiares e até às relações profissionais. Um pai que compreende que o filho precisa seguir seu próprio caminho, mesmo que distante do que ele sonhou; um amigo que celebra as conquistas do outro sem inveja; um mentor que ensina sem desejar ser eterno - todos eles vivem essa forma de liberdade afetiva.

Quando deixamos de querer “ter” as pessoas, aprendemos a simplesmente compartilhar a vida com elas.

Num mundo cada vez mais conectado, mas paradoxalmente repleto de solidão e carências, entender que ninguém nos pertence é um ato de maturidade emocional. É o primeiro passo para vivermos relações mais honestas, mais leves e menos conflituosas.

Em última instância, a verdadeira liberdade não está em ter, mas em ser - ser presente, ser inteiro, ser suficiente em si mesmo. Quando vivemos assim, o amor deixa de ser uma prisão disfarçada de cuidado e se transforma em um encontro de almas autônomas que caminham lado a lado por escolha.

E é nessa escolha - livre, consciente e impermanente - que reside a beleza efêmera e infinita da vida compartilhada.

quarta-feira, outubro 15, 2025

Tristeza!



Quando a tristeza vier ao teu encontro, não a rejeites. Deixa que ela se revele: dos olhos, uma lágrima que carrega o peso do que não foi dito; da boca, um sorriso tímido, insistindo em lembrar que a vida ainda pulsa; e do coração, uma esperança tênue, frágil como a luz que trespassa as nuvens numa tarde de inverno.

Não são covardes os que choram por amor - são fortes, pois conhecem a coragem de se entregar, de sentir até o limite do que o peito suporta.

Covardes são aqueles que, temendo as lágrimas, fecham-se em muros invisíveis e renegam o amor, preferindo a sombra da indiferença ao risco de um abraço.

Ontem, na praça onde o vento arrastava folhas secas como lembranças que o tempo já não guarda, vi uma mulher solitária, sentada num banco de madeira gasto.

Seus olhos estavam fixos no horizonte, mas o que ela mirava parecia vir de dentro. Entre os dedos, segurava uma carta amarelada, talvez escrita há anos, talvez relíquia de um amor que nunca retornou. O papel tremia, não pelo vento, mas pela emoção que ainda pulsava em suas mãos.

De repente, uma lágrima escorreu, lenta, como quem não tem pressa de partir. Mas seus lábios, em contraste, curvaram-se num sorriso, delicado, como se lembrasse de um instante que valera toda a dor.

Ao redor dela, o mundo seguia indiferente: crianças corriam em volta de um chafariz, um vendedor anunciava frutas maduras com voz estridente, e o velho relógio da igreja marcava os minutos que ninguém ousa deter.

Mas ali, naquele instante suspenso, aquela mulher era um universo inteiro, equilibrando em si a tristeza e a esperança, como quem dança entre o ontem e o amanhã.

Quando a tristeza te encontrar, não fujas. Permite que ela te ensine o que só os corações partidos conhecem: que amar é sempre arriscar, mesmo sabendo que o fim pode sangrar.

E se as lágrimas vierem, deixa que caiam como chuva mansa sobre a terra seca - porque, ao molhar a alma, elas preparam espaço para um novo florescer.

No fim, é sempre o amor - com suas dores, suas alegrias, suas esperanças - que nos mantém humanos. Sem ele, seríamos apenas silêncio. Com ele, mesmo na saudade, somos eternidade.

sexta-feira, outubro 10, 2025

Distante


,

Parece um longo caminho a ser percorrido, uma estrada tortuosa que se estende além do horizonte, onde cada passo parece me afastar ainda mais do destino.

É como se o próprio tempo conspirasse contra mim, tornando impossível chegar a algum lugar, como se o fim fosse apenas uma ilusão que se desfaz ao toque.

Como veredas sem fim, a jornada é exaustiva, e persistir se torna um fardo quase insuportável. Não parece ser para mim, eu que carrego o peso da dúvida e a sombra da desistência.

Quantas vezes me vi paralisado, incapaz de lutar, rendido antes mesmo de erguer a voz? A covardia, ou talvez o cansaço, sempre falou mais alto, sussurrando que o esforço não vale a pena, que o fracasso é inevitável.

E ainda assim, não me parece justo. Como pode algo tão pequeno, tão aparentemente insignificante, carregar um valor tão imenso? Um gesto, uma palavra, um instante roubado pelo vento - como podem pesar tanto no coração?

