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domingo, abril 30, 2023

Assalto com Freud

Assaltante (entrando no banco):

Mão pra cima, isso é um assalto! Bora! Todo mundo passando a grana!

Almeida:

Essa sua fixação por arma de fogo, não sei não, hein.

Assaltante:

Todo mundo passando a… é o quê, ô palhaço?

Almeida:

Essa sua fixação por arma de fogo. É claramente uma sublimação da libido.

Maria Helena:

Almeida dá pra você analisar o indivíduo depois do assalto? Ou quem sabe no céu, depois que ele matar todos nós?

Almeida:

Maria Helena, o céu é uma ilusão infantil criada pelos homens para…

Assaltante:

Repete o que tu falou aí, ô paspalho. Tu me chamou de lambido?

Almeida:

- Não, li-bi-do. Em outras palavras, você tá usando essa arma aí numa espécie de manifestação sexual. Talvez por sentir alguma falta.

Maria Helena:

Almei-dá!

Assaltante:

Tô sentindo falta de estourar os miolo de alguém, tá ligado? Acho bom tu ficar na tua aí, veio!

Almeida:

Olhaí, poder. Você só se sente seguro com a arma na mão. A arma, na verdade, é um substituto do pênis. Agora me diga: o que há de errado com seu pênis?

Maria Helena:

Com o dele eu não sei, mas o teu eu vou arrancar se a gente chegar em casa vivo!

Assaltante:

Não tem nada de errado com meu pinto não, tá ligado? Nada. Nadinha… Er… vem cá, tu por acaso andaste conversando com a Creide, foi?

Almeida:

- Ah, sabia. Desconforto com o pênis. Seja franco, qual é o problema? Você acha que ele tá abaixo da média?

Maria Helena:

- Eu tenho certeza que o homem tem um pintão, Almeida. Um pinto assim enorme. Um negócio de servir como fita métrica, né, moço? Agora você quer me fazer o favor de calar a boca?!

Assaltante:

- Pra falar a verdade, não, dona. Eu realmente, eu… sabe, é difícil assim de dizer, mas quando a gente vai num banheiro público e dá aquela espiadinha de lado, sabe como é, eu… Eu tenho um pinto pequeno, eu sei.

Almeida:

E usa a arma como uma maneira de compensar o que, em sua cabeça, é uma deficiência. Bingo. Não falei pra você, Maria Helena?

Assaltante:

Parabéns, doutor. Agora, se me der licença, eu vou usar a minha compensação, devidamente carregada com seis bala, pra pipocar seu objeto do desejo.

Almeida:

Vai matar minha mulher?

Assaltante:

Não, o senhor. Todo homem tá apaixonado por si mesmo. Eu também li o meu Freud, veio.

Policiais (entrando no banco):

Mãos ao alto. Pega o meliante. Isso. Algema. Leva pro camburão. Safado.

Maria Helena:

Almeida, Almeida! Você salvou todo mundo, Almeida, você é um herói. Tô tão orgulhosa de você. (beijando-o) Meu homem! Meu!

Almeida:

Sentimento de posse. Você teve muita prisão de ventre na infância? 

 

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