Quinto Sertório, foi um
general e político romano. Tomou o lado de Caio Mário na guerra civil que
opôs o partido deste ao de Lúcio Cornélio Sula. Sua família era importante em
Nussa, uma cidade dos sabinos. Seu pai morreu cedo, e ele foi criado pela
sua mãe viúva, de nome Rhea.
Em 83 a.C. foi
enviado como procônsul para a Península Ibérica, onde assumiu o governo
tanto da Hispânia Ulterior como da Citerior. Após a vitória de Sula na
Itália, este enviou contra Sertório um exército sob o comando de Caio Ânio que
o expulsou das suas províncias, forçando-o a levar uma vida de salteador em
terras africanas.
Sertório iniciou em 80
a.C. uma campanha na Península Ibérica para recuperar as suas
províncias, após os lusitanos lhe terem prometido o seu apoio e o terem
convidado a ser seu líder.
General hábil, derrotou
então sucessivos exércitos romanos enviados contra si. Por outro lado, tido
também como político e sábio administrador, logrou insinuar-se, pouco a pouco,
entre as diferentes tribos, introduzindo vários elementos dos costumes romanos.
Fez com que as crianças,
filhas dos chefes tribais, fossem à escola em Osca, onde recebiam uma educação
romana e adoptavam as vestes dos jovens romanos. Depois de uma revolta das
tribos, Sertório executou diversas destas crianças, filhos dos chefes tribais
que ele tinha enviado para a escola em Osca, e vendeu as sobreviventes como
escravas.
"Sertório colocou de
lado sua antiga clemência e mansidão e forjou injustiça contra os filhos dos
ibéricos que estavam a ser educados em Osca, matando alguns, e vendendo outros
para a escravatura."
Sertório dominou grande
parte da Península Ibérica até à sua morte, derrotando sucessivamente os
exércitos, comandados pelos generais romanos com mais reputação na época, como
Cneu, Pompeio ou Quinto Cecílio Metelo Pio, enviados contra ele.
O seu sucesso levou
também a que os seus domínios na Península Ibérica servissem de refúgio a
vários romanos fugidos de Roma em virtude dos sobressaltos políticos lá
vividos. Um reforço substancial que recebeu terá sido aquele levado por Marco
Perperna Ventão em 77 a.C. após a derrota na Itália da revolta
conduzida por Lépido.
Sertório foi assassinado
num banquete pelo seu lugar-tenente Perperna e por outros dos seus
oficiais. A sua morte significou o rápido colapso da resistência contra o poder
estabelecido em Roma.
A política de
assimilação, adoptada pelo governo de Roma em relação às suas conquistas,
acabou por transformar o território numa província romana, fato para que até
certo ponto concorrera a administração de Sertório ao tentar implantar entre os
lusitanos os usos e os costumes da civilização romana. O nome de Sertório está
ligado à lenda da fundação da Sertã.
Plutarco dedicou-lhe
uma biografia das suas Vidas Paralelas, em que o comparou a Felipe II da
Macedônia, Antígono Monoftalmo e Aníbal, que, como ele, também tinham
perdido um olho.
A sua vida é escrita em
paralelo à de Euménio de Cárdia, um general de Alexandre Magno: "Ambos
nasceram para liderar e eram dotados de grande talento para a guerra e de
habilidade para frustrarem os seus inimigos.
Ambos estavam exilados dos seus países, comandavam soldados estrangeiros e, nas suas mortes, sofreram uma Fortuna que lhes foi dura e injusta, pois ambos foram vítimas de conspirações e foram mortos pelos mesmos homens com quem tinham vencido os seus inimigos."
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