Fiódor
Dostoiévski Mikháilovitch nasceu em Moscou, em 1821, e morreu em São
Petersburgo, em 1881. É reconhecido como um dos maiores escritores da
literatura soviética e internacional.
Memórias
do Subsolo é a obra mais sombria e estranha de Dostoiévski. A obra oferece uma
refutação poderosa ao iluminismo e idealismo e às promessas do utopismo
socialista.
Rejeita
corajosamente as ideias de "desenvolvimento" e "consciência
superior", preferindo descrever o ser humano como irracional, rebelde e
não cooperativo. De acordo com Nietzsche, uma obra que expressa "a voz do
sangue".
Memórias
do subsolo é um romance difícil e irresistível, que merece ser reconhecido como
muito mais do que um mero prelúdio crítico às obras posteriores e mais célebres
de Dostoiévski.
Memória
do Subsolo é um curto romance de Fiódor Dostoiévski, publicado em 1864. Para
Walter Kaufmann, esta obra faz de Dostoiévski o principal precursor do
existencialismo. Apresenta-se como um excerto das memórias de um empregado
civil aposentado que vive em São Petersburgo.
O
livro, com cerca de 150 páginas (a depender da edição) é dividido em duas
partes, a primeira intitulada "O Subterrâneo", contém 11 capítulos, e
a segunda parte "A Propósito da Neve Derretida", possui 10 capítulos.
O
personagem anônimo (chamado geralmente de Homem subterrâneo) é
caracterizado como um homem amargo e isolado. O mesmo encena na primeira parte
do romance um grande monólogo com a intenção de "comover" de
alguma forma seu leitor.
A
autopercepção do leitor das Notas é descrita pelo autor como de suma
importância no exercício da leitura, pois o discurso do narrador é
"moldado" por seu receptor, dessa forma o seu monólogo é, na verdade,
uma evocação sistemática de discursos alheios que são parodiados de forma
zombeteira e crítica.
O
personagem chega a dizer que é um homem mau, ou age como tal, mas que pode ser
agradado e visto como uma pessoa de bem.
Essa
incapacidade de se livrar do peso moral o aflige, ao que o mesmo diz que os
homens sanguinários eram cultos e inteligentes (reforçando as ideias de Raskolnikov em
Crime e Castigo), e que ele mesmo gostaria muito de encontrar um motivo para
dar sentido a sua vida, como os chamados "homens de ação". Ele
conclui que "o melhor é não fazer nada".
Na
segunda parte, nomeada de "A propósito da neve molhada", há três
episódios que relatam de uma forma concreta como o anti-herói é
encurralado socialmente pelos discursos e ações de uma sociedade. Essa
narrativa é exposta sistematicamente com uma visão da consciência do
protagonista, num dos melhores exemplos do recurso literário fluxo de
consciência.
Crítica
Memórias
do subterrâneo tornou-se uma influência para diversas personagens criadas
em trabalhos posteriores. Alguns exemplos disso são Nikolai Levin, personagem
do romance Anna Karenina, de Leo Tolstoi, a personagem Mersault, do romance O
Estrangeiro, de Albert Camus; Gregor Samsa, personagem do romance A Metamorfose,
de Franz Kafka; e Moses Herzog, personagem do romance Herzog, de Saul Bellow.
O livro também influenciou fortemente o filme Taxi Driver (1976). Sobre isso, seu diretor Martin Scorcese disse: "[...]eu fiz muita leitura ao longo dos anos, e passei uma vida no cinema em certo sentido, assistindo muitos filmes.
Mas um dos primeiros livros que eu li e causaram um forte
impacto em mim, que eu realmente quis fazer (filmar) ou fazer versões - ou
outras versões de outras obras deste autor - é Memórias do Subsolo de
Dostoiévski. Então, essa é a coisa mais próxima que eu cheguei a fazer. [...]".