Eu já
fiz essa pergunta e já ouvi outras pessoas a fazerem. Hoje, porém, não a faço
mais, pois já compreendi a sua finalidade: é a ciência, tal e qual, com a qual
ou sem a qual, o mundo será sempre tal e qual!
A
teologia parece operar em dois momentos distintos. O primeiro é o de se opor à
ciência, tentando convencer as pessoas de que toda evolução, todo progresso,
deriva exclusivamente da existência de um deus.
Nesse
esforço, desvaloriza-se tudo o que foi cientificamente comprovado, como se os
avanços humanos nada significassem diante de uma suposta vontade divina.
Pense
bem: o mundo arrasta-se há milhões de anos em condições de penúria e miséria
extrema. Não é uma coincidência extraordinária que, em menos de um século,
tenhamos testemunhado um salto tão impressionante no desenvolvimento humano?
E mais
curioso ainda: esse avanço coincide justamente com o período em que a ciência
mais se expandiu. Se a evolução fosse obra de uma força divina constante, como
dizem que deus sempre existiu, por que então só agora ela se manifesta de forma
tão clara?
Os que
outrora cruzavam desertos em lombos de camelos hoje atravessam continentes em
modernos aviões. Os que confiavam em pombos-correios para se comunicar agora
têm smartphones e a internet nas palmas das mãos. Os que lutavam com
ferramentas rudimentares para sobreviver hoje contam com máquinas que alimentam
milhões.
Richard
Dawkins provoca com uma questão pertinente: “Se todas as conquistas da ciência
fossem eliminadas amanhã, não haveria mais médicos, apenas curandeiros; não
existiriam transportes mais rápidos que cavalos, nem computadores, nem livros
impressos, nem agricultura além da simples subsistência.
Até o
lado sombrio da ciência – como as bombas ou os barcos baleeiros guiados por
sonar – funciona, para o bem ou para o mal! Mas, se todas as conquistas dos
teólogos fossem apagadas, alguém notaria a diferença?”
A
teologia, nesse sentido, parece não fazer nada, não alterar nada, não
significar nada de prático. O que nos leva a perguntar: afinal, para que ela
serve?
O
segundo momento da teologia revela-se ainda mais pragmático e, por vezes,
cínico: a formação de grupos religiosos em proveito próprio. Já ouvi alguém
dizer, com ironia cortante: “Seja teólogo, crie uma igreja com um nome qualquer
e ganhe muito dinheiro. Venda o que não existe, sem pagar impostos, sem prestar
contas a ninguém.”
E assim
se perpetua um ciclo: cada religião, cada indivíduo, interpreta a Bíblia – e,
por extensão, deus – à sua maneira. Como, então, alguém pode se proclamar
“formado” em conhecer algo tão subjetivo e indefinível? Como se pode ter um
diploma em compreender o incompreensível?
É, no mínimo, absurdo. A ciência constrói, prova, transforma. A teologia, por outro lado, muitas vezes se limita a prometer o intangível enquanto o mundo segue girando – e evoluindo – graças ao que podemos tocar, medir e entender. (Francisco Silva Sousa)
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