Ciganos Originários do noroeste da Índia - O povo que hoje é conhecido por cigano ou Rom partiu em êxodo desta região por volta do ano 1000 por razões ainda hoje não totalmente esclarecidas.
Este povo espalhou-se pela
Ásia e norte da Europa num surto de migração que deu origem à denominação povo
Rom.
Um outro fluxo de migração
passou pelo Egito, daí o nome de gypsy, tsigane, gitano e cigano, e veio a
espalhar-se pelo norte da África, Península Ibérica e sul da Europa.
Os ciganos do sul da
Europa, Calés ou Calós em Portugal e Espanha e Manouches na França, bem como os
Rom do leste da Europa.
A maioria na Romênia, em
que constituem cerca de mais de dois milhões e meio de pessoas, partilha todos
a mesma herança cultural da Índia, transformada por séculos de itinerância e
nomadismo em contato com povos de todo o Mundo.
Constituindo ao longo da História um grupo marginalizado pelas sociedades com as quais estiveram em contato pela recusa de abandonar a sua cultura, tradição, língua, costumes e pela sua necessidade visceral de liberdade e independência.
Além da discriminação,
exclusão social e racismo, os ciganos sofreram formas de escravatura real ou
informal, como no caso da Romênia, e foram vítimas de tentativa de genocídio do
III Reich nazista que levou ao extermínio de cerca de meio milhão de homens,
mulheres e crianças.
A base da economia das
comunidades ciganas era tradicionalmente o ofício artesanal, ferreiros,
caldeireiros, cesteiros, etc., ou o comércio de bens de variada ordem e de
animais.
Os vários tipos de
ocupações profissionais mantêm-se ainda hoje. No leste da Europa, existem clãs
de famílias cujas características fazem lembrar as das castas indianas, em que
os ofícios são seguidos por várias gerações.
Por exemplo, encontramos no
ofício de caldeireiros os Kalderash, ou no comércio de cavalos os Lovara.
Uma outra forma de vida do povo cigano é a arte do circo, da representação, da adestração de animais e a música.
Foi sobretudo a música que permitiu a um certo número de grupos de ciganos uma posição muito favorável junto das cortes de reis e czares na Europa e na Rússia.
Em termos musicais, os
ciganos assimilam a cultura musical dos povos com quem estão em contato e
reinterpretam-na de uma forma inteiramente pessoal e cultural que chega a ter
laivos de verdadeira reinvenção.
Uma das manifestações mais
importantes desta influência mútua de ciganos e gadjés encontra-se no flamengo,
arte viva que uniu na sua expressão não só as formas culturais como também os
povos.
O povo cigano tem uma
língua própria manifestada em diferentes dialetos que têm origem na língua
hindu e no sânscrito.
A sua língua é também uma
espécie de código que estabelece a base dos laços sociais e familiares dentro
da mesma comunidade ou em comunidades diferentes de ciganos.
Dentro da família cigana, os velhos e as crianças ocupam uma importância fundamental, significando por um lado a preservação da experiência e do conhecimento predominantemente oral desta comunidade e o futuro e a sobrevivência da sua cultura.
A família e a honra são os
valores mais queridos deste povo que observa uma série de regras de forma muito
rigorosa.
Muitos dos costumes das
comunidades ciganas, sobretudo os mais característicos, são completamente
desconhecidos das sociedades onde estes se inserem, o que por vezes contribui
para aprofundar o fosso social e a discriminação.
Hoje em dia são raras as
comunidades totalmente nômadas de ciganos, dado que a maior parte se
sedentarizou total ou parcialmente.
A força de muitos dos
costumes mais tradicionais do povo cigano tem enfraquecido, sobretudo nas
comunidades suburbanas sujeitas a uma enorme pressão por problemas econômicos e
de marginalidade.
Por outro lado, assiste-se,
sobretudo durante a segunda metade do século XX, à criação na Europa de
instituições organizadas de defesa da cultura e dos direitos do povo cigano,
que pugnam pela preservação de muitas das suas tradições.
Ao mesmo tempo que
pretendem um estatuto de cidadania efetiva junto das sociedades em que estão
inseridos, com o respeito dos seus direitos mais elementares, entre os quais o
respeito à diferença. (Patrícia Contant)
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