A
instalação desses tribunais era muito comum na Europa a pedido dos poderes
régios. a Inquisição surge como uma instituição muito complexa, com objetivos
ideológicos, econômicos e sociais, consciente e inconscientemente expressos. A
sua atividade, rigor e coerência variaram consoante a época.”
A ideia da criação da
Inquisição surgiu inicialmente para funcionar como um tribunal interno, apenas
para dentro da Igreja Católica. Em 1022, foi criado o primeiro "Tribunal Público
contra a Heresia", em Orleans (França)
Em 1183, delegados enviados
pelo Papa averiguaram a crença dos cátaros de Albi, sul
de França, também conhecidos como “albigenses, que já tinham surgido em
1143, e que acreditavam na existência de um Deus para o Bem e outro para o Mal;
Cristo seria o Deus do bem, enviado para salvar as almas humanas, e o
Deus criador do mundo material seria o Deus do mal.
Após a morte, as almas boas
e espirituais iriam para o céu, enquanto as almas pecadoras e
materialistas, como castigo, reencarnariam no corpo de um animal. Isto foi
considerada uma heresia e no ano seguinte, no Concilio de Verona, foi
criado o Tribunal da Inquisição.
Os cátaros consideravam
que a alma seria a parte boa do ser humano, e o corpo seria a parte má do
homem. Rejeitavam a maior parte do Antigo Testamento e o seu Deus beligerante -
como satânico. Não construíam igrejas, mas estavam bem organizados.
Os cátaros consideravam
as mulheres como iguais aos homens, e o catarismo ofereceu às
mulheres a oportunidade de participar plenamente na fé a todos os níveis.
Na estrutura da
igreja cátara, os seguidores estavam divididos em três classes:
os Perfeitos, que eram o topo da igreja, os seus sacerdotes,
os Crentes e os Ouvintes.
Em 1184, Ad
abolendam, um decreto e bula do Papa Lúcio III, determinava que os
detentores de cargos públicos, condes, barões, reitores, nas cidades e outros
lugares, deveriam assumir a responsabilidade de punir os hereges que lhe fossem
entregues pela Igreja; e qualquer autoridade que falhasse nesse dever seria
excomungado, afastado do cargo e despojado de todos os direitos legais.
As cidades que abrigassem
hereges sofreriam boicotes comerciais, e as terras dos hereges conhecidos
declaradas perdidas.
Em 1209, o
Papa Inocêncio III ordenou uma cruzada contra os cátaros, para o que procurou o
apoio de vários senhores feudais. Seguiram-se vinte anos de guerra contra os
cátaros e seus aliados no Languedoc: a Cruzada Albigenes.
O
entusiasmo pela Cruzada, que foi extremamente violenta, foi parcialmente
inspirado por um decreto papal que permitia o confisco de terras pertencentes
aos cátaros e seus apoiantes.
Após a
tomada de Béziers, em 22 de julho de 1209, sob o comando do
legatário papal, Arnaud Amalric, toda a população de cerca de 7 a 9
mil almas - homens, mulheres e crianças - foi massacrada e a cidade saqueada e
incendiada.
Segundo o
historiador Cesáreo de Heisterbach, Amalric, quando perguntado como
distinguir os cátaros dos católicos, respondeu: "Matem-nos a todos! Deus
conhecerá os seus".
O
movimento cátaro acabou por praticamente desaparecer, sendo os sobreviventes
perseguidos depois pela Inquisição até a extinção. Na época medieval a pena
privativa de liberdade não era utilizada como forma de sanção contra crimes.
Ou seja, se um sujeito
cometesse um crime, não existia ainda a prática civil de mandar para a cadeia
os delinquentes, essa prática tornou-se comum a partir do século XVIII.
Assim, no tempo medieval
era comum a aplicação de penas (pelo próprio governo), por exemplo: a pena de
tortura é bastante comum; a pena de morte era bastante comum; assim como a
fogueira era já utilizada.
Essas eram as formas de
punição por crimes cometidos. Diz o historiador Adriano Garuti:
"A pena de morte foi empregada não somente na Inquisição, mas praticamente
em todos os outros sistemas judiciários da Europa".
Sobre o uso da tortura diz
o historiador especialista na inquisição espanhola Henry Kamen:
"Em uma época em que o uso da tortura era geral nos tribunais penais
europeus, a inquisição espanhola seguiu uma política de benignidade e
circunspeção que a deixa em lugar favorável se compara com qualquer outra
instituição.
A tortura era empregada
somente como último recurso e se aplicava em pouquíssimos casos.", em
outro momento diz o mesmo autor: "As cenas de sadismo que descrevem os
escritores que se inspiraram no tema tem pouca relação com a realidade";
"em comparação com a crueldade e as mutilações que eram normais nos
tribunais seculares, a Inquisição se mostra sob uma luz relativamente
favorável; este fato, em conjunção com o usual bom nível da condição de seus
cárceres, nos faz considerar que o tribunal teve pouco interesse pela crueldade
e que tratou a justiça com a misericórdia.”
Estes pontos de vista são
repudiados pela maioria dos historiadores; Richard L. Kagan, por
exemplo, diz que Kamen não conseguiu "entrar na
barriga da besta e avaliar o que realmente significava para as
pessoas que com ela viviam."
Para Kagan, são necessários estudos que realmente utilizem os minuciosos arquivos da inquisição para poder reconstruir o mundo dos que foram presos na sua rede.
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