25 de
dezembro de 1977: Morre o ator e realizador Charlie Chaplin Realizador, ator e
compositor inglês nascido a 16 de abril de 1889, em Londres, e falecido a 25 de
dezembro de 1977, em Vevey, na Suíça.
Filho
de artistas do vaudeville, viveu uma infância humilde, marcada pelo abandono do
lar por parte do pai alcoólatra. Aos 5 anos, já participava em espetáculos,
cantando e dançando nas ruas da capital inglesa ao lado do seu irmão Sydney.
Depois
duma breve passagem por um orfanato, junta-se a uma companhia infantil de
teatro. Mais tarde, por influência de seu irmão Sidney, é contratado pela
Companhia Teatral de Fred Karno, onde permaneceu até 1912, alcançando algum
prestígio a nível interno.
Em
1912, durante uma digressão aos Estados Unidos, onde atuou ao lado de Stan
Laurel, chamou a atenção do produtor cinematográfico Mack Sennett, patrão do
Keystone Studios.
Após
uma difícil negociação, estrear-se-ia- em 1914 com uma prestação secundária em
Making a Living (1914). Neste mesmo ano, participou em 35 filmes da Keystone e
cada participação fez crescer a sua cotação como ator.
Em
Mabel's Strange Predicament (A Estranha Aventura de Mabel, 1914), desempenhou
pela primeira vez a personagem que o imortalizaria aos olhos de milhões de
cinéfilos.
Charlot,
o vagabundo com o chapéu de coco, calças largas e bengala em constante movimento
que numa sucessão de gags cômicos procura libertar-se de forma pouco ortodoxa
de inúmeras situações desfavoráveis, ora pontapeando agentes da lei, ora
cortejando belas mulheres.
O fato
de os espectadores se identificarem com as peripécias de Charlot ajudou ao
retumbante êxito da personagem que surgiria novamente em The Masquerader
(Charlot Faz de Vedeta, 1914), Laughing Gas (Charlot Dentista, 1914), The
Rounders (Que Noite! 1914) e Mabel's Busy Day (Charlot e as Salsichas, 1914).
Começou
também a dirigir as suas próprias curtas-metragens, iniciando essa nova faceta
com Making a Living (1914). Após mais um sucesso com The Tramp (Charlot
Vagabundo, 1915).
Chaplin
faria um contrato milionário da First National Studios com uma cláusula
irrecusável: a de manter o controlo absoluto da criação artística dos filmes
que interpretava e dirigia.
Dando
asas a toda a sua imaginação e talento, somou êxitos em cadeia, dos quais se
destacou o célebre The Kid (O Garoto de Charlot, 1921). No início dos loucos
anos 20, era o comediante mais bem pago de Hollywood.
Fato
que o levou a enveredar por uma nova aventura: juntamente com o realizador D.W.
Griffith e os atores Douglas Fairbanks e Mary Pickford, fundou a United Artists
que em breve se tornou numa das produtoras de maior sucesso do Mundo.
Nesta
tripla faceta de ator-realizador-produtor, continuou a maravilhar os
espectadores, imortalizando cenas clássicas como a de comer atacadores dos
sapatos cozidos, em Gold Rush (A Quimera do Ouro, 1925).
Em
1928, ainda a Academia dava os seus primeiros passos, Chaplin já recebia duas indicações para os Óscares
como Ator e Realizador em The Circus (O Circo, 1928).
O seu
último filme mudo foi o inesquecível Modern Times (Tempos Modernos, 1936) onde
caricaturizou de forma genial o sistema industrial. No seu filme seguinte, fez
uma brilhante sátira a Adolf Hitler e ao regime nazi em The Great Ditador (O
Grande Ditador, 1940).
Mas o
filme não caiu bem entre a sociedade conservadora norte-americana, encabeçada
pelo magnata da imprensa William Randolph Hearst que procurou ridicularizar a
película.
No
entanto, a sua interpretação de Adenoid Hinkel, Ditador da Tomânia, permitiu a
Chaplin ser indicado para o Óscar de Melhor Ator. A partir daí, a carreira de
Chaplin começou a ressentir-se duma constante publicidade negativa, devido a
divórcios litigiosos, acusações de adultério e vários processos de paternidade.
Para
agravar a situação, veio o estrondoso falhanço comercial de Monsieur Verdoux (O
Barba Azul, 1947), uma comédia negra demasiado avançada para a época sobre um
homem que se casa constantemente, assassinando em seguida as suas esposas para
beneficiar das respetivas heranças.
Em
1952, o senador McCarthy acusou-o de simpatias comunistas e recusou-lhe o visto
de entrada nos EUA, obrigando Chaplin a refugiar-se na Suíça. Foi na Europa que
Chaplin promoveu o seu filme seguinte, o brilhante drama Limelight (Luzes da
Ribalta, 1952) sobre um palhaço decadente que se apaixona por uma jovem
bailarina.
Neste
filme, salientou-se a magistral trilha sonora (de autoria de Chaplin que lhe
valeu um Óscar em 1972, ano em que o filme foi lançado comercialmente em
Hollywood), o sketch cômico-musical com Buster Keaton e uma breve aparição de
Geraldine Chaplin, sua filha e que viria também a tornar-se atriz de créditos firmados.
Chaplin
ainda realizaria mais dois filmes: A King in New York (Um Rei em Nova Iorque,
1957), que passou quase despercebido, e A Countess From Hong-Kong (A Condessa
de Hong-Kong, 1967), uma comédia romântica que, apesar de protagonizada por
Marlon Brando e Sophia Loren, foi um fiasco de bilheteira.
Em
1972, aos 83 anos, recebeu finalmente permissão para entrar nos Estados Unidos
e foi aplaudido entusiasticamente de pé durante dez minutos por uma plateia em
êxtase quando recebeu um Óscar Honorário pelo seu contributo à arte
cinematográfica.
Charles
Chaplin. In Infopédia. Porto: Porto
Editora, 2003-2012.