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terça-feira, outubro 22, 2024

Oskar Schindler - Empresário Nazista

Oskar Schindler


Oskar Schindler nasceu em 28 de abril de 1908, na cidade de Svitavy, na atual República Checa, então parte do Império Austro-Húngaro. Industrial alemão sudeto, espião e membro do Partido Nazista, Schindler tornou-se uma figura histórica notável por salvar aproximadamente 1.200 judeus durante o Holocausto, empregando-os em suas fábricas de utensílios esmaltados e munições, localizadas na Polônia ocupada e na região dos Sudetos, respectivamente.

Sua vida, marcada por uma transformação de oportunista movido por lucros a um humanitário dedicado, é o tema central do romance Schindler’s Ark (1982), de Thomas Keneally, e do aclamado filme A Lista de Schindler (1993), dirigido por Steven Spielberg, que retrata sua evolução moral e seu compromisso em proteger seus trabalhadores judeus.

Primeiros Anos e Carreira

Schindler cresceu em Zwittau, na Morávia, numa família de classe média-alta de origem alemã. Filho de um comerciante, ele teve uma infância confortável, mas sua juventude foi marcada por instabilidade profissional.

Após trabalhar em diversos empregos, incluindo na empresa de seu pai, Schindler ingressou na Abwehr, o serviço de inteligência militar da Alemanha Nazista, em 1936.

Sua adesão ao Partido Nazista em 1939 foi motivada tanto por pragmatismo quanto por ambição, refletindo o oportunismo que inicialmente guiava suas ações.

Antes da ocupação alemã da Checoslováquia em 1938, Schindler já coletava informações estratégicas sobre ferrovias e movimentos de tropas para os nazistas.

Sua atuação como espião o levou à prisão pelo governo checoslovaco, acusado de espionagem, mas ele foi libertado no mesmo ano, beneficiado pelos termos do Acordo de Munique, que cedeu os Sudetos à Alemanha.

Após sua libertação, Schindler continuou a trabalhar para a Abwehr, sendo enviado à Polônia em 1939, antes da invasão alemã que marcou o início da Segunda Guerra Mundial.

A Fábrica em Cracóvia e a Proteção aos Judeus

Com a ocupação da Polônia, Schindler viu uma oportunidade de lucro ao adquirir, em 1939, a Deutsche Emailwarenfabrik (Fábrica Alemã de Utensílios Esmaltados) em Cracóvia, uma empresa falida que produzia panelas e outros utensílios de cozinha.

Ele a transformou em um empreendimento lucrativo, aproveitando a mão de obra barata de judeus confinados no gueto de Cracóvia. No auge de sua operação, em 1944, a fábrica empregava cerca de 1.750 trabalhadores, dos quais aproximadamente 1.000 eram judeus.

Inicialmente, Schindler via seus empregados judeus apenas como uma forma de maximizar lucros, beneficiando-se das condições de exploração impostas pelo regime nazista.

No entanto, ao testemunhar as atrocidades cometidas contra os judeus, incluindo a brutal liquidação do gueto de Cracóvia em 1943, Schindler começou a mudar sua perspectiva.

Suas conexões com a Abwehr e sua habilidade em cultivar relações com oficiais nazistas corruptos permitiram-lhe proteger seus trabalhadores de deportações e da morte nos campos de concentração.

Ele passou a subornar autoridades nazistas com dinheiro, bebidas, cigarros e bens de luxo adquiridos no mercado negro, garantindo que seus empregados fossem considerados "essenciais" para o esforço de guerra e, assim, poupados das câmaras de gás.

A Lista de Schindler e a Transferência para Brünnlitz

À medida que a Alemanha começava a perder a guerra, em 1944, as Schutzstaffel (SS) intensificaram a evacuação dos campos de concentração no Leste, transferindo prisioneiros para oeste ou executando-os em massa.

 Campos como Auschwitz e Gross-Rosen tornaram-se símbolos do horror nazista. Schindler, ciente do destino que aguardava seus trabalhadores, agiu decisivamente.

Ele negociou com o SS-Hauptsturmführer Amon Göth, o sádico comandante do campo de concentração de Kraków-Płaszów, para transferir sua fábrica para Brünnlitz, na região dos Sudetos, sob o pretexto de produzir munições para o esforço de guerra.

Com a ajuda de Mietek Pemper, secretário de Göth, e Marcel Goldberg, oficial da Polícia do Gueto Judeu, Schindler compilou uma lista de aproximadamente 1.200 trabalhadores judeus que seriam transferidos para Brünnlitz em outubro de 1944.

Essa lista, imortalizada como "A Lista de Schindler", representou a salvação para esses homens e mulheres, que escaparam das câmaras de gás de Auschwitz.

A transferência, no entanto, não foi isenta de perigos: um grupo de mulheres judias foi temporariamente enviado a Auschwitz por engano, e Schindler teve que intervir pessoalmente, usando mais subornos, para garantir sua liberação.

Em Brünnlitz, a fábrica de Schindler produzia munições intencionalmente defeituosas, sabotando o esforço de guerra nazista enquanto mantinha a fachada de uma operação essencial.

Ele continuou a gastar sua fortuna em subornos e na compra de suprimentos no mercado negro para alimentar e proteger seus trabalhadores até a rendição alemã em maio de 1945.

Pós-Guerra e Legado

Após o fim da guerra, Schindler, agora sem recursos financeiros, fugiu para evitar a captura pelos soviéticos, que consideravam os membros do Partido Nazista como criminosos.

Ele se estabeleceu na Alemanha, onde foi apoiado por organizações judaicas de assistência, incluindo os próprios "Schindlerjuden" (os judeus de Schindler), que nunca esqueceram sua coragem.

Em 1949, Schindler emigrou para a Argentina com sua esposa, Emilie, na tentativa de recomeçar como agricultor. No entanto, seus empreendimentos fracassaram, e ele entrou em falência em 1958. Após o colapso financeiro, Schindler deixou Emilie e retornou à Alemanha, onde enfrentou dificuldades econômicas e tentou, sem sucesso, novos negócios.

Apesar de sua situação precária, Schindler foi reconhecido por suas ações heroicas. Em 1963, o governo de Israel o honrou com o título de "Justo entre as Nações", uma distinção concedida pelo Yad Vashem a não-judeus que arriscaram suas vidas para salvar judeus durante o Holocausto.

Ele também recebeu a Ordem do Mérito da Alemanha Ocidental em 1966. Schindler morreu em 9 de outubro de 1974, aos 66 anos, em Hildesheim, Alemanha, e foi sepultado em Jerusalém, no Monte Sião, um raro privilégio para um não-judeu, em reconhecimento ao seu legado.

Impacto e Relevância

A história de Oskar Schindler é um testemunho da capacidade de mudança pessoal e do impacto que um indivíduo pode ter mesmo em meio às piores circunstâncias.

De um oportunista movido por interesses pessoais, ele se transformou em um símbolo de coragem e humanidade, desafiando o sistema nazista para salvar vidas. Sua história não apenas resgata a memória dos horrores do Holocausto, mas também inspira reflexões sobre moralidade, empatia e responsabilidade individual.

Os "Schindlerjuden" e seus descendentes continuam a honrar sua memória, e sua história permanece viva através de livros, filmes e memoriais. A fábrica de Schindler em Cracóvia foi transformada em um museu, e o filme A Lista de Schindler trouxe sua história a milhões de pessoas, garantindo que seu legado de compaixão e resistência nunca seja esquecido.


Fábrica de Oskar Schindler em Cracóvia

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