Data de 1640 o
preservativo mais antigo do mundo. Continua completamente intacto e fez parte
de uma exposição dedicada à História Cultural do Sexo no Museu do Condado
Tirolês, na Áustria, em 2006.
A exposição também
incluiu um preservativo de 1813 feito de intestino de porco e projetado para
uso múltiplo. Vinha acompanhado de um manual de instruções escrito em latim que
aconselhava o usuário a mergulhá-lo em leite morno “para evitar doenças ao
dormir com prostitutas”.
Embora isso possa parecer
bizarro para alguns, foi uma grande melhoria em relação à recomendação dos
antigos egípcios de usar esterco de crocodilo.
Na Itália do século XVI,
Gabriele Faloppio (as trompas de Falópio têm o seu nome) foi a primeira pessoa
a escrever sobre preservativos e defender o seu uso para prevenir a sífilis,
chamada De Morbo Gallico ("A Doença Francesa").
Em seus escritos ele
recomenda o uso de panos embebidos em solução química e secos antes do uso.
Fallopio também afirmou ter submetido testes clínicos com 1.100 homens e relatou
que nenhum deles contraiu a doença.
Durante início
do século XIX assistiu-se pela primeira vez à promoção de
contraceptivos vaentre as classes mais desfavorecidas. No entanto, os
especialistas em contracepção continuavam a preferir outros métodos de controlo
de natalidade.
As feministas deste
período defendiam que a contracepção deveria ser uma questão exclusiva da
mulher e desaprovavam métodos controlados pelo homem, como o
preservativo.
Vários autores citam
também o fato de os preservativos serem dispendiosos e pouco confiáveis
(frequente abriam-se orifícios, deslizavam ou rasgavam-se), embora referissem
que para alguns pudesse ser uma boa opção e que o preservativo era o único
contraceptivo que também protegia contra doenças.
Vários países adaptaram
leis que impediam o fabrico e a promoção de contraceptivos. Apesar destas
restrições, os preservativos começam a ser promovidos em anúncios de jornais e
em campanhas de rua, recorrendo a eufemismos em locais onde a sua
divulgação era proibida.
Na Europa e nos Estados
Unidos eram muitas vezes distribuídas instruções para o fabrico de
preservativos em casa. A partir da segunda metade do século XIX, a
incidência de doenças sexualmente transmissíveis disparou nos Estados Unidos.
Entre as causas apontadas
pelos historiadores estão a Guerra Civil e ignorância em relação aos
métodos de contracepção, devido à Lei de Comstock.
Para combater a crescente
epidemia foram criadas pela primeira vez aulas de educação sexual nas
escolas públicas, que esclareciam o público em relação a doenças venéreas e à
sua transmissão, embora geralmente ensinassem que a abstinência era a única
forma de prevenção.
O preservativo não era
promovido, uma vez que a comunidade médica e alguns setores da sociedade
consideravam as DST um castigo por conduta sexual imprópria. O estigma contra
as vítimas destas doenças era de tal ordem que muitos hospitais se recusavam a
tratar doentes com sífilis.
Apesar da oposição social
e legal, em finais do século XIX o preservativo era já o mais popular
método contraceptivo no Ocidente.
Em 1839 Charles Goodyear, descobriu
uma forma de processar borracha natural de forma a torná-la
consistentemente elástica, uma vez que é demasiado rígida fria e demasiado
flexível quente.
Isto viria a ter
implicações no fabrico de preservativos, uma vez que ao contrário dos
preservativos de origem animal, os preservativos de borracha podiam esticar e
não se rompiam facilmente durante o uso.
O processo de
vulcanização foi patenteado por Goodyear em 1844. Os primeiros preservativos
de borracha tinham uma costura, sendo tão espessos como a câmara de ar de uma
bicicleta.
Durante várias décadas,
os preservativos de borracha eram fabricados envolvendo tiras de borracha crua
em torno de um molde com a forma do pênis, depois mergulhado numa solução
química para a cura da borracha.
Em 1912, o inventor
polaco Julius Fromm desenvolveu uma nova técnica de fabrico de
preservativos, mergulhando moldes de vidro numa solução de borracha. Este
método exigia que fosse acrescentada gasolina ou benzina à borracha para a
tornar líquida.
Em 1920 foi inventado o
látex, que consiste em borracha suspensa em água. A produção de preservativos
de látex era menos trabalhosa do que o mergulho em borracha, que depois
necessitava de ser amaciada e cortada.
A utilização de água para
suspender a borracha em vez de gasolina ou benzina eliminou o risco de
incêndios associado às fabricas de preservativos. Os preservativos de látex
eram também superiores do ponto de vista da utilização: mais resistentes e mais
finos do que os de borracha e com um prazo de validade de cinco anos, quando
comparado com os três meses dos de borracha.
Até à década de 1920,
todos os preservativos eram fabricados à mão por operários pouco qualificados.
Ao longo dessa década foram introduzidos vários processos automáticos, sendo a
primeira linha totalmente automatizada introduzida em 1930.
Os maiores fabricantes de
preservativos adquirem linhas de produção mecanizadas, afastando os pequenos
produtores do mercado. Os preservativos de pele, agora bastante mais caros
do que os de látex, tornam-se restritos a um nicho de mercado.
O exército alemão foi o
primeiro a promover o uso do preservativo entre os soldados, a partir de finais
do século XIX. Algumas experiências norte-americanas durante o início
do século XX concluíram que distribuir preservativos entre os
soldados diminuía consideravelmente as taxas de infecção com doenças
sexualmente transmissíveis.
Todos os países
intervenientes na Primeira Guerra Mundial, à exceção dos Estados Unidos,
distribuíram preservativos entre o exército, promovendo o seu uso através de
várias campanhas.
Durante o pós guerra, os
exércitos europeus continuaram a distribuir preservativos entre os soldados
como forma de prevenir infecções, até mesmo em países cujo uso era proibido
entre a generalidade da população.
Nas décadas posteriores à
Primeira Guerra Mundial, continuaram a existir obstáculos sociais e legais em
relação ao uso do preservativo por toda a Europa e América do Norte.
Sigmund Freud opunha-se
a qualquer método de controlo de natalidade, alegando que a sua taxa de
insucesso era demasiado elevada, opondo-se em particular ao uso do
preservativo, que argumentava diminuir o prazer sexual.
Algumas feministas
continuavam a opor-se à métodos contraceptivos controlados pelo homem, como os
preservativos. Em 1920 as Conferências de Lambert da Igreja Anglicana
condenaram todos os "meios de evitar a concepção que não fossem
naturais".
Ao longo da década de
1920, o slogan facilmente memorizável e o cuidado com a embalagem
tornam-se uma técnica de promoção cada vez mais importante para os bens de
consumo, entre os quais os preservativos.
O controlo de qualidade
torna-se cada vez mais comum, consistindo sobretudo no enchimento de cada preservativo
com ar, seguido por um de vários métodos para detectar qualquer diminuição de
pressão. Na mesma década, a venda de preservativos à escala mundial
duplicou.
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