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terça-feira, julho 01, 2025

Experimentos humanos de Mengele


Os Experimentos de Josef Mengele em Auschwitz: Um Retrato de Crueldade Pseudocientífica

Josef Mengele, conhecido como o "Anjo da Morte", utilizou o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau como um laboratório macabro para suas pesquisas antropológicas e estudos sobre hereditariedade.

Aproveitando-se da autoridade conferida pelo regime nazista, Mengele conduziu experimentos desumanos em prisioneiros, sem qualquer consideração pela saúde, segurança ou dignidade das vítimas.

Seu trabalho foi financiado criminosamente pela Deutsche Forschungsgemeinschaft (Fundação Alemã de Pesquisa), por meio de uma solicitação de seu mentor, Otmar von Verschuer, um renomado geneticista nazista.

Mengele enviava relatórios regulares e espécimes humanos, como olhos e ossos, para Verschuer, que utilizava os resultados em suas pesquisas sobre a "superioridade racial" ariana.

Esse financiamento possibilitou a construção de um laboratório de patologia conectado ao Crematório II em Auschwitz II-Birkenau, onde o patologista judeu-húngaro Dr. Miklós Nyiszli, prisioneiro em Auschwitz a partir de 29 de maio de 1944, foi forçado a realizar dissecções e preparar amostras para análises.

Foco em Gêmeos e Outras Vítimas

Mengele tinha um interesse particular em gêmeos idênticos, pessoas com heterocromia iridum (olhos de cores diferentes), anões e indivíduos com anomalias físicas.

Seus experimentos com gêmeos tinham como objetivo principal reforçar a ideologia nazista da supremacia da raça ariana, tentando provar a predominância da hereditariedade sobre fatores ambientais.

Além disso, há indícios de que Mengele buscava formas de aumentar a taxa de natalidade de gêmeos entre populações consideradas "racialmente desejáveis" pelos nazistas, com o intuito de acelerar a reprodução da "raça superior".

Os prisioneiros selecionados para seus experimentos, especialmente gêmeos, recebiam tratamento diferenciado em comparação com outros no campo. Eram melhor alimentados, abrigados em condições menos precárias e, temporariamente, poupados das câmaras de gás.

Mengele criou até mesmo um jardim de infância em Auschwitz para as crianças sujeitas aos seus experimentos, incluindo gêmeos e crianças ciganas com menos de seis anos.

Esse espaço oferecia melhores condições de alimentação e moradia, além de um playground, criando uma fachada de cuidado. Mengele se apresentava às crianças como "Tio Mengele", oferecendo doces e demonstrando uma falsa gentileza.

No entanto, essa aparente bondade contrastava brutalmente com sua crueldade. Ele era diretamente responsável pela morte de inúmeras vítimas, seja por injeções letais, fuzilamentos, espancamentos ou experimentos que culminavam em sofrimento e morte.

A Natureza dos Experimentos

Os experimentos de Mengele eram marcados por uma brutalidade extrema e pela total ausência de ética. Gêmeos eram submetidos a medições semanais de atributos físicos, realizadas por Mengele ou seus assistentes. Esses procedimentos incluíam:

Amputações desnecessárias: Membros eram removidos sem justificativa médica, muitas vezes levando à morte das vítimas.

Infecções intencionais: Um gêmeo era deliberadamente infectado com doenças como tifo, enquanto o outro servia como controle, para comparar os efeitos.

Transfusões de sangue: Mengele realizava transfusões entre gêmeos, frequentemente com resultados fatais devido à incompatibilidade ou infecções.

Injeções químicas nos olhos: Tentativas de alterar a cor dos olhos de prisioneiros com heterocromia ou outros traços envolviam a injeção de substâncias químicas diretamente nos olhos, causando dor intensa, cegueira ou morte.

Assassinatos para autópsias comparativas: Quando um gêmeo morria, Mengele frequentemente matava o outro, muitas vezes com uma injeção de clorofórmio no coração, para realizar dissecções comparativas. Em uma ocasião relatada por Nyiszli, Mengele assassinou 14 gêmeos em uma única noite.

Além dos gêmeos, Mengele conduzia experimentos com anões e pessoas com deformidades físicas, submetendo-os a medições exaustivas, extrações de sangue, retirada de dentes saudáveis, administração de drogas desnecessárias e exposição a raios X.

Após cerca de duas semanas, muitas dessas vítimas eram enviadas às câmaras de gás, e seus esqueletos eram remetidos a Berlim para estudos adicionais no Instituto Kaiser Wilhelm de Antropologia.

Mulheres grávidas também eram alvos de Mengele. Ele realizava experimentos cruéis, como testes invasivos, antes de enviá-las para as câmaras de gás.

Um dos casos mais chocantes relatados pela testemunha Vera Alexander envolveu a tentativa de Mengele de criar gêmeos xifópagos (unidos pelo corpo) ao costurar dois gêmeos ciganos pelas costas. As crianças sofreram dores excruciantes e morreram de gangrena dias depois.

A Personalidade de Mengele

O médico e sobrevivente de Auschwitz, Dr. Miklós Nyiszli, descreveu Mengele como uma figura paradoxal: capaz de demonstrar gentileza com as crianças, conquistando sua confiança com doces e atenção, enquanto, ao mesmo tempo, ordenava sua morte sem hesitação.

Um ex-prisioneiro médico relatou: “Ele era capaz de ser tão gentil com as crianças, de fazer com que elas se apaixonassem por ele, de lhes trazer açúcar, de pensar em pequenos detalhes de suas vidas diárias e de fazer coisas que realmente admiramos... E então, ao lado... a fumaça dos crematórios, e essas crianças, amanhã ou em meia hora, iriam ser mandadas para lá. Bem, aí estava a anomalia.”

Mengele era profundamente antissemita, sádico e desprovido de empatia, acreditando firmemente na ideologia nazista que classificava os judeus como uma "raça inferior e perigosa" a ser eliminada.

Seu filho, Rolf Mengele, afirmou que o pai nunca demonstrou remorso por suas ações durante a guerra, mantendo sua convicção até o fim da vida.

Contexto e Legado

Os experimentos de Mengele não tinham qualquer rigor científico e eram, na verdade, uma expressão de sua obsessão pela ideologia nazista, disfarçada de ciência. Eles não produziram avanços médicos significativos, mas causaram sofrimento indizível e a morte de milhares de pessoas.

Após a guerra, Mengele fugiu para a América do Sul, vivendo sob identidades falsas até sua morte em 1979, no Brasil, sem nunca ter enfrentado a justiça por seus crimes.

O horror de suas ações permanece como um dos capítulos mais sombrios do Holocausto, servindo como um lembrete da capacidade humana para a crueldade quando a ideologia supera a ética e a humanidade.

As memórias dos sobreviventes, como as de Nyiszli e Vera Alexander, são testemunhos cruciais para garantir que tais atrocidades nunca sejam esquecidas.

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