Gosto do sabor dos estilhaços de vidro nos olhos.
É como se o vento reclamasse seu quinhão de
horizonte sobre minhas asas.
Você sorri para mim com sua face de chorar e
convencemo-nos mais uma vez que nada é por acaso.
-Olha o céu, menina!
Ele está azul feito vestido rendado.
As roseiras estão repletas de promessas e o amanhã
está tão longe quanto o ontem...
Você, com sua face de chorar, me pergunta sorrindo:
- E a poesia?
Ah, morena, o verso anda arredio.
A gente ameaça perfumar a palavra e ela escapa
feito faísca.
- A vida não deveria ser simples e mágica?
A palavra é pouca e o sentimento é tanto...
O cabelo negro sobre teu rosto; um gosto de março sobre este adusto fim de fevereiro...
...Teus olhos ainda refazem minha proposta de
infinito. E teu corpo... Teu corpo está ainda mais bonito menina.
Você segura minha mão entre as tuas como quem
sustenta as últimas folhas ruivas que se desprendem das árvores e são
carregadas pela estação.
Abro a tua janela das possibilidades e escrevo em
teus olhos:
Carpe Diem.
Anderson Christofoletti
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