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terça-feira, abril 15, 2025

Teologia


 

Eu já fiz essa pergunta e já ouvi outras pessoas a fazerem. Hoje, porém, não a faço mais, pois já compreendi a sua finalidade: é a ciência, tal e qual, com a qual ou sem a qual, o mundo será sempre tal e qual!

A teologia parece operar em dois momentos distintos. O primeiro é o de se opor à ciência, tentando convencer as pessoas de que toda evolução, todo progresso, deriva exclusivamente da existência de um deus.

Nesse esforço, desvaloriza-se tudo o que foi cientificamente comprovado, como se os avanços humanos nada significassem diante de uma suposta vontade divina.

Pense bem: o mundo arrasta-se há milhões de anos em condições de penúria e miséria extrema. Não é uma coincidência extraordinária que, em menos de um século, tenhamos testemunhado um salto tão impressionante no desenvolvimento humano?

E mais curioso ainda: esse avanço coincide justamente com o período em que a ciência mais se expandiu. Se a evolução fosse obra de uma força divina constante, como dizem que deus sempre existiu, por que então só agora ela se manifesta de forma tão clara?

Os que outrora cruzavam desertos em lombos de camelos hoje atravessam continentes em modernos aviões. Os que confiavam em pombos-correios para se comunicar agora têm smartphones e a internet nas palmas das mãos. Os que lutavam com ferramentas rudimentares para sobreviver hoje contam com máquinas que alimentam milhões.

Richard Dawkins provoca com uma questão pertinente: “Se todas as conquistas da ciência fossem eliminadas amanhã, não haveria mais médicos, apenas curandeiros; não existiriam transportes mais rápidos que cavalos, nem computadores, nem livros impressos, nem agricultura além da simples subsistência.

Até o lado sombrio da ciência – como as bombas ou os barcos baleeiros guiados por sonar – funciona, para o bem ou para o mal! Mas, se todas as conquistas dos teólogos fossem apagadas, alguém notaria a diferença?”

A teologia, nesse sentido, parece não fazer nada, não alterar nada, não significar nada de prático. O que nos leva a perguntar: afinal, para que ela serve?

O segundo momento da teologia revela-se ainda mais pragmático e, por vezes, cínico: a formação de grupos religiosos em proveito próprio. Já ouvi alguém dizer, com ironia cortante: “Seja teólogo, crie uma igreja com um nome qualquer e ganhe muito dinheiro. Venda o que não existe, sem pagar impostos, sem prestar contas a ninguém.”

E assim se perpetua um ciclo: cada religião, cada indivíduo, interpreta a Bíblia – e, por extensão, deus – à sua maneira. Como, então, alguém pode se proclamar “formado” em conhecer algo tão subjetivo e indefinível? Como se pode ter um diploma em compreender o incompreensível?

É, no mínimo, absurdo. A ciência constrói, prova, transforma. A teologia, por outro lado, muitas vezes se limita a prometer o intangível enquanto o mundo segue girando – e evoluindo – graças ao que podemos tocar, medir e entender. (Francisco Silva Sousa)

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