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sábado, outubro 07, 2023

Nos Bastidores do Reino


  

Os originais de Nos Bastidores do Reino chegaram as minhas mãos há mais de um ano.

O integrante e que morava no meio do nada, perto das montanhas de São Francisco, na Califórnia, e o remetente era um desconhecido brasileiro que vivia em Nova Iorque.

Abri o envelope na varanda da minha casa, me perguntando como ele me achou e por que eu.

Estava ocupado, tinha compromissos marcados, mas li a primeira linha e só sai da varanda ao anoitecer, depois de ter lido o livro em uma tacada. A primeira coisa que me veio à cabeça: ainda bem que ele me achou e me escolheu.

Prepare-se: ler Nos Bastidores do Reino e um evento de transformação. Ninguém será o mesmo depois de conhecer os detalhes da vida de Mário Justino, mas vele a pena correr o risco.

Ainda não se criou uma designação para este estilo literário. Seria o que, literatura emocional, visceral? Pensando bem, pouco importa o estilo. É um livro, como todos os livros buscam ser: um acontecimento na vida do leitor.

A começar; a história nebulosa da formação de um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, que cresceu com a crise espiritual do homem moderno, dando respostas objetivas à carência moral de milhares de fiéis abandonados por outras seitas.

Os métodos da igreja são questionados. Aproveita-se da fé para extorquir milhões?

Poderíamos concluir que a religião vira um negócio, e uma técnica é desenvolvida para confundir a “vítima”, relendo a Bíblia e deturpando o pensamento cristão.

Nos bastidores, premiam-se os pastores que conseguem arrecadar mais dinheiro. As fofocas giram em torno do sucesso, ou fracasso financeiro de tal filial.

O poder sobe à cabeça, e estilo de vida nada religioso passa a ser a norma entre os líderes da igreja.

De festa em festa, nosso personagem e contaminado pelo vírus da AIDS, e expulso da igreja, e desce aos poucos os degraus do inferno.

Em pouco tempo, o garoto da Universal perde tudo e vive seu calvário pessoal, nas sombras de uma estação de metrô de Nova York, aquecendo-se numa fogueira com outros mendigos (os de possuídos) pensando em roubar para comprar drogas e planejando o assassinato do bispo Edir Macedo, líder da seita.

Não é apenas um livro denúncia. A própria teologia está em debate. De repente, estamos, agora sim, em frente à pobreza e à verdade do ideal cristão.

Chegamos a acreditar que Mário Justino é mais Jesus que toda a pompa papal e a conta bancaria da Universal.

São escritores como ele que podem nos salvar e iluminar alguns caminhos. Faça bom prato das palavras de um homem que viu de tudo, que viveu os extremos, e pode ser considerado, em teoria, um herói.

Marcelo Rubens Paiva

São Paulo, primavera de 1995.

Observando:
Prefácio do Livro, Nos Bastidores do Reino, do ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, Mário Justino, carioca, que conta, após ser miseravelmente abandonado nos Estados Unidos, por Edir Macedo, dono da instituição, toda sujeira existente entre os pastores dessa famigerada e usurpadora da boa-fé de pessoas simples que não tem quase nada e o pouco que tem é praticamente obrigado a doar para a igreja.


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