Guarda Suíça Pontifícia é
o corpo de guarda responsável desde 22 de janeiro de 1506 pela segurança
do Papa. Hoje constitui também as forças armadas da Cidade do Vaticano.
Atualmente a Guarda Suíça
é composta por cinco oficiais, 26 sargentos e cabos e 78 soldados. É a única
guarda do mundo cuja bandeira é alterada com cada novo chefe de Estado, pois
contém o emblema pessoal do Papa.
O dia 6 de maio é a
data de admissão de novos guardas. Estes prestam juramento diante do Papa e
fazem o juramento com a mão direita levantada e os três dedos do meio abertos,
recordando a Santíssima Trindade (cristianismo).
É o único grupo de
soldados particulares que a lei suíça aceita. Do corpo da Guarda Suíça só podem
fazer parte homens de robusta e rude constituição física, com um mínimo de 1,74
m de altura, católicos, com diploma profissional ou ensino médio concluído, com
idade entre 18 e 30 anos, e não casados (só os cabos, sargentos e oficiais
podem ser casados).
Devem também ter feito já
treino militar do exército suíço, não ter registro criminal e ser de reputação
social absolutamente imaculada. Dois anos, eventualmente renováveis até um
máximo de 20, são o tempo de compromisso máximo de um membro da Guarda Suíça.
O curioso uniforme da
Guarda Suíça é um espetáculo à parte. Com sua malha de cetim nas cores
azul-real, amarelo-ouro e vermelho-sangue, causa estranheza que um soldado
esteja trajado com roupas tão coloridas. Pode ser visto tanto no Vaticano
quanto no castelo Papal de Avinhão, sede do papado nos séculos XIII a XIV.
A língua oficial da
Guarda Suíça é o alemão. O seu lema é "Com coragem e fidelidade" e
tem como patronos São Martinho (festa em 11 de novembro), São Sebastião (festa
em 20 de janeiro) e São Nicolau von Flue, "Defensor Pacis et pater
patriae" (orago da Suíça, com festa em 25 de setembro).
Entre as suas tarefas
encontram-se a prestação de serviços diversos para o Papa, tais como a guarda
em visitas de autoridades estrangeiras, o acompanhamento e assistência ao Papa
durante viagens internacionais ou a prestação, à paisana, de serviços de
segurança do Papa, ocasião em que os guardas se misturam com as multidões na
Praça de São Pedro.
Nesse caso os soldados da Guarda Suíça servem como guarda-costas, estando equipados com armamento variado e modernos equipamentos de comunicação.
História
Inicialmente a Guarda
Suíça era um conjunto de soldados mercenários suíços, que combatiam por
diversas potências europeias entre os séculos XV e XIX em troca de
pagamento. Hoje só servem o Vaticano.
A Guarda Suíça do
Vaticano foi formada em 1506 em atendimento a uma solicitação de proteção feita
em 1503 pelo Papa Júlio II aos nobres suíços. Cerca de 150 nobres
tidos como os melhores e mais corajosos chegaram a Roma vindos dos cantões
de Zurique, Um, Unterwalden e Lucerna. O seu comandante era o capitão Kaspar
von Silenen.
A batalha mais expressiva
foi em 6 de maio de 1527, quando as tropas invasoras imperiais de Carlos V de
Habsburgo, em guerra com Francisco I, entram em Roma. O exército imperial era
composto de cerca de 18 000 mercenários.
Em frente à Basílica de
São Pedro e depois nas imediações do Altar-Mor, a Guarda Suíça lutou
contra cerca de 1 000 soldados alemães e espanhóis. Combateram ferozmente
formando um círculo em volta do Papa Clemente VII visando protegê-lo e
levá-lo em segurança ao Castelo de Santo Ângelo.
Faleceram 147 guardas dos
189 que a compunham na época, mas em contrapartida 900 dos 1 000 mercenários do
assalto caíram mortos pelas alabardas dos suíços.
