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sexta-feira, agosto 11, 2023

Jorge Luís Borges – Um miserable muerto



Jorge Luís Borges – Um miserable muerto - Em 1955, um ano após a morte de Evita e pouco antes de cair, o general argentino Juan Domingo Perón demitiu o poeta maior Jorge Luis Borges de uma sinecura na Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Pura pirraça.

- Perón es un miserable! – Reagiu o poeta

Em 1973, Perón retornou ao poder e faleceria em seguida. Um jornalista procurou Borges e tentou induzi-lo a uma resposta generosa sobre o morto. Ele repousou as mãos sobre o cabo da bengala e exclamou:

- Ahora, Perón es un miserable muerto!     

Quem foi Jorge Luís Borges?

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo nasceu em Buenos Aires no dia 24 de agosto de 1899. Foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Fez o colegial no Colégio Calvino, na Suíça. Estudou Direito na Universidade de Buenos Aires.

Depois, Borges estudou na Universidade de Cambridge para tornar-se professor. Foi, ainda, diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires.

Em 1914, sua família mudou-se para Suíça, onde estudou e de onde viajou para a Espanha. Quando regressou à Argentina em 1921, Borges começou a publicar seus poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas.

Também trabalhou como bibliotecário e professor universitário público. Em 1955, foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional da Republica Argentina e professor de literatura na Universidade de Buenos Aires.

Em 1961, destacou-se no cenário internacional quando recebeu o primeiro prêmio internacional de editores, o Prêmio Formentor de las Letras Internacional, compartilhado com o dramaturgo Samuel Beckett.

No mesmo ano, recebeu do então presidente da Itália, Geovanni Gronchi, a condecoração da Ordem do Comendador.

Suas obras abrangem o "caos que governa o mundo e o caráter de irrealidade em toda a literatura". Seus livros mais famosos, Ficciones (1944) e O Aleph (1949), são coletâneas de histórias curtas interligadas por temas comuns: sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores fictícios, livros fictícios, religião e Deus.

Seus trabalhos têm contribuído significativamente para o gênero da literatura fantástica. Estudiosos notaram que a progressiva cegueira de Borges o ajudou a criar novos símbolos literários através da imaginação, já que "os poetas, como os cegos, podem ver no escuro". 

Os poemas do seu último período dialogam com vultos culturais como Spinoza, Luís de Camões e Virgílio. Seu trabalho foi traduzido e publicado extensamente nos Estados Unidos e Europa.

Sua fama internacional foi consolidada na década de 1960, ajudada pelo “Boom Latino-americano” e o sucesso de Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez. 

Para homenagear Borges, em seu romance O Nome da Rosa Umberto Eco criou o personagem "Jorge de Burgos", que além da semelhança no nome, é cego - assim como Borges foi ficando ao longo da vida.

Além da personagem, a biblioteca que serve como plano de fundo do livro é inspirada no conto de Borges "A Biblioteca de Babel" (uma biblioteca universal e infinita que abrange todos os livros possíveis).

O escritor e ensaísta J. M. Coetzee disse que "Borges, mais do que ninguém, renovou a linguagem de ficção e, assim, abriu o caminho para uma geração notável de romancistas hispano-americanos". 

Laureado com inúmeros prêmios, também foi conhecido por suas posições políticas conservadoras, o que pode ter sido um obstáculo à conquista do Prêmio Nobel de Literatura, ao qual ele foi candidato por quase trinta anos.

Borges morreu em Genebra no dia 14 de junho de 1986 com um câncer de fígado e um enfisema, onde está sepultado, por opção pessoal, no Cemitério de Plainpalais ou Cimitiere des Rois, em Genebra, na Suíça.

A campa possui uma inscrição em Inglês Antigo, língua que ensinou na Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Trata-se do poema Battle of Maldon, que se traduz em “não tenhas medo de nada”. 



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