O Discurso de
Posen são dois discursos secretos, de três horas de duração, feitos por
Heinrich Himmler em 4 e 6 de outubro de 1943 a 92 oficiais da SS, no Salão
de Ouro do Castelo de Posen.
Os discursos foram
gravados em fonógrafos e assim conservados, sob a forma de documento. A cidade
de Posen foi entre 1939 e 1945 a capital do distrito alemão de Wartheland,
então uma parte da Polônia ocupada.
Os discursos são os
únicos documentos de um alto estadista nazista onde o assassinato dos
judeus europeus é abordado diretamente.
Foram assim uma das
principais provas contra os maiores criminosos de guerra nos Julgamentos de
Nuremberg. Os discursos são notáveis pelo fato de que neles fica claro toda a
dimensão da perversidade da assim chamada “Solução final” da questão
judaica".
Em seu discurso
direcionado aos homens da SS, Himmler falou claramente do extermínio dos judeus
inclusive mulheres e crianças.
Himmler vai ainda
além chamando em mente que todos os presentes saberiam o que é deparar-se com
100, 500 ou 1000 cadáveres amontoados - ter passado por isso e não obstante
"ter permanecido decente", seria "uma página gloriosa que nunca
deverá ser escrita" da SS.
Citações do
Discurso
Sobre o extermínio dos judeus
"Eu quero
também falar-lhes, abertamente, de um capítulo bastante sério. Deve ser
debatido entre nós com total franqueza, mas apesar disso nós jamais falaremos
desse assunto em público.
Da mesma maneira
que nós, em 30 de junho de 1934, não hesitamos em cumprir o dever que nos foi
confiado e enviamos camaradas que cometeram erros ao paredão e os fuzilamos,
dessa mesma maneira jamais falamos nem falaremos sobre isso.
Foi esse fato, que
é óbvio e que eu tenho o prazer de dizer, nos é inerente, que nos fez nunca o
discutir entre nós, nunca falar dele. Isso chocou a todos, mas todos tinham a
certeza de que o fariam da próxima vez que tais ordens fossem emitidas e se
fosse necessário.
Refiro-me à
evacuação dos judeus, o extermínio do povo judeu. É uma daquelas coisas de que
é fácil falar: ‘O povo judeu está sendo exterminado’, diz um membro do partido,
‘isso é bem claro, está no nosso programa, eliminação dos judeus, e nós estamos
fazendo. E eles vêm, os íntegros 80 milhões de alemães dignos, e cada um tem o
seu judeu decente.
Eles dizem que os
outros são todos uns vermes, mas este é um judeu esplêndido. (...) A maioria de
vocês aqui sabe o que é ver 100 cadáveres alinhados um ao lado do outro, ou
500, ou mil. Passar por isso e, ao mesmo tempo - à parte exceções devido à
fraqueza humana - permanecer decente, foi o que nos fez fortes.
É uma página
gloriosa da nossa história, que nunca foi escrita e nunca será escrita, porque
nós sabemos o quão difícil seria, se com os bombardeios, com o fardo e as
privações da guerra, ainda tivéssemos judeus como sabotadores secretos,
agitadores e desordeiros em todas as cidades.
Nós estaríamos
agora no estado em que estávamos em 1916 e 1917, se os judeus ainda fizessem
parte da Alemanha."
"Tiramos-lhes
as riquezas que tinham. Eu dei uma ordem estrita, que foi cumprida pelo Obergruppenfuhrer das
SS, Pohl, para que essas riquezas fossem, como é natural, por completo
entregues ao Reich.
Nós não nos
apropriamos de nada. Indivíduos que vierem a transgredir serão punidos de
acordo com uma ordem que eu emiti no início que dava esta advertência: quem
quer que tome um Marco sequer é um homem morto!
Um número de homens
da SS que transgrediram este decreto - não muitos deles - encontrou a morte sem
misericórdia! Nós tínhamos o direito moral, nós tínhamos este dever perante
nosso povo, de destruir esse povo que nos queria destruir.
Nós, porém, não
temos o direito de nos enriquecer com umas peles, um relógio, um Marco, com um
cigarro, ou outra coisa qualquer. Nós exterminamos um germe, não queremos
acabar por serem infectados pelo germe e morrer dessa forma.
Eu jamais verei uma
pequena área de septicemia se apoderar ou tomar conta de nós. Onde quer
que se forme, vamos cauteriza-la. Ao todo, podemos afirmar que realizámos
esta tarefa mais difícil por amor ao nosso povo. E o nosso espírito, a nossa
alma, o nosso carácter, não foram feridos por causa disso."
Sobre os russos
"Tudo que os
senhores vierem a ouvir sobre um russo, é tudo verdade. É verdade que uma parte
destes russos é ardentemente devota e acredita ardentemente na Mãe de Deus de
Khasan ou de onde quer que seja, é pura verdade.
É verdade que esses
navegantes do Volga cantam divinamente, é verdade que o russo de hoje nos dias
atuais é um bom improvisador e um bom técnico. É verdade que é também em grande
parte carinhoso com as crianças. É verdade que ele pode trabalhar com empenho.
É tanto quanto verdade que ele é asquerosamente preguiçoso.
É também verdade
que ele é uma besta sem escrúpulos que pode torturar e atormentar outros homens
como nem um demônio seria capaz de imaginar. É também verdade que o russo, alto
ou baixo, inclina-se às piores coisas, desde devorar seus camaradas até manter
o fígado de seu vizinho numa cesta de pães. Isto está presente no nível de
sentimentos e valores destes homens eslavos."
"O que
acontece a um russo, ou a um checo não me interessa o mínimo. O que as nações
podem oferecer na forma de bom sangue do nosso tipo, nós vamos tomar, se
necessário, raptando os seus filhos e criando-os aqui conosco.
Se as nações vivem
em prosperidade ou morrem de fome, só me interessa enquanto nós precisarmos
deles como escravos para a nossa cultura; caso contrário, não me interessa.
Se 10.000 mulheres
russas caem de exaustão enquanto cavam uma vala antitanque, interessa-me apenas
na medida em que a vala antitanque para a Alemanha esteja terminada.
Nunca seremos rudes
e sem coração quando isso não for necessário, isso é claro. Nós alemães, que
somos o único povo no mundo que tem uma atitude decente para com os animais,
também assumimos uma atitude decente para com estes animais humanos (Menschentieren).
Mas é um crime
contra o nosso próprio sangue preocuparmo-nos com eles e dar-lhes ideais, assim
fazendo com que os nossos filhos e netos tenham mais dificuldades com eles.
Quando alguém vem
falar comigo e diz: "Eu não posso cavar a vala antitanque com mulheres e
crianças, é desumano, pois isso as matarias", então eu tenho que dizer:
"Você é um assassino do seu próprio sangue, porque se a vala não for
cavada soldados alemães morrerão, e eles são filhos de mães alemãs. São o
nosso próprio sangue".