Eu, como qualquer outro, talvez fizesse mais por promessas grandiosas, por milhões que brilham como estrelas intocáveis. Mas aqui estou, preso a esse vazio, onde o que é pequeno me consome e o que é grande me escapa.

Não é justo, repito a mim mesmo, enquanto o impossível se ergue como uma muralha diante de mim. Cada tentativa parece vã, cada sonho, uma miragem que tremula e desaparece.

Seria mais fácil, penso, abandonar tudo, deixar o corpo tombar e a alma se dissolver, como se morrer fosse apenas um intervalo antes de renascer. Mas renascer para quê?

Para enfrentar novamente o mesmo abismo, a mesma distância que separa meu coração do seu? Tão perto, e ao mesmo tempo tão distante, está o seu coração do meu.

Vejo você como uma chama que aquece e queima, próxima o bastante para me fazer sentir viva, mas distante o suficiente para que eu nunca possa tocá-la.

Lembro-me dos momentos em que nossos caminhos se cruzaram - um olhar furtivo, uma palavra trocada, um silêncio que dizia mais do que qualquer promessa.

Naquele instante, acreditei que o impossível poderia se curvar, que a muralha poderia ruir. Mas o tempo, cruel como sempre, trouxe de volta a verdade: você segue adiante, enquanto eu permaneço aqui, perdido entre o desejo e a resignação.

Houve um dia em que pensei que poderia lutar, que poderia atravessar o deserto que nos separa. Caminhei, tropecei, sangrei. Mas cada passo parecia me levar a lugar nenhum, e o eco da sua ausência ressoava mais alto que qualquer esperança.

Agora, olhando para o horizonte, vejo apenas a poeira dos meus próprios sonhos desfeitos. E ainda assim, algo em mim se recusa a apagar você, como se, mesmo tão longe, seu coração ainda pulsasse em sintonia com o meu, em algum lugar que eu não sei alcançar.

Incógnita


Todo jovem guarda na memória a primeira mulher que cruza seu caminho, uma presença que rompe a monotonia da juventude e a transforma num despertar ao mesmo tempo aterrador e repleto de suavidade.

É como se, de repente, o coração, até então adormecido, descobrisse uma melodia secreta, uma canção que ecoa nos recantos mais profundos da alma.

Na vida de todo jovem, haverá um amor que florescerá inesperadamente, como uma semente lançada ao vento no amanhecer de seus dias. Esse amor trará ao seu retraimento uma tonalidade poética, preenchendo o vazio de sua solidão com harmonias sutis.

Ele o dotará de asas, permitindo que voe acima das nuvens, contemplando um mundo mágico que só os olhos apaixonados conseguem enxergar. Juntos, o jovem e seu amor percorrerão paisagens invisíveis aos outros, entrelaçados numa dança que transcende o tempo e o espaço.

Todo homem nasce livre, mas logo se vê preso às correntes das leis brutais herdadas de seus antepassados. A sina, que imaginamos ser um desígnio superior, não passa de uma incoerência que submete o presente às regras de ontem e projeta ao futuro as amarras de hoje.

No entanto, o amor é a única força que nos liberta. Ele nos eleva a altitudes onde as brutalidades das convenções, os costumes arcaicos e as religiosidades cegas, ainda seguidas por mentes deformadas pela ignorância, perdem seu poder.

O amor é a rebelião silenciosa contra as algemas do mundo. Alguns homens conquistam fama, poder ou riqueza, mas é a mulher quem carrega o fardo mais pesado.

Ela, muitas vezes, é a guardiã silenciosa das emoções, aquela que suporta o peso das escolhas e dos sacrifícios. Quando o amor é limitado, ele se torna uma busca ansiosa por respostas no outro.

Mas o amor verdadeiro, aquele que é ilimitado, não busca nada além de sua própria realização. Ele é pleno em si mesmo, um fim e um começo. A mulher, ao contrário do homem, raramente altera seus sentimentos com o passar do tempo.

Seu coração não se curva às pressões do efêmero. Ele pulsa pacientemente, resistente, como uma chama que estertora, mas nunca se apaga. O amor, em sua essência, é como uma semente que brota e cresce sem depender dos temporais.

