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quarta-feira, novembro 08, 2023

Heresia na Igreja Católica



 

Começo esse texto dizendo que a igreja católica pode me excomungar mil vezes, minha vida continuará a mesma, tenho absoluta certeza. Sou e serei um herege e não sofreei nenhum castigo divino.

Historicamente, houve muitos que discordaram dos dogmas da Igreja. Eram considerados hereges quando se tornavam uma ameaça à unidade em torno da autoridade papal e porque propalavam ideias ou práticas contrárias à interpretação da Igreja Católica sobre a verdade ensinada por Jesus Cristo e contidas nos “Escritos Sagrados”.

A condenação máxima imposta pela Igreja é a pena de excomunhão.

É preciso esclarecer que a pena de excomunhão era aplicada e se uma pessoa ficasse mais de um ano excomungada era considerada herege e processada pela Igreja como tal. Geralmente este processo culminava com a sentença da entrega do herege ao braço secular.

Corroboram esse raciocínio, não apenas relatos históricos, como também o teor dos sermões realizados pelos padres que se referiam aos crimes dos hereges, bem como a presença de autoridades eclesiásticas aos autos-de-fé.

Há farta documentação histórica sobre os autos de fé e seus critérios, merecendo destaque a obra "Manual dos Inquisidores" de Nicolau Eymerich e posteriormente modificado, mais ou menos 200 anos após, por Francisco de La Pena.

É importante notar que a ação secular foi maior no período da Idade Média, sobretudo após a instalação do Santo Ofício, ou seja, a Inquisição.

Antes, porém, como é o ensinamento do Evangelho e, portanto, da própria Igreja, a execução de hereges pelo braço secular não era aprovada, como no caso da morte de Prisciliano que provocou protestos do Papa Siricio,

Santo Ambrósio e São Martinho de Tours também se pronunciavam contra a intervenção secular, considerando um crime fazê-lo.

Foi a partir de certas considerações conexas como a de Santo Agostinho de que a heresia constituía um atentado fundamental contra a sociedade cristã e que está deveria defender-se com moderação, e, sendo assim, aceitava a pena de morte em caso de perigo social evidente, que a ideia da pena pelas forças do Estado teve mais força.

Viva o amor infinito do Deus perfeito, que criou um bando de imperfeitos para serem depois, sacrificados pelos seus representantes.

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