A Lista de Schindler é
um filme de drama histórico norte-americano de 1993 dirigido e produzido
por Stiven
Spielberg e escrito por Steven Zaillian. É baseado no romance de
1982, Schindle’s Ark, do romancista australiano Thomas Keneally.
O filme segue Oskar
Schindler, um empresário alemão, junto com sua esposa Emilie Schindler,
salvou mais de mil refugiados judeus holandeses do Holocausto,
principalmente poloneses, empregando-os em suas fábricas durante a Segunda
Guerra Mundial.
É estrelado por Liam
Neeson como Schindler, Bem Kingsley como o contador judeu de
Schindler Itzhak Stern e Ralph Fiennes como o oficial da SS Amon
Goth.
As ideias para um filme
sobre os Schindlerjuden (judeus Schindler) foram propostas desde
1963. Poldek Pfefferberg, um dos Schindlerjuden, fez da sua vida a missão
de contar a história de Schindler.
Spielberg ficou interessado quando o executivo Sidney Sheinberg enviou a ele
uma resenha sobre a Schindler's Ark.
A Universal
Pictures comprou os direitos do romance, mas Spielberg,
sem saber se estava pronto para fazer um filme sobre o Holocausto, tentou
passar o projeto para vários diretores antes decidir dirigi-lo.
A fotografia
principal ocorreu em Cracóvia, Polônia, durante 72 dias em 1993. Spielberg
filmou em preto e branco e abordou o filme como um documentário.
O diretor de fotografia
Janusz Kaminski queria criar uma sensação de atemporalidade. John
Williams compôs a partitura, e o violinista Itzhak Perlman tocou o
tema principal.
A Lista de Schindler
estreou em 30 de novembro de 1993, em Washington DC e foi lançada em 15 de
dezembro de 1993, nos Estados Unidos.
Frequentemente listado
entre os melhores filmes já feitos, o filme recebeu elogios da crítica
internacional pelo o tom de direção de Spielberg, performances e atmosfera;
também foi um sucesso de bilheteria, faturando US $ 322 milhões em todo o mundo
com um orçamento de US $ 22 milhões.
Foi indicado a doze
Oscars, vencendo sete, incluindo melhor Filme, e Melhor
Diretor (Spielberg), como também muitos outros prêmios (incluindo 3 Globos
de Ouro e 7 BAFTAs).
Em 2007, o American Film
Institute elegeu Schindler's List como o oitavo melhor filme
americano da história.
O filme foi designado
como "cultural, histórico ou esteticamente significativo" pela
Biblioteca do Congresso em 2004 e selecionado para preservação no National
Film Registry.
Sinopse
O filme começa em 1939
com os alemães iniciando a relocação dos judeus poloneses no Gueto de Cracóvia,
pouco tempo depois do início da Segunda Guerra.
Enquanto isso, Oskar
Schindler, um empresário alemão, chega na cidade com a esperança de fazer
uma fortuna lucrando com a guerra. Schindler, um membro do Partido Nazista,
oferece subornos para oficiais da Wehrmacht e da SS em troca de
contratos.
Patrocinado pelos
militares, ele adquire uma fábrica para produzir panelas para o exército.
Sem saber muito
como comandar a empresa, ele ganha a colaboração de ItzhakStern,
um oficial da Judenrat (Conselho Judeu) de Cracóvia que tem contatos
com a comunidade empresária de judeus e os mercadores negros dentro do Gueto.
Os empresários judeus
emprestam o dinheiro à Schindler para a fábrica em troca de uma pequena parte
dos produtos produzidos.
Ao abrir a fábrica,
Schindler agrada aos nazistas, aproveita sua fortuna e sua posição como
"Herr Direktor", enquanto Stern cuida de toda a administração.
Schindler contrata judeus
poloneses ao invés de poloneses católicos por serem mais baratos (os próprios
trabalhadores não recebem nada; os salários são pagos a SS).
Os trabalhadores da
fábrica recebem permissão para sair do Gueto, e Stern falsifica
documentos para garantir que o maior número de pessoas sejam consideradas
"essenciais" para o esforço de guerra da Alemanha, que os salva de
serem transportados para campos de concentração, ou de serem mortos.
O Tenente Amon
Goth da SS chega em Cracóvia para supervisionar a construção do campo de
concertação de Plaszów.
Com o campo completo, ele
ordena a liquidação final do gueto e a Operação Reinhard em Cracóvia começa,
com tropas esvaziando os apartamentos e matando arbitrariamente qualquer um que
proteste ou não coopere.