Ele não precisa de tormentas para se fortalecer; sua força reside na constância, na delicadeza de sua própria existência. Quando uma mulher nos olha, seu olhar carrega o poder de nos erguer ao ápice da felicidade ou de nos lançar ao abismo da infelicidade.

Seus olhos são espelhos de um mistério ancestral, capazes de revelar verdades que nem mesmo nós conhecemos. O olhar dela em mim não foi diferente. Foi um instante que parou o tempo, um momento em que o universo pareceu conspirar para que nossos caminhos se cruzassem.

Mas o que veio depois permanece envolto em névoa. Aquele encontro, tão breve quanto eterno, mudou algo em mim. Foi numa tarde de outono, quando as folhas douradas caíam como confetes silenciosos, que nossos olhares se encontraram pela primeira vez.

Ela estava sentada num banco da praça, com um livro aberto que parecia mais um pretexto para observar o mundo. Havia uma serenidade em seu rosto, mas também uma inquietação, como se ela carregasse um segredo que nem mesmo ela compreendia.

Eu, um jovem perdido em meus próprios pensamentos, fui atraído por aquela presença como uma mariposa à luz. Tropecei em palavras que nunca disse, e ela sorriu - um sorriso que guardava promessas e perguntas.

Dias se passaram, e o que era um encontro casual tornou-se uma sequência de momentos roubados: conversas furtivas sob o céu estrelado, silêncios que diziam mais do que palavras, e a sensação de que algo maior nos unia.

Mas, como toda história de amor, havia um véu de incerteza. O mundo, com suas leis e suas brutalidades, parecia conspirar para nos separar. Ela falava de sonhos que a levariam para longe, de um destino que não podia evitar.

Eu, preso às minhas próprias dúvidas, não sabia como segurá-la. E agora, aqui estou, carregando a memória daquele olhar, daquela promessa não dita. Não sei se o efeito será a felicidade que eleva ou a dor que consome.

O amor, essa força indizível, permanece uma incógnita. Talvez seja essa a sua beleza: ele não se explica, apenas se vive. E, enquanto o futuro não desvenda seus segredos, eu sigo, com asas frágeis, voando em direção ao desconhecido, guiado pela lembrança daquele olhar que mudou tudo.

Francisco Silva Sousa - Foto: Pixabay.

quinta-feira, outubro 09, 2025

Quando a ausência se prolonga


 

Quem se ausenta demais, com o tempo, deixa de fazer falta. Essa é uma das leis mais sutis - e cruéis - da vida. Tudo o que se afasta por tempo demais tende a ser substituído, esquecido ou transformado.

É assim com as pessoas, com os laços, com os lugares. A presença - seja ela física, emocional ou simbólica - é o que mantém acesas as conexões que nos unem. Quando ela se apaga, mesmo que lentamente, o espaço que ocupava começa, inevitavelmente, a ser preenchido.

Não se trata de desdém nem de ingratidão. Trata-se de sobrevivência. A vida não se curva à ausência; ela se reorganiza. O tempo não para em respeito ao que partiu. Ele avança, silencioso, ajustando as peças do cotidiano, reconfigurando afetos e redistribuindo presenças.

É fácil perceber isso nos vínculos humanos. Uma amizade que não é alimentada pelo contato torna-se, aos poucos, uma lembrança boa, mas distante.

Aquele amigo de infância com quem se ria de tudo um dia vira apenas uma história contada com um sorriso nostálgico. Relações familiares também se desfazem assim: o que não é cultivado com gestos, conversas e presença, perde calor, perde cor, perde vida.

Até mesmo no ambiente de trabalho, a ausência prolongada muda o fluxo das coisas. Um colega que se afasta, por um motivo ou outro, logo vê seu papel sendo assumido por outros.

O grupo se adapta, novas rotinas surgem, e o espaço que antes era ocupado se transforma em algo novo. O mesmo acontece quando alguém, após anos distante, tenta retomar o convívio com amigos: percebe que as conversas mudaram, os assuntos evoluíram, e que aquele lugar que um dia foi seu já não o reconhece como antes.

Um exemplo marcante dessa dinâmica aconteceu durante a pandemia de 2020. O isolamento forçado afastou pessoas, dissolveu rotinas e testou os limites das relações humanas.

Alguns laços sobreviveram pela vontade mútua de permanecer - por videochamadas, mensagens, gestos simbólicos de cuidado. Outros, porém, se perderam no silêncio.

