Atualmente os cientistas
admitem que o dilúvio, que teria assolado todo o planeta, não existiu, pois até
hoje não foram encontrados os vestígios dos milhões de fósseis (cadáveres) de
animais e homens e restos de plantas que supostamente teriam perecido e sido
soterrados por uma grande camada de lodo, conforme escritos da bíblia.
Na Mesopotâmia, onde hoje é
o Iraque existe uma camada de lama de 3 metros, que separa artefatos
paleolíticos de artefatos e construções de civilizações neolíticas.
Inicialmente, essa camada foi interpretada como de origem marinha e como uma
prova do dilúvio.
Uma análise mais detalha
mostra que a camada de lama se originou de enchentes naturais dos rios Tigre e
Eufrates e que essa camada não tem fósseis de seres humanos ou de animais.
As evidências indicam que a
Arca de Noé construída conforme as instruções de Deus, não teria condições de
abrigar todos os animais (e plantas), pois Noé teria que reproduzir todos os
ambientes ecológicos da Terra, em uma simples arca, em sete dias.
Existem animais que
sobrevivem somente nos trópicos, outros somente nos círculos ártico e
antártico, desertos, selvas fechadas, cavernas, copas de árvores, montanhas,
mangues etc. Alguns animais retirados de seu ambiente natural morrem
rapidamente.
Também como poderiam ficar
lado a lado, por quarenta dias, durante o dilúvio, predadores, que comem carne
fresca, e presas?
Os animais predadores
esperariam suas presas se reproduzirem após o dilúvio, para depois se
alimentarem dos seus descendentes?
Pois se esperassem morreriam
de fome, se não esperassem matariam muitas presas que fariam parte dos casais
de animais transportados por Noé.
Morresse o macho ou a fêmea
de uma espécie, essa espécie não mais se propagaria, desaparecendo totalmente.
Sabe-se atualmente que para
cada animal predador deve existir elevado número de presas para subsistirem,
tanto as presas como os predadores.
Existe também uma cadeia de
predadores, um dia eles são a caça, outro o caçador. Estudos paleontológicos
(paleontologia é a ciência que estuda os fósseis) não indicam o desaparecimento
repentino de elevado número de espécies por volta de 5.000 anos atrás.
Como os milhões de espécies existentes de animais dos continentes e de milhares de ilhas poderiam ser reunidos em tão pouco tempo e por pouca gente?
Teriam sido construídos
outros barcos menores para o transporte e reunião dos animais? Seria possível
construir barcos velozes para percorrer todos os oceanos em tempo tão reduzido?
Quantas embarcações,
tripulações e caçadores seriam necessários para retirar um casal de animais de
todos os recantos do mundo?
Afinal de onde teria vindo
tanta água para ela alcançar alturas enormes? Digamos, seria necessário
adicionar uma coluna de água de mais de 4.000 m para eliminar todos
os homens e seres vivos da Terra, pois vivem pessoas e animais a mais
de 4.000 m de altura atualmente e o fariam também no passado.
Por exemplo, nos
Andes, La Paz fica a 3.640 metros e Potosi a 4080m de
altitude, ambas as cidades na Bolívia.
Como e em quanto tempo toda
a água do dilúvio teria sido drenada e para onde?
Um volume de água assim
dobraria a quantidade desse líquido no planeta, diluiria e reduziria a
salinidade dos mares e dos oceanos à metade, o que provocaria uma catástrofe
inigualável no meio ambiente oceânico, dizimando a vida aquática marinha, que
vive em equilíbrio, por milhões de anos, com a quantidade de sal de cerca
de 35 gramas por litro de água.
Os invertebrados marinhos,
alguns fixos, que vivem nas orlas dos oceanos também não resistiriam à pressão
exercida por uma coluna de 4.000 m de água e não poderiam se
locomover suficientemente rápido, para locais altos por milhares de
quilômetros, para acompanhar a subida das águas. O Brasil seria totalmente
encoberto pela água.
Os rios, lagoas, lagos e
mares internos desapareceriam, pois seriam todos cobertos pela coluna de água
que se tornaria contida em um único oceano para a Terra toda.
Como então existem tantos
animais que vivem atualmente na água doce? A bíblia nada informa a respeito.
Uma coluna de água da
altura mencionada cobriria o gelo das regiões polares, tornando o clima da
Terra extremamente quente.
As plantas encobertas por
água salgada, também pereceriam. A recuperação da vegetação seria lenta,
através de brotação de algumas e de esporos e sementes de outras espécies
vegetais que estivessem no solo e resistissem a água salgada isso tornaria os
alimentos escassos por muito tempo, eliminando, assim muitos animais
sobreviventes da arca, principalmente os casais de herbívoros e depois os
casais de carnívoros.
Pássaros e insetos não
poderiam sobreviver ao suposto dilúvio, pois o ambiente e a temperatura das
altitudes acima de 4.000, com poucas árvores e plantas diferentes das plantas
de baixa altitude, lhes seria letal.
Os insetos que se alimentam
de folhas, frutos e néctar de flores de plantas ficariam sem alimentos e os
pássaros que se alimentam de insetos, larvas do solo, sementes, frutos ou
folhas também pereceriam.
Um vídeo recente mostra, em
vista aérea, a presença de uma suposta ponta da Arca de Noé no Monte Ararat,
parcialmente encoberta por neve, a milhares de metros de altura, mas na
realidade, são rochas vulcânicas e não madeira do barco, conforme comprovado
por uma das expedições que foi verificar, no local, a verdadeira natureza do
material mostrado no vídeo.
Após as chuvas do dilúvio,
o desembarque dos animais da arca no suposto Monte Ararat (5.156m) na Turquia,
seria muito difícil, em terreno íngreme, escalável somente por alpinistas
equipados, com temperaturas abaixo de zero, como foi observado por várias
equipes que escalaram o Monte Ararat em busca da imaginária Arca de Noé. Ali
também não haveria água potável.
A bíblia não fala da
devolução, após o dilúvio, por Noé e sua pequena família remanescente, de todos
os animais a seus respectivos habitats naturais em todo o planeta.
Nesta altura dos
acontecimentos só existiria a família de Noé que não teria condições de
realizar sozinha o repatriamento global de todos os animais.
Em vista desta discussão,
verifica-se que a história do dilúvio é apenas uma lenda ou mito que nada teve
a ver com a realidade. É melhor analisar para concluir do que simplesmente
acreditar.
Dr. Mário Vicente Caputo especialista em Estratigrafia e é professor na UFPA.
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