Schindler, assistindo ao
massacre de um morro, é profundamente afetado. Mesmo assim ele é cuidadoso para
firmar amizade com Göth e, através da atenção de Stern para subornos, Schindler
continua a ter apoio e proteção da SS.
Durante esse período,
Schindler suborna Göth para que ele possa construir seu próprio subcampo para
seus trabalhadores, para sua fábrica continuar funcionando e para proteger os
judeus de serem executados.
Enquanto o tempo passa,
Schindler age conforme as informações dadas por Stern e tenta salvar o maior
número possível de vidas.
Enquanto os rumos da
guerra mudam, Göth recebe ordens de Berlim para exumar e queimar os restos
de todos os judeus mortos no Gueto de Cracóvia, desmantelar Płaszów e enviar os
judeus restantes - incluindo os trabalhadores de Schindler - para o campo de
concentração de Auschwitz-Birkenau. Em um primeiro momento, Schindler se
prepara para deixar Cracóvia com sua fortuna.
Ele não consegue fazer
isso, todavia, e prevalece sobre Göth para permitir que ele mantenha seus
trabalhadores para levá-los a uma fábrica em Zwittau-Brinnlitz, sua cidade
natal, longe da Solução Final, em funcionamento na Polônia ocupada.
Göth eventualmente
consente, porém cobra grandes subornos para cada trabalhador. Schindler e Stern
fazem uma lista de trabalhadores que serão mantidos longe dos trens para
Auschwitz.
"A Lista de
Schindler" compreende esses judeus "especializados", e para
muitos no campo de Płaszów, ser incluído na lista significa a diferença entre a
vida e a morte. Quase todos os membros de sua lista chegam em segurança a
Brinnlitz.
O trem que levava as
mulheres judias acidentalmente é redirecionado para Auschiwitz. Ao saber disso,
Schindler vai imediatamente para o campo. Com a intenção de resgatar as
mulheres, ele suborna o comandante do campo, Rudolf Hob, com diamantes.
Com o problema resolvido,
as mulheres finalmente chegam em Brinnlitz. Schindler institui um controle
firme nos oficiais da SS enviados para a fábrica, os proibindo de entrar nas
áreas de produção.
Para manter seus
trabalhadores vivos, ele gasta sua fortuna subornando oficiais nazistas e
comprando produtos de outras companhias, significando que ele nunca produziu
cartuchos de artilharia funcionais durante sete meses. Seu dinheiro acaba
quase ao mesmo tempo que o exército alemão se rende, encerrando a guerra.
Como um membro do Partido
Nazista e alguém que lucrou com a guerra, em 1945, Schindler deve fugir do
Exército Vermelho. Ele arruma suas coisas em um carro e se despede de seus
trabalhadores.
Antes de ir embora, seus
trabalhadores lhe entregam uma carta explicando que ele não é um criminoso,
junto com um anel com uma citação do Talmude, "Aquele que salva uma vida
salva o mundo inteiro".
Schindler fica tocado,
mas profundamente envergonhado, achando que poderia ter feito mais para salvar
mais vidas, como vender seu carro e seu broche nazista para salvar outras
pessoas. Chorando, ele deixa a fábrica com sua esposa durante a noite.
Os Judeus de Schindler
dormem ao lado dos portões da fábrica e são acordados pelo Sol no dia seguinte.
Um soldado soviético chega e anuncia aos judeus que eles foram libertados pelo
Exército Vermelho. Eles andam até uma cidade próxima em busca de comida.
Depois de algumas cenas
mostrando eventos do pós-guerra, como a execução de Amon Göth e um sumário
sobre a vida posterior de Schindler, o filme retorna para os judeus andando até
a cidade.
Enquanto eles andam, as
imagens e preto e branco mudam para imagens coloridas dos Judeus de Schindler
no presente, no túmulo de Schindler em Jerusalém (onde ele queria ser
enterrado).
O filme se encerra
mostrando uma procissão dos judeus que trabalharam na fábrica de Schindler,
cada um colocando uma pedra em sua lápide - um tradicional costume judeu de
indicar grande gratidão ou agradecimentos a alguém falecido.
Os atores que
interpretaram os personagens principais caminham de mãos dadas com a pessoa
real interpretada, colocando suas pedras enquanto passam. Na cena final, Liam
Neeson (apesar de seu rosto não ser visível) coloca um par de rosas na
lápide.