Quando o mundo reabriu, muitos perceberam que já não pertenciam aos mesmos círculos, que os vínculos haviam sido substituídos por novos hábitos, novos afetos, novos começos.

Mas é importante dizer: a ausência não é, necessariamente, o fim. Às vezes, ela é pausa necessária. Distâncias também podem amadurecer vínculos, desde que exista intenção de retorno, vontade de manter viva a conexão.

Há ausências férteis, como o silêncio entre notas musicais - aquele intervalo que dá sentido à melodia. No entanto, quando o silêncio se prolonga demais, a música deixa de existir.

Por isso, estar presente - ainda que de forma simples - é um gesto de amor e permanência. Uma ligação breve, uma mensagem inesperada, um encontro casual... Pequenos atos têm o poder de sustentar o fio invisível das relações. É assim que se mantém viva a lembrança, a importância e o afeto.

Porque, no fim, o que faz falta não é apenas a pessoa, mas o que ela representa no tecido delicado das nossas vidas. E esse tecido, quando não é cuidado, vai se desfazendo lentamente, fio por fio, até restar apenas a memória do que um dia foi calor, companhia e presença.

sábado, outubro 04, 2025

Quando te toco


 

Quando te toco, não é apenas pele que encontra pele; é um campo invisível que se abre, uma energia que se alinha em ondas vibrantes sobre a suavidade do teu corpo.

Cada contato se torna um diálogo silencioso, onde não há palavras, mas há leitura - leio as cicatrizes do teu passado, percebo as tonalidades sutis do teu presente e, nesse instante suspenso, esboçamos juntos as linhas incertas de um futuro que ainda pulsa em gestação.

Nosso encontro é mais que físico: é alquimia. É como se as nossas almas, em reconhecimento mútuo, se permitissem dançar em perfeita sintonia, entrelaçando luz e sombra, silêncio e som, desejo e serenidade.

Há uma força vital que nasce desse toque, uma energia primitiva e sagrada que não apenas aquece, mas também guia, conduzindo-nos ao centro - o núcleo, o átomo essencial que, ao se partir, não destrói, mas desencadeia uma explosão criativa.

E dessa explosão brota a arte, em sua forma mais pura: instigante, perturbadora, inovadora. Cada gesto que partilhamos, cada olhar que sustentamos, cada suspiro que escapamos, tudo carrega o peso e a leveza de uma criação que transcende o efêmero e se inscreve no eterno.

Não é apenas desejo, mas uma linguagem que reinventa a própria ideia de encontro humano. Nesse espaço sagrado que criamos, as fronteiras se desfazem.

O tempo já não corre, ele se curva; o mundo já não pesa, ele se expande. A amizade, sólida como fundação, nos dá chão firme. O amor, em sua forma mais genuína, é o fio invisível que costura nossas intenções, transformando pensamentos em matéria, sonhos em realidade.

E assim, como artesãos da existência, moldamos uma obra maior - uma obra que não cabe em paredes nem em partituras, pois nasce no fundo da alma e se revela nos corpos, nas mãos, nas vozes e nos corações.

O que criamos não se restringe ao instante: é um canto que ecoa além do tempo, um chamado que se propaga como onda no universo, reverberando em dimensões que desconhecemos.

Que esse toque, então, não seja apenas memória passageira, mas sim a semente de um movimento - movimento que nos conduz a explorar o desconhecido, a desafiar os limites impostos e a celebrar a beleza crua e sublime da conexão humana.

Pois, quando nos tocamos, não apenas alinhamos energias. Reacendemos a chama que habita em nós: a chama da vida, da arte e do amor. E é essa chama que nos lembra, em cada encontro, que ainda somos infinitamente capazes de criar, transformar e transcender.

quinta-feira, outubro 02, 2025

Sou todo coração


 

Galgai-me com vossos amores, ó forças indomáveis que me tomam! Doravante, já não sou mais senhor do meu próprio coração! Ele se rendeu, fugiu de mim e agora dança ao compasso de um sentimento que não domino.

Nos demais, bem o sei - qualquer um o sabe! - o coração tem morada fixa no peito, pulsando quieto em sua jaula de costelas. Mas comigo, a anatomia enlouqueceu!

