Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas sob
um amarelo) assim te apreendo brusco inamovível, e te respiro inteiro, um
arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses, a mim
me fotografo nuns portões de ferro ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima no
dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações ou
contornando um círculo de águas removentes, ave, assim te somo a mim: de redes
e de anseios inundada.
Hilda Hilst
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