Desenvolvimento
Poldek Pfefferberg foi um
dos "Judeus de Schindler", e fez como sua missão de vida contar a
história de seu salvador. Pfefferberg tentou produzir uma
cinebiografia sobre Oskar Schindler com a metro-Goldwyn-Mayer em
1963, com Howard Koch escrevendo o roteiro, porém o acordo não deu
certo.
Em 1982, Thomas
Keneally publicou Schindler's Ark, um romance que ele escreveu depois
de ter conhecido Pfefferberg.
Sid Sheinberg, então
presidente da Music Corporation of América, enviou ao diretor Steven
Spielberg uma resenha do livro feita pelo The New York Times.
Spielberg ficou espantado com a história de Schindler, jocosamente perguntou se
era verdade. Spielberg "foi atraído para a natureza paradoxal [de
Schindler] … Era sobre um Nazista salvando Judeus…
O que levaria um homem
como este a de repente pegar tudo que ele ganhou e colocar a serviço para
salvar essas vidas?" Spielberg expressou interesse suficiente para a
Universal Pictures comprar os direitos do romance, e no começo de 1983
Spielberg se encontrou com Pfefferberg.
Pfefferberg perguntou a
Spielberg, "Por favor, quando você vai começar?", Spielberg
respondeu, "Daqui a dez anos". (Nós créditos finais, Pfefferberg é
creditado como consultor, sob o nome de "Leopold Page").
O diretor estava inseguro
sob sua própria humanidade ao fazer um filme sobre o Holocausto, e o projeto em
sua consciência. Spielberg tentou passar o projeto para o diretor Roman Polanski,
que recusou. A mãe de Polanski morreu em Auschwitz e ele viveu no Gueto de
Cracóvia.
Polanski eventualmente
dirigiu seu próprio filme sobre a Segunda Guerra em 2002, com O Pianista.
Spielberg também ofereceu o filme a Sydney Pollack e Martin Scorsese, que
foi anexado a direção de Schindler's List em 1988. Entretanto,
ele estava inseguro sobre deixar Scorsese dirigir o filme, já que "Eu
teria desperdiçado a chance de fazer para os meus filhos e família sobre o
Holocausto".
Spielberg ofereceu a
Scorsese a chance de dirigir o remake de Cape Fear no lugar. Billy
Wilder demonstrou interesse em dirigir o filme "como um memorial para
a maior parte de sua família, que foram para Auschwitz". Spielberg
finalmente decidiu dirigir o filme depois de ouvir sobre o Genocídio na
Bósnia e vários negadores do holocausto.
Com a ascensão do
neonazismo depois da queda do Muro de Berlim, ele ficou preocupado que as
pessoas estavam aceitando a intolerância como no início da década de 1930.
Além disso, Spielberg
estava ficando envolvido com sua herança judia ao criar seus filhos. Sid
Sheinberg deu luz verde para o filme sob uma condição: Spielberg faria Jurassic
Park primeiro. O diretor mais tarde disse, "Ele sabia que após eu
dirigir Schindler's List eu não conseguiria fazer Jurassic Park".
Em 1983, Thomas Keneally
foi contratado para adaptar seu livro, entregando um roteiro de 220 páginas.
Keneally se focou nas inúmeras relações de Schindler, e admitiu que ele não
havia comprimido a história o suficiente. Spielberg contratou Kurt Luedtke, que
havia adaptado o roteiro de Out of África, para escrever o próximo
rascunho.
Luedtke desistiu quatro
anos depois, já que ele achava que a mudança de sentimento da parte de
Schindler era muito inacreditável. Durante seu período como diretor, Scorsese
contratou Steven Zaillian para escrever o roteiro.
Ele estendeu a sequência
da liquidação do gueto, já que ele achou que a "sequência deveria ser
quase impossível de se assistir". Ele queria que a transição de Schindler
fosse gradual e ambígua, e não "algum tipo de catarse explosiva que
transformaria isso em The Great Escape.
Seleção de elenco
Liam Neeson fez o
teste para Oskar Schindler cedo no processo de seleção de elenco, sendo
escolhido em dezembro de 1992, depois de Spielberg tê-lo visto atuar em Anna
Christie na Broadway.
Warren
Beatty participou de uma leitura do roteiro, porém Spielberg ficou
preocupado que ele não conseguiria disfarçar seu sotaque e que traria
"bagagem de estrela de cinema". Kevin Costner e Mel
Gibson expressaram interesse em interpretar Schindler.
