Começo esse texto dizendo
que a igreja católica pode me excomungar mil vezes, minha vida continuará a
mesma, tenho absoluta certeza. Sou e serei um herege e não sofreei nenhum
castigo divino.
Historicamente, houve
muitos que discordaram dos dogmas da Igreja. Eram considerados hereges quando
se tornavam uma ameaça à unidade em torno da autoridade papal e porque
propalavam ideias ou práticas contrárias à interpretação da Igreja Católica
sobre a verdade ensinada por Jesus Cristo e contidas nos “Escritos Sagrados”.
A condenação máxima imposta
pela Igreja é a pena de excomunhão.
É preciso esclarecer que a
pena de excomunhão era aplicada e se uma pessoa ficasse mais de um ano
excomungada era considerada herege e processada pela Igreja como tal. Geralmente
este processo culminava com a sentença da entrega do herege ao braço secular.
Corroboram esse raciocínio,
não apenas relatos históricos, como também o teor dos sermões realizados pelos
padres que se referiam aos crimes dos hereges, bem como a presença de
autoridades eclesiásticas aos autos-de-fé.
Há farta documentação
histórica sobre os autos de fé e seus critérios, merecendo destaque a obra
"Manual dos Inquisidores" de Nicolau Eymerich e posteriormente
modificado, mais ou menos 200 anos após, por Francisco de La Pena.
É importante notar que a
ação secular foi maior no período da Idade Média, sobretudo após a instalação
do Santo Ofício, ou seja, a Inquisição.
Antes, porém, como é o
ensinamento do Evangelho e, portanto, da própria Igreja, a execução de hereges
pelo braço secular não era aprovada, como no caso da morte de
Prisciliano que provocou protestos do Papa Siricio,
Santo Ambrósio e São
Martinho de Tours também se pronunciavam contra a intervenção secular,
considerando um crime fazê-lo.
Foi a partir de certas
considerações conexas como a de Santo Agostinho de que a heresia
constituía um atentado fundamental contra a sociedade cristã e que está deveria
defender-se com moderação, e, sendo assim, aceitava a pena de morte em caso de
perigo social evidente, que a ideia da pena pelas forças do Estado teve mais
força.
Viva o amor infinito do
Deus perfeito, que criou um bando de imperfeitos para serem depois,
sacrificados pelos seus representantes.
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