Começo a olhar as coisas como
quem, se despedindo, se surpreende com a singularidade que cada coisa tem de
ser e estar.
Um beija-flor no entardecer desta
montanha a meio metro de mim, tão íntimo, essas flores às quatro horas da
tarde, tão cúmplices, a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas daqui a
pouco, que intimidade tenho com as estrelas quanto mais habito a noite!
Nada mais é gratuito, tudo é
ritual, começo a amar as coisas com o desprendimento que só têm os que amando
tudo o que perderam já não mentem.
Affonso Romano de Sant'Anna
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