Já tive um país pequeno, tão
pequeno que andava descalço dentro de mim.
Um país tão magro que no
seu firmamento não cabia senão uma estrela menina, tão tímida e delicada que só
por dentro brilhava.
Eu tive um país escrito sem
maiúscula. Não tinha fundos para pagar a um herói. Não tinha panos para
costurar bandeira.
Nem solenidade para entoar
um hino. Mas tinha pão e esperança para os viventes e sonhos para os nascentes.
Eu tive um país pequeno, tão pequeno que não cabia no mundo. (Mia Couto)
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