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Lucy Noël Martha Leslie, Condessa de Rothes |
Lucy Noël Martha Leslie, Condessa de Rothes: Uma Heroína do Titanic e Filantropa Exemplar
Lucy
Noël Martha Leslie, Condessa de Rothes, nascida Dyer-Edwardes, veio ao mundo em
25 de dezembro de 1878, em Londres, Inglaterra. Casada com Norman Evelyn
Leslie, 19º Conde de Rothes, Noël, como era carinhosamente chamada, destacou-se
não apenas como uma figura proeminente da alta sociedade britânica, mas também
como uma filantropa dedicada e uma heroína durante o trágico naufrágio do RMS
Titanic em 1912.
Uma Figura de Destaque na Sociedade Londrina
Noël
era amplamente admirada por sua beleza, inteligência vibrante e graça
inconfundível. Conhecida por sua habilidade na dança e por sua energia
incansável, ela desempenhava um papel central na organização de eventos de
caridade patrocinados pela realeza e pela nobreza britânica.
Sua
presença carismática e seu compromisso com causas sociais a tornaram uma
personalidade querida nos círculos sociais de Londres. Durante muitos anos, ela
dedicou-se a obras de caridade por todo o Reino Unido, com ênfase especial em
sua colaboração com a Cruz Vermelha.
Durante
a Primeira Guerra Mundial, Noël serviu como enfermeira no Coulter Hospital, em
Londres, além de desempenhar um papel crucial na angariação de fundos para a
instituição. Sua generosidade também se estendeu à Queen Victoria School e ao
The Chelsea Hospital for Women, hoje conhecido como Queen Charlotte’s and
Chelsea Hospital, onde atuou como uma das principais benfeitoras.
A Jornada no Titanic
Noël
Rothes é mais lembrada por sua coragem e liderança durante o naufrágio do
Titanic, um dos eventos mais marcantes da história marítima. Em 10 de abril de
1912, ela embarcou no navio em Southampton, acompanhada de seus pais, Thomas e
Clementina Dyer-Edwardes, sua prima pelo lado do marido, Gladys Cherry, e sua criada,
Roberta Maioni.
Seus
pais desembarcaram em Cherbourg-Octeville, na França, enquanto Noël, Gladys e
Roberta continuaram a viagem com destino a Nova York, e possivelmente a
Vancouver, na Colúmbia Britânica, onde o Conde de Rothes estava a negócios.
Antes
da partida, Noël concedeu uma entrevista ao correspondente londrino do New York
Herald, na qual expressou entusiasmo pela viagem, mencionando que ela e o
marido estavam considerando a compra de um laranjal na Costa Oeste dos Estados
Unidos.
Questionada
sobre deixar a alta sociedade londrina por uma vida rural na Califórnia, ela
respondeu com otimismo: “Estou cheia de alegres expectativas.” Originalmente
instaladas na cabine C-37, da Primeira Classe, Noël e Gladys foram transferidas
para uma suíte mais ampla, possivelmente a C-77 (embora algumas fontes citem a
cabine B-77).
Na
noite de 14 de abril de 1912, às 23h40, o Titanic colidiu com um iceberg. Noël
e Gladys, que estavam em suas camas, foram acordadas pelo impacto. Após subirem
ao convés para investigar, foram orientadas pelo capitão Edward Smith a
retornar às suas cabines e vestir coletes salva-vidas.
Liderança no Bote Salva-Vidas
Noël,
Gladys e Roberta embarcaram no bote salva-vidas número 8, que foi baixado por
volta de 1h00 da madrugada de 15 de abril, sendo um dos primeiros botes a
deixar o lado de bombordo do navio. Sob o comando do marinheiro Thomas William
“Tom” Jones, Noël rapidamente assumiu um papel de liderança.
Jones,
impressionado com sua determinação, afirmou mais tarde: “Ela tinha muito a
dizer, então eu a coloquei para conduzir o bote.” Noël manejou o leme por mais
de uma hora, guiando o bote para longe do navio que afundava, enquanto mantinha
a calma e incentivava os outros sobreviventes.
Sua
força de espírito foi fundamental para manter o moral elevado em meio ao caos e
ao frio intenso da noite. Quando pediu a Gladys que assumisse temporariamente o
leme, Noël dedicou-se a confortar outros passageiros, incluindo María Josefa
Peñasco y Castellana, uma jovem espanhola recém-casada que perdera o marido no
naufrágio.
Durante
toda a noite, Noël remou incansavelmente e encorajou os ocupantes do bote com
sua serenidade e otimismo. Quando o navio de resgate RMS Carpathia foi avistado
ao amanhecer, a esperança retornou. Os sobreviventes, inspirados pelo momento,
começaram a cantar o hino “Pull for the Shore”, de Philip Bliss.
Noël,
então, sugeriu que cantassem “Lead, Kindly Light”, um hino que refletia sua fé
e determinação: “Lead, kindly light, amid the encircling gloom / Lead thou me
on! / The night is dark, and I’m far from home / Lead thou me on!”
Após o Naufrágio
O
resgate pelo Carpathia marcou o fim de uma provação angustiante, mas o impacto
do Titanic permaneceu com Noël pelo resto de sua vida. Sua coragem foi
amplamente reconhecida, e Tom Jones, o marinheiro que comandava o bote 8,
manteve contato com ela após o desastre, enviando-lhe uma placa de prata do
bote como lembrança de sua bravura.
Noël
continuou seu trabalho filantrópico com ainda mais dedicação, talvez motivada
pela experiência de sobrevivência que reforçou seu compromisso com os menos
afortunados.
Legado e Representações na Mídia
A
história de Noël Rothes foi retratada em várias produções cinematográficas e
televisivas. No filme para TV de 1979, S.O.S. Titanic, ela foi interpretada por
Kate Howard. Em Titanic (1997), de James Cameron, Rochelle Rose deu vida à
condessa, e na minissérie de 2012, também intitulada Titanic, de Julian
Fellowes, Pandora Collin assumiu o papel.
Essas
representações destacam sua coragem e compostura, embora muitas vezes com
alguma licença artística.
Vida Posterior e Morte
Após o
Titanic, Noël continuou a viver uma vida dedicada à filantropia e à família.
Seu envolvimento com a Cruz Vermelha e outras instituições de caridade
permaneceu constante, e ela continuou sendo uma figura respeitada na sociedade
britânica.
Lucy
Noël Martha Leslie, Condessa de Rothes, faleceu em 12 de setembro de 1956,
deixando um legado de coragem, generosidade e liderança. Sua história permanece
como um testemunho de resiliência humana e altruísmo, especialmente em tempos
de crise.
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