No dia
17 de fevereiro de 1600, um homem foi queimado vivo na praça do Campo de Fiori,
em Roma, por ordem da Inquisição. Seu nome era Giordano Bruno, e seu crime foi
pensar diferente.
Giordano
Bruno foi um filósofo, matemático, astrônomo, poeta e frade dominicano
italiano, que viveu no século XVI. Ele defendia ideias revolucionárias para a
sua época, como a de que o universo era infinito, que havia outros mundos
habitados, que o sol era apenas uma estrela entre muitas, e que a Terra girava
em torno dele.
Ele
também questionava a natureza divina de Cristo, a virgindade de Maria, a
Trindade e a transubstanciação. Bruno foi um dos primeiros a apoiar o modelo
heliocêntrico de Copérnico, que colocava o sol no centro do sistema solar,
contrariando a visão geocêntrica da Igreja Católica, que afirmava que a Terra
era o centro do universo e que tudo girava em torno dela.
Bruno
foi além de Copérnico, e propôs que o universo não tinha limites nem centro, e
que as estrelas eram sóis distantes, cercados por seus próprios planetas.
Bruno
também se interessava por temas esotéricos, como a magia, a cabala, o
hermetismo e a mnemônica, uma técnica de memorização baseada em imagens e
associações. Ele escreveu vários livros sobre esses assuntos, além de obras
filosóficas, poéticas e teatrais.
Por
causa de suas ideias heterodoxas, Bruno teve que fugir de vários lugares onde
morou, como Nápoles, Gênova, Paris, Londres, Oxford, Wittenberg, Praga e
Frankfurt.
Ele foi
perseguido tanto pela Igreja Católica quanto pelas igrejas protestantes, que o
consideravam herege e blasfemo. Em 1592, Bruno foi a Veneza, a convite de um
nobre chamado Giovanni Mocenigo, que queria aprender sua técnica de
memorização.
Mocenigo,
porém, era um espião da Inquisição, e o denunciou às autoridades. Bruno foi preso
e interrogado em Veneza, e depois transferido para Roma, onde ficou encarcerado
por sete anos.
Durante
o seu julgamento, Bruno foi acusado de negar várias doutrinas católicas
essenciais. A Inquisição exigiu que ele se retratasse de suas teorias, mas Bruno
se recusou, dizendo que não tinha nada a se arrepender, e que suas ideias eram
filosóficas e não religiosas.
Em 8 de
fevereiro de 1600, Bruno foi condenado à morte na fogueira, como um “herege
impenitente, obstinado e pertinaz”. Nove dias depois, ele foi levado ao Campo
de Fiori, onde foi amordaçado, amarrado a um poste e queimado vivo.
Dizem
que, antes de morrer, ele olhou para os seus juízes e disse: “Talvez vocês
tenham mais medo de pronunciar a minha sentença do que eu de recebê-la”.
A morte
de Bruno foi um dos episódios mais trágicos e emblemáticos da história do livre
pensamento e da ciência. Bruno foi um visionário, que antecipou conceitos que
só seriam confirmados séculos depois, como a teoria do Big Bang e a existência
de exoplanetas.
Ele
também foi um mártir, que pagou com a vida por defender a sua liberdade de
expressão e de investigação. Hoje, no lugar onde Bruno foi queimado, há uma
estátua em sua homenagem, erguida em 1889 por iniciativa de um grupo de
intelectuais e artistas.
A
estátua mostra Bruno de pé, com um olhar desafiador, segurando um livro na mão.
Em sua base, há uma inscrição que diz: “A Bruno - o século que ele previu -
aqui, onde o fogo ardeu”.
Giordano Bruno é um exemplo de coragem, de curiosidade e de busca pela verdade. Ele nos inspira a questionar o que nos é imposto, a explorar o que nos é desconhecido, e a admirar o que nos é maravilhoso. Ele nos lembra que o universo é maior do que imaginamos, e que nós somos parte dele.” (Watechika Dali)
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