“Amamos a vida não porque
estamos acostumados à vida, mas a amar.
Há sempre alguma loucura no amor, mas há sempre também alguma razão na
loucura.”
(Friedrich Nietzsche)
A loucura ou insanidade é
segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por
pensamentos considerados anormais pela sociedade ou a realização de
coisas sem sentido. É resultado de algum transtorno mental. A verdadeira
constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por
especialistas em psicopatologia.
Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito
não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de
ser julgado pela sociedade. Na visão da lei civil, a insanidade revoga
obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil com
diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade mental.
Na profissão médica, o termo é agora evitado em favor
de diagnósticos específicos de perturbações mentais, a presença de delírios ou
alucinações é amplamente referida como a psicose. Quando se discute a
doença mental, em termos gerais, psicopatologia é considerada uma
designação preferida.
As
significações da loucura mudaram ao longo da história. Na visão de Homero, os
homens não passariam de bonecos à mercê dos deuses e teriam, por isso, seu
destino conduzido pelas "moiras", o que criava uma aparência de
estarem possuídos, ao qual os gregos chamaram "mania".
Para Sócrates, este fato geraria quatro tipos de
loucuras: a profética, em que os deuses se comunicariam com os
homens possuindo o corpo de um deles, o oráculo. O ritual, em que o
louco se via conduzido ao êxtase através de danças e rituais, ao fim dos quais
seria possuído por uma força exterior.
A
loucura amorosa, produzida por Afrodite, e a loucura poética,
produzida pelas musas. A mania (termo grego para loucura), personificada no
Deus Dioniso, também poderia assumir, segundo Platão, a forma de uma
"loucura divina" (theía mania), sendo essencial para o exercício da
filosofia.
Phillippe Pinel alterou significativamente a
noção de loucura ao anexá-la à razão. Segundo Michel Foucault, ao diferenciar
(ou diferir - Différance) o louco do criminoso, obnubilou, tornando-o velado, o
aspecto de julgamento moral que constituía até então o principal parâmetro da
definição da loucura.
Este aspecto
moral deixou de ser parâmetro, mas persistiu como uma sensibilidade, um
paradigma envolto nos fenômenos designados "da loucura". Assim, ainda
hoje, a diagnose, a nosologia que perscruta e prescreve os comportamentos
e afetos daqueles que são designados como loucos, traz consigo, inculcada, uma
série sem fim de paradigmas abscônditos, donde devém a mesma abjeção que se
impõe sobre a loucura ou os loucos.
Hegel afirmou que a loucura não seria a perda
abstrata da razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples
contradição no interior da razão, que continua presente". A loucura
deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando possível pensá-la como
"dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de uma lógica
própria.
Hegel tornou
possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e
afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a
razão humana só se realizaria através dela.
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