Jorge Luís Borges – Um miserable muerto - Em 1955,
um ano após a morte de Evita e pouco antes de cair, o general argentino
Juan Domingo Perón demitiu o poeta maior Jorge Luis Borges de uma sinecura
na Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Pura pirraça.
- Perón
es un miserable! – Reagiu o poeta
Em 1973,
Perón retornou ao poder e faleceria em seguida. Um jornalista procurou
Borges e tentou induzi-lo a uma resposta generosa sobre o morto. Ele repousou
as mãos sobre o cabo da bengala e exclamou:
- Ahora,
Perón es un miserable muerto!
Quem
foi Jorge Luís Borges?
Jorge
Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo nasceu em Buenos Aires no dia 24 de
agosto de 1899. Foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e
ensaísta argentino. Fez o colegial no Colégio Calvino, na Suíça. Estudou
Direito na Universidade de Buenos Aires.
Depois,
Borges estudou na Universidade de Cambridge para tornar-se professor. Foi,
ainda, diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires.
Em
1914, sua família mudou-se para Suíça, onde estudou e de onde viajou para
a Espanha. Quando regressou à Argentina em 1921, Borges começou a publicar
seus poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas.
Também
trabalhou como bibliotecário e professor universitário público. Em 1955, foi
nomeado diretor da Biblioteca Nacional da Republica Argentina e professor
de literatura na Universidade de Buenos Aires.
Em
1961, destacou-se no cenário internacional quando recebeu o primeiro prêmio
internacional de editores, o Prêmio Formentor de las Letras Internacional,
compartilhado com o dramaturgo Samuel Beckett.
No
mesmo ano, recebeu do então presidente da Itália, Geovanni Gronchi, a
condecoração da Ordem do Comendador.
Suas
obras abrangem o "caos que governa o mundo e o caráter de irrealidade em
toda a literatura". Seus livros mais famosos, Ficciones (1944) e
O Aleph (1949), são coletâneas de histórias curtas interligadas por temas
comuns: sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores fictícios, livros
fictícios, religião e Deus.
Seus
trabalhos têm contribuído significativamente para o gênero da literatura
fantástica. Estudiosos notaram que a progressiva cegueira de Borges o
ajudou a criar novos símbolos literários através da imaginação, já que "os
poetas, como os cegos, podem ver no escuro".
Os
poemas do seu último período dialogam com vultos culturais como Spinoza, Luís
de Camões e Virgílio. Seu trabalho foi traduzido e publicado extensamente nos
Estados Unidos e Europa.
Sua
fama internacional foi consolidada na década de 1960, ajudada pelo “Boom Latino-americano”
e o sucesso de Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez.
Para
homenagear Borges, em seu romance O Nome da Rosa Umberto Eco criou o
personagem "Jorge de Burgos", que além da semelhança no nome, é cego -
assim como Borges foi ficando ao longo da vida.
Além da
personagem, a biblioteca que serve como plano de fundo do livro é inspirada no
conto de Borges "A Biblioteca de Babel" (uma biblioteca universal e
infinita que abrange todos os livros possíveis).
O
escritor e ensaísta J. M. Coetzee disse que "Borges, mais do que
ninguém, renovou a linguagem de ficção e, assim, abriu o caminho para uma
geração notável de romancistas hispano-americanos".
Laureado
com inúmeros prêmios, também foi conhecido por suas posições políticas
conservadoras, o que pode ter sido um obstáculo à conquista do Prêmio
Nobel de Literatura, ao qual ele foi candidato por quase trinta anos.
Borges
morreu em Genebra no dia 14 de junho de 1986 com um câncer de fígado e um
enfisema, onde está sepultado, por opção pessoal, no Cemitério de Plainpalais ou Cimitiere
des Rois, em Genebra, na Suíça.
A campa
possui uma inscrição em Inglês Antigo, língua que ensinou na Biblioteca
Nacional de Buenos Aires. Trata-se do poema Battle of Maldon, que se
traduz em “não tenhas medo de nada”.
0 Comentários:
Postar um comentário