Revolta
de Nica ou Nice aconteceu no ano de 532 no Hipódromo de
Constantinopla, durando cerca de uma semana até que fosse contida pelo
Imperador Justiniano I. Eclodiu porque houve uma dúvida sobre qual dos cavalos
vencera a corrida.
Nice era
o cavalo pelo qual a população torcia, e chegara quase empatado com outro
concorrente, o da equipe do Imperador. Consultado para resolver o dilema,
Justiniano declarou que o vencedor era o seu cavalo.
A
plebe, enfurecida, rebelou-se e começou uma discussão entre as várias classes
sociais. A revolta, de fato, não se deu simplesmente por causa do
resultado de uma corrida de cavalos, mas sim por uma série de motivos que já estavam
acontecendo há muitos anos e incomodavam a população.
A fome,
a falta de moradia e, sobretudo, os altos impostos eram os maiores motivos de
revolta. Em Constantinopla existiam organizações desportivas rivais, que
defendiam suas cores no hipódromo, onde a rivalidade desportiva refletia
divergências sociais, políticas e religiosas.
Eram os
Verdes, os Azuis, os Brancos e os Vermelhos. Esses grupos haviam-se
transformado em "partidos políticos". Os Azuis reuniam
representantes dos grandes proprietários rurais e da ortodoxia da igreja Romana.
Já
os Verdes, em matéria política, eram partidários da democracia pura
ou anárquica, e incluíam em suas fileiras altos funcionários nativos das
províncias orientais, comerciantes, artesãos e adeptos da doutrina monofisita (que
queria ver em Jesus Cristo apenas a natureza divina), condenada pelo Concílio
de Calcedônia.
Até
então os imperadores tinham tentado enfraquecer um grupo, apoiando o outro.
Justiniano recusou essa solução, provocando a união dos Verdes e Azuis,
que se rebelaram. A rebelião se propagou rapidamente por toda a capital e
ganhou grandes proporções.
A
população queria uma diminuição dos altos impostos cobrados. Aos gritos de
nica! (quer dizer "Vitória"), os rebeldes massacraram a guarda real e
dominaram quase toda a cidade, proclamando um novo imperador. Como descreve
Auguste Bailly, a população atacou os edifícios que por sua majestade ou
riqueza lhe pareciam simbolizar a ordem social que queria abater.
Assim
foi incendiada quase totalmente a Igreja de Santa Sofia, e o Palácio Imperial sofreu
grandes devastações. Diante da gravidade da situação, Justiniano ameaçou deixar
o trono, mas foi aconselhado por sua mulher Teodora, a qual disse:
“Ainda
mesmo que a fuga seja a única salvação, não fugirei, pois aqueles que usam a
coroa não devem sobreviver à sua perda. Se quiseres fugir, César, foges. Tens
dinheiro, teus navios estão prontos e o mar aberto. Eu, porém, ficarei. Gosto
desta velha máxima: a púrpura é uma bela mortalha.” |
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Diante
disso, Justiniano decidiu reagir e encarregou o general Belisário de
cercar o hipódromo e aniquilar os revoltosos. A revolta foi rapidamente
reprimida pelo general que, ao lado de seu exército, degolou cerca de trinta
mil pessoas. Com a oposição controlada, Justiniano pôde, a partir de
então, reinar como um autocrata.
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