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quinta-feira, dezembro 22, 2022

Despedida

Começo a olhar as coisas como quem, se despedindo, se surpreende com a singularidade que cada coisa tem de ser e estar.

Um beija-flor no entardecer desta montanha a meio metro de mim, tão íntimo, essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices, a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas quanto mais habito a noite!

Nada mais é gratuito, tudo é ritual, começo a amar as coisas com o desprendimento que só têm os que amando tudo o que perderam já não mentem.

 Affonso Romano de Sant'Anna


 

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