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quarta-feira, julho 09, 2025

Tragédia


 

A Verdadeira Tragédia: Não Viver o Agora

A vida é uma sucessão de acontecimentos imprevisíveis. Um jovem adoece no calor do verão, um idoso é atingido por um táxi em uma esquina qualquer, uma biópsia revela um tumor maligno. Essas coisas acontecem todos os dias.

E, ainda assim, saímos de casa com a certeza ingênua de que somos imunes ao caos, de que a dor e a perda são realidades distantes, reservadas para outros.

Mas a verdade é que a vida não faz distinção: um diagnóstico inesperado rouba um pai, uma moto cruza um sinal vermelho, um exame médico traz notícias que abalam o chão sob nossos pés.

Todos os dias, o imprevisível acontece, e, todos os dias, seguimos com nossos planos rotineiros - trabalho, almoço, trabalho, jantar - como se o amanhã fosse garantido.

Quando essas coisas nos atingem, é comum exclamarmos: “Que tragédia! A vida acabou tão cedo!”. Mas será que é mesmo uma tragédia? A vida, na sua essência, é um mosaico de caos, coincidências e momentos fugazes.

Hoje estamos aqui, amanhã podemos não estar. A verdadeira tragédia não é a morte ou o sofrimento inevitável que nos acomete. A verdadeira tragédia é passar por essa existência sem agradecer pelo tempo que temos, sem valorizar os instantes que realmente importam.

É deixar que o celular roube o sorriso de um filho, que as preocupações do trabalho apaguem a alegria de um passeio em família, que o medo ou a procrastinação adiem os abraços que poderíamos dar hoje.

A tragédia está em viver de aparências, em buscar a felicidade em coisas materiais - um carro novo, uma casa maior, um armário cheio - enquanto o coração permanece vazio.

É trabalhar dia após dia em algo que nos consome, que nos distancia de quem somos. É adiar os sonhos para um “um dia” que nunca chega: “Um dia eu mudo de emprego”, “Um dia eu digo que a amo”, “Um dia eu faço aquela viagem”, “Um dia eu me dedico àquele projeto voluntário”.

A vida vai ficando para depois, como se o tempo fosse um recurso infinito. A tragédia é aprender a valorizar o que temos apenas quando o perdemos - um ente querido, uma oportunidade, um momento que não volta.

Marcos Piangers, nos convida a refletir sobre o que realmente importa. Em um mundo acelerado, onde as redes sociais glorificam a perfeição e o consumo, é fácil cair na armadilha de viver para o futuro ou para as aparências.

Mas a vida é agora. É o café da manhã compartilhado com a família, a conversa despretensiosa com um amigo, o tempo que dedicamos a ouvir quem amamos.

A tragédia não é o fim da vida, mas a ausência de vida enquanto estamos aqui. É passar os dias em branco, sem cor, sem propósito, sem conexão. Para além da mensagem de Piangers, podemos olhar para exemplos concretos que ilustram essa reflexão.

Em 2020, a pandemia de COVID-19 escancarou a fragilidade da existência, forçando milhões de pessoas a repensarem suas prioridades. Muitos perceberam, tarde demais, que o tempo com a família, os momentos de afeto e as pequenas alegrias do cotidiano eram mais valiosos do que a correria por conquistas materiais.

Histórias de pessoas que, diante da perda, redescobriram o valor de um abraço ou de uma ligação para um parente distante reforçam a mensagem: o que nos define não é o que acumulamos, mas o que vivemos.

A filosofia de Piangers ecoa também em movimentos contemporâneos, como o minimalismo e a busca por uma vida mais intencional. Pessoas ao redor do mundo têm trocado carreiras estressantes por trabalhos que as realizem, priorizado experiências em vez de bens e buscado conexões humanas mais profundas. Esse despertar coletivo é um lembrete de que a vida é curta e imprevisível, e que cabe a nós preenchê-la com significado.

Portanto, a verdadeira tragédia não é o inevitável - a doença, o acidente, a morte. A tragédia é não ter vivido plenamente enquanto tínhamos a chance. É deixar que o medo, a rotina ou as distrações nos afastem do que realmente importa.

Que possamos, então, viver o hoje com gratidão, com coragem e com amor, porque o amanhã é apenas uma possibilidade, mas o agora é a única certeza.

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