Neeson achou que
"[Schindler] gostava de andar com os nazistas. O livro de Keneally diz que
ele era considerado um tipo de bufão para eles ... se os nazistas fossem
nova-iorquinos, ele seria do Arkansas.
Eles não o levavam muito
a sério, e ele usava isso para total efeito". Para se preparar para o
papel, Neeson recebeu fitas de Steve Ross, diretor executivo da Time Warner,
cujo carisma Spielberg comparou ao de Schindler.
Ralph Fiennes foi
escolhido para interpretar Amon Goth depois de Spielberg tê-lo visto atuar
em A Dangerous Man: Lawrence After Arabia e Emily Bronte’s
Wuthering Heights.
Spielberg disse que
ele viu no teste de Fiennes uma "... maldade sexual. É tudo sobre
sutileza: havia momentos de bondade que iriam se mover por seus olhos e então
congelar". Fiennes engordou 12 kg para o papel.
Ele assistiu a
cinejornais históricos e conversou com sobreviventes do Holocausto que
conheciam Göth. Ao interpretá-lo, o ator disse "Eu fiquei próximo de sua
dor. Dentro dele está um ser humano fraturado e miserável.
Sinto-me dividido sobre
ele, pena por ele". Fiennes ficava tão parecido com Göth usando o figurino
que quando Mila Pfefferberg, uma sobrevivente dos eventos, o viu, ela
imediatamente começou a tremer de medo; "Ela não viu um ator. Ela viu Amon
Göth", disse Spielberg.
No total, há 126 papéis
com falas no filme. Trinta mil figurantes foram contratados durante a produção.
Spielberg escolheu filhos de Schindlerjuden para papéis chaves que
falavam hebraico e contratou poloneses católicos para os sobreviventes.
Frequentemente, atores
alemães interpretando oficiais da SS iriam a Spielberg para dizer,
"Obrigado por me deixar resolver segredos [de minha família] aparecendo em
seu filme".
No meio das filmagens,
Spielberg concebeu um epílogo onde 128 Schindlerjuden iriam prestar
suas homenagens no túmulo de Schindler em Jerusalém. Os produtores lutaram para
encontrar as pessoas retratadas no filme.
Filmagens
As filmagens de Schindler's
List começaram em 1° de março de 1993 em Cracóvia,
Polônia, continuando por mais setenta e um dias. A equipe filmou em locações
reais, apesar do campo de Plaszów teve de ser reconstruído em uma área
adjacente ao local original devido a mudanças pós-guerra no campo.
A equipe foi proibida de
entrar em Auschwitz-Birkenau, então eles filmaram em uma réplica ao lado do
original. Os poloneses locais receberam bem os cineastas.
Houve alguns incidentes
antissemitas; símbolos antissemitas apareceram em painéis perto dos locais de
filmagem. Uma mulher idosa confundiu Fiennes com um nazista e disse a ele
"os alemães eram pessoas encantadoras.
Eles não mataram ninguém
que não merecesse", enquanto Bem Kingsley quase entrou em uma
briga com um empresário alemão que insultou o ator israelense Michael
Schneider. Mesmo assim, Spielberg disse que na Pessach, "todos os
atores alemães apareceram.
Eles colocaram os
quipás e abriram hagadás, e os atores israelenses se aproximaram deles e
começaram a explicar tudo. E essa família de atores se sentaram e raças e
culturas ficaram para trás".
Filmar Schindler's
List foi um período extremamente emocional para Spielberg, já que o
assunto em foco o forçou a confortar elementos de sua infância, como o
antissemitismo que ele enfrentou.
Ele ficou furioso consigo
mesmo por não ter "chorado baldes" enquanto visitava Auschwitz, e foi
um de vários membros do elenco a não olhar para o cenário durante a filmagem da
cena onde os judeus são forçados a correr nus enquanto são selecionados por
médicos para irem a Auschwitz.
Várias atrizes começaram
a chorar enquanto filmavam a cena do chuveiro, incluindo uma que nasceu em um
campo de concentração.
Kate Capshaw, esposa de
Spielberg, e seus cinco filhos o acompanharam no cenário, ele mais tarde agradeceu
a sua esposa "por me resgatar noventa e dois dias seguidos… quando as
coisas ficaram muito insuportáveis".
Os pais de Spielberg e
seu rabino o visitaram nas locações. Robin Williams ligava para Spielberg
a cada duas semanas para animá-lo com algumas piadas, por haver tão pouco
humor no cenário.
