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sábado, fevereiro 24, 2024

Giordano Bruno: o mártir da ciência


 

No dia 17 de fevereiro de 1600, um homem foi queimado vivo na praça do Campo de Fiori, em Roma, por ordem da Inquisição. Seu nome era Giordano Bruno, e seu crime foi pensar diferente.

Giordano Bruno foi um filósofo, matemático, astrônomo, poeta e frade dominicano italiano, que viveu no século XVI. Ele defendia ideias revolucionárias para a sua época, como a de que o universo era infinito, que havia outros mundos habitados, que o sol era apenas uma estrela entre muitas, e que a Terra girava em torno dele.

Ele também questionava a natureza divina de Cristo, a virgindade de Maria, a Trindade e a transubstanciação. Bruno foi um dos primeiros a apoiar o modelo heliocêntrico de Copérnico, que colocava o sol no centro do sistema solar, contrariando a visão geocêntrica da Igreja Católica, que afirmava que a Terra era o centro do universo e que tudo girava em torno dela.

Bruno foi além de Copérnico, e propôs que o universo não tinha limites nem centro, e que as estrelas eram sóis distantes, cercados por seus próprios planetas.

Bruno também se interessava por temas esotéricos, como a magia, a cabala, o hermetismo e a mnemônica, uma técnica de memorização baseada em imagens e associações. Ele escreveu vários livros sobre esses assuntos, além de obras filosóficas, poéticas e teatrais.

Por causa de suas ideias heterodoxas, Bruno teve que fugir de vários lugares onde morou, como Nápoles, Gênova, Paris, Londres, Oxford, Wittenberg, Praga e Frankfurt.

Ele foi perseguido tanto pela Igreja Católica quanto pelas igrejas protestantes, que o consideravam herege e blasfemo. Em 1592, Bruno foi a Veneza, a convite de um nobre chamado Giovanni Mocenigo, que queria aprender sua técnica de memorização.

Mocenigo, porém, era um espião da Inquisição, e o denunciou às autoridades. Bruno foi preso e interrogado em Veneza, e depois transferido para Roma, onde ficou encarcerado por sete anos.

Durante o seu julgamento, Bruno foi acusado de negar várias doutrinas católicas essenciais. A Inquisição exigiu que ele se retratasse de suas teorias, mas Bruno se recusou, dizendo que não tinha nada a se arrepender, e que suas ideias eram filosóficas e não religiosas.

Em 8 de fevereiro de 1600, Bruno foi condenado à morte na fogueira, como um “herege impenitente, obstinado e pertinaz”. Nove dias depois, ele foi levado ao Campo de Fiori, onde foi amordaçado, amarrado a um poste e queimado vivo.

Dizem que, antes de morrer, ele olhou para os seus juízes e disse: “Talvez vocês tenham mais medo de pronunciar a minha sentença do que eu de recebê-la”.

A morte de Bruno foi um dos episódios mais trágicos e emblemáticos da história do livre pensamento e da ciência. Bruno foi um visionário, que antecipou conceitos que só seriam confirmados séculos depois, como a teoria do Big Bang e a existência de exoplanetas.

Ele também foi um mártir, que pagou com a vida por defender a sua liberdade de expressão e de investigação. Hoje, no lugar onde Bruno foi queimado, há uma estátua em sua homenagem, erguida em 1889 por iniciativa de um grupo de intelectuais e artistas.

A estátua mostra Bruno de pé, com um olhar desafiador, segurando um livro na mão. Em sua base, há uma inscrição que diz: “A Bruno - o século que ele previu - aqui, onde o fogo ardeu”.

Giordano Bruno é um exemplo de coragem, de curiosidade e de busca pela verdade. Ele nos inspira a questionar o que nos é imposto, a explorar o que nos é desconhecido, e a admirar o que nos é maravilhoso. Ele nos lembra que o universo é maior do que imaginamos, e que nós somos parte dele.” (Watechika Dali)

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