O Papa Pio V (1566-1572)
enviou a Guarda Suíça para combater na Batalha de Lepanto, contra os turcos.
Com Pio VI a guarda foi dissolvida já que este Papa foi enviado para o
exílio por Napoleão.
A guarda voltou a
formar-se em 1801 e, em 1848, desempenhou um papel decisivo na defesa do
Palácio Apostólico frente aos revolucionários nacionalistas italianos.
Quando a Alemanha Nazi ocupou
Roma em setembro de 1943, a Guarda Suíça e as outras unidades que na época
constituíam as formas armadas papais, como a Guarda Palatina, foram colocadas
em estado de alerta.
Houve um aumento no
número de postos de vigia. Os guardas trocaram as alabardas e espadas por
espingardas Mauser 98k, baionetas e cartucheiras com 60 substituições de
munição, como medida de precaução.
Embora as tropas alemãs
patrulhassem o território italiano até à Praça de São Pedro, não houve qualquer
tentativa de invasão pela fronteira do Vaticano nem qualquer confronto
entre a Guarda Suíça e tropas alemãs.
Nessa altura a Guarda
tinha apenas 60 homens, pelo que poderia apenas ter feito uma resistência
simbólica a qualquer ataque. No próprio dia em que os alemães ocuparam Roma o
Papa Pio XII deu ordens que proibiam a Guarda Suíça de derramar sangue em
sua defesa.
Desde a tentativa de
assassinato do Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981, as funções não
cerimoniais da guarda passaram a receber uma maior atenção. Os soldados
passaram a utilizar pequenas armas de fogo e atuar como uma guarda pessoal
moderna, inclusive com membros à paisana acompanhando o Papa em suas viagens ao
exterior para sua proteção
Em 4 de maio o
coronel da Guarda Suíça Alois Estermann, a sua mulher Gladys Meza Romero e o
vice-cabo Cédric Tornay foram encontrados mortos no apartamento de Estermann. A
versão oficial do Vaticano atribuiu a responsabilidade do delito ao vice-cabo
Tornay.
Nas comemorações do 500º
aniversário da Guarda Suíça em abril de 2006, 80 ex-guardas marcharam de
Bellinzona no sul da Suíça para Roma, fazendo o mesmo trajeto da marcha
dos 200 guardas suíços originais que assumiram o serviço papal em 1505.
Em tempos recentes a
guarda atua juntamente com as autoridades italianas para evitar ataques
terroristas, sobretudo depois de ameaças do Estado Islâmico do Iraque e do
Levante.
Os guardas assinam um
contrato de dois anos e obtêm um soldo mensal de 1 200 euros. São
celibatários (exceto os oficiais, sargentos e cabos) e é-lhes formalmente
interdito dormir fora do Vaticano.
O seu alojamento é a
caserna da guarda. A vida quotidiana é preenchida também com celebrações
litúrgicas. A guarda dispõe de uma capela onde oficia o capelão do
exército pontifício.
Uniforme
O uniforme que hoje a
Guarda usa foi desenhado por Jules Répond (comandante no período 1910-1921)
a partir do modelo que se atribui a Michelangelo por volta de 1506, pelo
que é considerado um dos uniformes militares mais antigos do mundo, e muito
mais vistoso, alegre e colorido que o do século XIX.
O capacete é
decorado com uma pluma vermelha, as luvas são brancas e a couraça tem
reminiscências medievais. A cor vermelha foi introduzida pelo Papa leão X, em
homenagem ao escudo dos Médici, e simboliza também o sangue derramado em defesa
do Papa.
A Guarda Suíça não
utiliza botas, sendo calçadas meias aderentes às pernas e presas à
altura dos joelhos por uma liga dourada, sendo eventualmente cobertas por
polainas. Em geral, o uniforme recorda o esplendor das cortes do Antigo Regime,
e o orgulho de ser soldado, combater e servir o Papa.
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