O que
eu tenho no pescoço?
Muito
bem. Sua resposta é lógica, coerente com uma pessoa absolutamente normal: uma
gravata!
“Um
louco, porém, diria que eu tenho no pescoço um pano colorido, ridículo, inútil,
amarrado de uma maneira complicada, que termina dificultando os movimentos da
cabeça e exigindo um esforço maior para que o ar possa entrar nos pulmões. Se
eu me distrair quando estiver perto de um ventilador, posso morrer estrangulado
por este pano”.
“Se um
louco me perguntar para que serve uma gravata, eu terei que responder: para
absolutamente nada. Nem mesmo para enfeitar, porque hoje em dia ela tornou-se o
símbolo de escravidão, poder, distanciamento. A única utilidade da gravata
consiste em chegar em casa e retira-la, dando a sensação de que estamos livres
de alguma coisa que nem sabemos o que é”.
“Mas
sensação de alivio justifica a existência da gravata? Não. Mesmo assim, se eu
perguntar para um louco e para uma pessoa normal o que é isso, será considerado
são aquele que responder: uma gravata. Não importa quem está certo – importa
quem tem razão”.
Paulo
Coelho – Do Livro Veronika Decide Morrer
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