Hoje
escrevo-te para te dizer que já não sinto saudades! Quase já nem me lembro de
nós e é de mim que sinto falta.
Procurei-me
nas ruas onde circulam as minhas emoções, e por ali não existem sinais teus.
Perguntei por ti nas esquinas apertadas onde tantas vezes me roubaste um beijo
e ali hoje em dia ninguém te conhece.
Até
mostrei uma foto tua a saudades e ela apenas me disse que não se recordava de
quem tu eras. Fiquei a pensar que se calhar foste um sonho.
Foste a
companhia certa para uma noite de insônia em que não queria ficar sozinha.
Talvez
tenha sido na solidão dessa noite que escrevi toda a nossa história e quando o
dia chegou entrou por aqui a dentro um vento que rasgou todas aquelas páginas
onde eu repetia vezes sem conta o teu nome. O vento norte que soprou o meu
sonho para o lado oposto da vida.
Finalmente
despertei desse sonho, onde existia um amor perfeito e dei comigo a olhar para
a vida que me confirmava que tu afinal não existias, tal qual eu te desenhei.
Tu não
eras a realidade que eu imaginava e por isso não houve tempo para guardar
memórias a que a saudade possa voltar.
Não
existe neste mundo em que caminho alguém que seja como eu te sonhei. Por isso,
é que te procuro em todos os recantos da cidade e não te consigo encontrar. Hoje
escrevo-te para que saibas que me curei dessa ilusão.
Já não
me lembro dos nossos abraços, nem do cheiro que deixaste na minha cama. Já
esqueci o teu sorriso e deixei de ouvir a melodia que nos acompanhava nas
noites de amor em que me juravas que o tempo tinha parado.
Já não
me fazes falta, nem choro por me lembrar da tua imagem a dizer-me adeus naquela
ponte encoberta pelo nevoeiro, por onde tu partiste para não mais voltar.
Quero
que saibas que deixei de te amar e rasguei todos os poemas que não tive tempo
para te escrever, para que a memória não deixe que se soltem as palavras que
inventei só para ti.
Hoje
acordei do sonho, com vontade de viver para quem me quiser amar, mas sem que
esteja a sonhar.
Tu foste apenas um sonho e nos sonhos não há espaço para a saudade. Por isso é que já te esqueci. (Ângela Caboz)
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