Quando os
cadáveres chegam à necropsia, chegam com as roupas com as quais morrem e é
trabalho do especialista despi-lo para iniciar a necropsia.
Muitas
vezes, os falecidos chegam com as expressões faciais que tiveram no último
momento (medo, tranquilidade, raiva, tristeza) até às vezes com lágrimas nos
olhos.
Os médicos
legistas nos dão uma explicação científica conforme exigido pelo seu trabalho,
mas, a partir de experiências pessoais eu tive que combinar as minhas crenças
científicas.
Lembro de
um caso em que estava sob investigação, e um corpo de um professor foi
encontrado, ele havia sido sequestrado, assassinado e enterrado há três semanas
em um lugar distante.
Quando ele
foi exumado, ele ainda estava com seu uniforme escolar e estava em uma posição
fetal e seu rosto refletia uma profunda tristeza.
Para o
trabalho de despir sem cortar as roupas (a roupa é conservada para análise) foi
praticamente impossível para os especialistas, dada a rigidez cadavérica.
Foi quando
o médico chegou e disse:
-Vou lhe dizer
como é o caminho certo...
Todos nós
pensamos que ele iria nos dar uma solução técnica, científica, médica ou
profissional, mas ohhhhh surpresa!!
Ele
começou a falar com o cadáver enquanto ele começou a despi-lo:
"Você
está aqui, amigo"
"Sua
família já encontrou você"
"Você
não vai mais ficar sozinho"
"Tudo
o que eles querem é enterrar você para que você possa estar em paz"
"Olha,
eles nunca pararam de te procurar"
"Ajude-me
a terminar rápido para você ir com sua família"
Bem,
enquanto isso, eles nos fizeram ficar arrepiados, quando vimos que o cadáver,
que havia sido enterrado por três semanas, começou a se soltar de modo que
despi-lo ficou muito fácil.
O deixamos
em uma posição como se ele estivesse deitado de costas e seu rosto mudou, ele
parecia calmo.
“Esta dica
é usada por bons médicos que apesar de viverem com a morte todos os dias, não
perderam a sensibilidade de saber que diante deles tem uma pessoa que é pai,
filho, marido e deve ser tratada com respeito e dignidade.
Até os
mortos merecem ser bem tratados!
Eduardo Sene
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