Caminho
Suave é uma obra didática, uma cartilha de
alfabetização, concebida pela educadora brasileira Branca Alves de Lima (1911-2001),
que se tornou um fenômeno editorial.
De acordo com
o Centro de Referência em Educação Mário Covas, calcula-se que, desde 1984 quando
teve sua primeira edição, até meados da década de 1990, foram vendidos 40
milhões de exemplares dessa cartilha.
Em 1995, Caminho Suave foi retirada do catálogo do Ministério da Educação (portanto, não é mais avaliada), em favor da alfabetização baseada no construtivismo.
Apesar de não ser mais o método "oficial" de alfabetização dos
brasileiros, a cartilha de Branca Alves de Lima ainda vende cerca de 10 mil
exemplares por ano.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em 1997, Branca Alves de Lima relatou que quando começou a lecionar, em cidadezinhas no interior paulista, a prática pedagógica para alfabetização se chamava "método analítico".
Com o fim do Estado
Novo, em 1945, as autoridades do MEC chegaram à conclusão que o "método
analítico" não funcionava e estava superado, e deram liberdade didática aos
professores.
Foi observando a dificuldade de seus alunos, a maioria oriundos da zona rural, que Branca Alves de Lima criou o método que ela própria denominou "alfabetização pela imagem".
A letra "a" está inserida no corpo de uma abelha,
a letra "b", na barriga de um bebê, o
"f" fica instalado no corpo de uma faca, a letra
"o", dentro de um ovo e assim por diante.
Especialistas
em pedagogia afirmam que “Caminho Suave” e “Sodré” (de Benedita Stahl Sodré,
autora da Cartilha Sodré) são os únicos métodos realmente brasileiros de
alfabetização em português.
O método da
cartilha Caminho Suave começa pelas vogais, forma encontros vocálicos e depois
parte para a silabação. O sucesso editorial seria devido ao fato de unir o
processo analítico ao sintético, facilitando o aprendizado.
Explica Maria
Sirlene Pereira Schlickmann no ensaio "As cartilhas no Processo de
Alfabetização”, in Revista Linguagem em
(Dis)curso, volume 2, número 1, jul./dez. 2001 (Unisul)
"a)
método sintético: obedece a uma certa hierarquização, vai da letra ao texto
através da soletração e silabação;
b) método
analítico: este método ganha maior importância na década de 1930 com a ascensão
da psicologia, quando a maior ênfase é dada aos testes de maturidade
psicológica.
Com o passar
dos tempos, foram surgindo cartilhas que misturavam o método sintético e o
analítico, o que o levou a ser chamado de Método Misto. Como exemplo, podemos
citar a cartilha Caminho Suave, publicada em 1948 por Branca Alves de Lima, que
traz toda a fase do período preparatório".
Ernesto Garrido Netto (1941-2000) foi o Executivo da empresa responsável pelas negociações com o governo da época para introdução do método junto ao MEC.
Em
1998 em uma declaração afirmou que o método é o melhor, porém dada a falta de
modernização caiu em desuso. Branca deu ao ensino, algo de grande valor, uma
alfabetização inocente.
A cartilha que alfabetizou 40 milhões de brasileiros, em 50
anos, ganhou ferramentas de apoio desenvolvidas pela educadora Branca Alves de
Lima. Eram cartazes, cartazetes, carimbos, baralhos e livros de exercício (na
década de 1980).
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