Sou todo coração: ele palpita em minhas mãos trêmulas, arde em meus olhos que enxergam apenas vós, e caminha nos pés que seguem vossos passos sem que eu os comande. Em cada canto de mim, ele vibra, ele grita, ele ama!

Oh, amor, que me despedaça e me reconstrói! Que me lança ao abismo e, no mesmo instante, me ergue em asas de fogo! Como um poeta preso à própria revolução, carrego o peso de um coração que não se cala.

Assim como as ruas fervilhavam nos dias convulsos da Revolução Russa, quando Maiakovski bradava versos inflamados contra a indiferença e a tirania, também meu peito se tornou um campo de batalha.

Nele, o amor trava sua guerra, sem bandeiras brancas, sem trégua possível, sem rendição que não seja ao vosso olhar. Cada batida é um manifesto; cada suspiro, uma poesia clandestina que se escreve em silêncio, mas explode em cores vivas, como as telas futuristas que o poeta tanto admirava.

E que direi dos acontecimentos que me levaram a este delírio? Talvez tenha sido o instante em que vossos olhos cruzaram os meus, como estrelas em colisão que, ao se despedaçarem, criam novos universos.

Ou talvez tenha sido o eco de vossas palavras, que, como os ventos gelados de Petrogrado em 1917, sopraram mudanças irrevogáveis em minha alma. Não sei. Só sei que sou refém deste amor, prisioneiro e soldado, incendiado por sua chama.

Ele me governa com a mesma fúria com que Maiakovski desafiava o mundo: ora apaixonado, ora desesperado, sempre inteiro, sempre excessivo. E se algum dia me perguntarem o que restará de mim, direi apenas: restará o coração - este coração multiplicado, que aprendeu a pulsar fora de sua prisão, em cada gesto, em cada palavra, em cada sonho que vos busca.

segunda-feira, setembro 29, 2025

Toca-me


Ainda escrevo o que me resta. Os nomes das ruas tortuosas que se perdem em curvas antigas, os pássaros que atravessam o céu em voos inseguros, as árvores que conversam baixinho com o vento, como confidentes eternas.

Carrego essas pequenas certezas como quem segura fósforos acesos em meio à noite: frágeis, mas suficientes para iluminar o instante.

Nas calçadas molhadas, ouço vozes que ressoam. Às vezes penso que são as minhas; outras vezes, tenho a impressão de que são as tuas, devolvidas pela cidade como ecos de uma memória que não se deixa apagar.

As palavras, embaralhadas, parecem reflexos em vidro embaçado - fragmentos de histórias que não sei se vivi ou se apenas herdei de quem passou por aqui antes.

A vida, nesse ritmo, é uma sucessão de camadas: uma pele visível que todos enxergam, outra oculta, feita de silêncios, e tantas outras que se revelam apenas quando o coração, cansado, se deixa escavar pelo tempo.

A chuva cai em fios delicados, costurando o vazio com sua paciência. Escorre pelos muros, confunde-se com os gestos inacabados: mãos que não se tocaram, palavras que ficaram suspensas, olhares que desviaram no último instante.

Falamos, quando muito, do tempo - esse fio tão frágil que une silêncio e ausência, enquanto o relógio insiste em marcar não o que passa, mas o que se perde.

Ontem, na esquina, havia um homem. Um cigarro apagado entre os dedos, os olhos fixos num horizonte que não cabia ali. Parecia esperar uma resposta que nunca viria, um sinal discreto que pudesse salvar-lhe o dia.

Hoje, a esquina amanheceu vazia, mas o eco dele ficou. O espaço guardou sua espera, como se as pedras da rua tivessem aprendido a registrar o que os homens esquecem.

Também ficam os pequenos instantes que quase ninguém nota: a criança que deixou o guarda-chuva escapar e riu de sua própria distração, o cão que se lançou livre sob a tempestade como quem celebra, a mulher que cantava baixinho enquanto esperava o ônibus, afinando sua solidão em melodia.

A cidade, às vezes, guarda mais vida do que seus habitantes. E penso: quando as palavras falharem, quando o silêncio pesar como pedra, basta o toque.

Que ele seja a linguagem derradeira - um mapa desenhado na pele, uma promessa de que ainda estamos aqui, apesar do vazio, apesar da chuva.

Porque sempre há algo que pulsa. Talvez um pássaro. Talvez uma voz. Talvez nós.