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terça-feira, abril 11, 2023

Deixaste-me



O irreparável acaba de levantar-se entre nós: Deixaste-me, querida. Deixaste-me! Por mais que repita essa expressão, não consigo persuadir-me.

A voz com que a digo não parece minha, é como se não viesse da boca, ó querida, que tanto disse te amar, que tanto te beijou e que tanto beijaste.

É como se dissesse outra pessoa, um desconhecido que nada tem a ver comigo, que relatasse uma ação sem importância, alheia a nos dois.

Obscuro como um desses trechos de frases, que ouvimos nas ruas, de outras pessoas e cujo sentido não chegamos a distinguir, porque não nos é interessante.

Deixaste-me!

Francisco Silva Sousa

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