O Uirapuru-verdadeiro é
uma ave canora conhecida pelo seu canto particularmente elaborado, o que
justifica que também seja conhecido vulgarmente
como músico ou corneta. É reconhecido, também, apenas por
Uirapuru ou Arapuru, Guirapuru, Rendeira, Tangará ou Virapuru. O termo é
originário da língua Tupi-guarani "wirapu 'ru" e aplica-se
ainda a outros Trogloditíneos e Piprineos Amazônicos. É famoso pelo seu
canto e pelas lendas que o envolvem. É usado como talismã para
trazer sorte na vida e no amor, sendo empalhado ou utilizado a sua pele.
Morfologia
Tem uma plumagem simples, pardo-avermelhada com desenhos brancos
pintados de preto em cada lado da cabeça, garganta e peito vermelho-vivo,
que não alcança a exuberância do seu canto. Possui um bico forte e
pés grandes e mede, em média, 12,5 cm.
Habitat e distribuição geográfica
O seu habitat preferencial é o estrato inferior da floresta úmida, tanto
em terra firme como, principalmente, em florestas de várzea. É nativo da
America do Sul – Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, -
podendo ser encontrado em quase toda a Amazônia brasileira, exceto no alto Rio
Negro e na região oriental do Rio Tapajós.
Alimentação
Come, principalmente, insetos, mas também se alimenta de frutas.
Acredita-se que o uirapuru, como vários outros pássaros amazônicos, alimenta-se
mais ativamente durante as estações chuvosas, quando formigas taocas saem dos
formigueiros e passam a atacar animais rasteiros próximos, provocando
movimentação que atrai os pássaros. Igualmente, crê-se que o Uirapuru tenha o
hábito de esperar até que outras espécies deixem o local para se alimentar,
inspirando o ditado de que "enquanto os outros comem, o Uirapuru
canta".
Comportamento
O uirapuru locomove-se rapidamente no solo ou no meio das folhagens. Pode
formar casais ou ficar em conjunto com outras espécies de pássaros. Há uma
lenda que diz que ele atrai bandos de aves com a sua bela melodia; entretanto,
ele apenas integra bandos em busca de alimento. Seus voos são curtos e
sussurrantes em movimentos de vai-e-vens (voa e volta para o mesmo lugar), em
área limitada.
O canto do Uirapuru
No
folclore do norte do Brasil, o uirapuru é conhecido por ter um dos mais
belos cantos entre as aves, fazendo com que todos os outros pássaros param de
cantar para ouvi-lo. Também se diz que, por lembrar um flautim, flauta, ou
clarinete, o canto do uirapuru inspiraria poetas.
O
compósito Villa-Lobos compôs em 1917 o poema sinfônico
"Uirapuru", baseado em material do folclore coletado em viagens pelo
interior do Brasil. Na lenda que inspirou a obra, o pássaro encantado -
"rei do amor" - é flechado no coração por uma moça embevecida com a
suave canão e transforma-se em um bonito jovem.
O canto
do uirapuru pode ser curto e forte, quando pretende demonstrar domínio do
território; ou longo e melodioso, quando sua intenção é a atração sexual. Dura
de 10 a 15 minutos ao amanhecer e ao anoitecer, na época da construção do
ninho, e canta apenas cerca de quinze dias por ano. Ao todo, foram registrados
sete cantos diferentes desta ave.
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