Spielberg também pediu
vários episódios de Seinfeld em VHS para assisti-los em seu hotel
depois de cada dia de filmagem. Ironicamente Jerry
Seinfeld assistindo Schindler's List no cinema se tornou o
enredo de um episódio da série.
Spielberg recusou aceitar
qualquer salário, chamando-o de "dinheiro de sangue", e acreditou que
o filme iria ser um fracasso.
Spielberg usou alemão e
polonês em certas cenas para recriar a sensação de estar presente no
passado, e o usou o inglês para enfatizar os pontos dramáticos.
O diretor estava
interessado em fazer o filme inteiro em alemão e polonês, porém decidiu que
"há muita segurança ao ler. Seria uma desculpa para desviar o olho da tela
e assistir a algo mais".
Fotografia
Spielberg decidiu não
planejar o filme com storyboards e filmá-lo como um documentário, assistindo
documentários como The Twisted Cross (1956) e Shoah (1985)
para inspiração. Quarenta por cento do filme foi filmado com câmeras de
mão, e o modesto orçamento de 22 milhões de dólares significou que ele foi
filmado rapidamente em um período de setenta e dois dias.
Spielberg achou que isso
deu ao filme uma espontaneidade, uma borda, e também serve como sujeito".
O diretor disse que, "livrei-me da grua, livrei-me da steadicam, livrei-me
das lentes com zoom, livrei-me de tudo que eu possa considerar como uma rede de
segurança".
Tal estilo fez Spielberg
se sentir mais um artista, já que ele limitou suas próprias ferramentas para um
filme que não precisava ser um sucesso comercial. Isso amadureceu Spielberg,
que no passado sempre achou que estava homenageando diretores como Cecil B
DeMille e David Lean. Aqui, o estilo era inteiramente dele.
A decisão de filmar Schindler's
List quase que inteiramente em branco e preto deu a fotografia um estilo
documentarista, que o diretor de fotografia Janusz Kaminski comparou ao
Expressionismo Alemão e o Neorrealismo Italiano. Kaminski disse que
ele queria criar uma sensação atemporal para o filme, para que o público
"não tivesse um senso de quando foi feito".
Spielberg estava seguindo
com "virtualmente tudo o que eu havia visto sobre o holocausto… que em
grande parte havia sido imagens fortes em branco e preto". O presidente da
Universal Studios, Tom Pollock, pediu a Spielberg filmar tudo com negativos
coloridos, para permitir que cópias coloridas em VHS fossem vendidas, porém o
diretor não queria "embelezar os eventos".
O branco e preto
apresentou dificuldades para a equipe acostumada com a cor. Allan Starski, o
diretor de arte, teve de fazer os cenários mais escuros ou claros do que as
pessoas, para que os dois não se misturassem. Os figurinos deveriam ter cores
diferentes das da pele e dos cenários usados.
Musica
John Williams compôs
a trilha sonora de Schindler's List. O compositor ficou atônito com o
filme, e achou que seria muito desafiador. Ele disse a Spielberg, "Você
precisa de um compositor melhor do que eu sou para este filme", Spielberg
respondeu brincando dizendo, "Eu sei. Porém todos estão mortos!".
Williams tocou o tema principal no piano, e seguindo uma sugestão de Spielberg,
ele contratou Itzhak Perlman para tocar o violino.
Na cena em que o gueto
está sendo liquidado pelos nazistas, a canção folclórica “Oyfn Pripetshik” é
cantada por um coral de crianças. A canção era frequentemente cantada pela avó
de Spielberg para seus netos. Os solos de clarinete foram gravados por
Giora Feidman, especialista em Klezmer.
A menina do casaco vermelho
Apesar do filme ser
primariamente em branco e preto, vermelho é usado para distinguir uma menina
com um casaco. Mais tarde no filme, a menina é vista entre os mortos,
reconhecida apenas pelo casaco vermelho que ela ainda estava usando.
Apesar de não ser
intencional, a personagem é coincidentemente bem similar a Roma Ligocka, que
era conhecida no Gueto de Cracóvia por seu casaco vermelho. Ligocka, ao
contrário de sua contraparte, sobreviveu ao Holocausto.
Depois do lançamento do
filme, ela escreveu e publicou sua própria história, Dziewczynka w
Czerwonym Płaszczyku (A Menina do Casaco Vermelho). A cena, todavia,
foi construída com as memórias de Zelig Burkhut, sobrevivente de Płaszów (e
outros campos).
Quando entrevistado por
Spielberg na época da produção do filme, Burkhut contou a história de uma
menina com um casaco rosa, com não mais de quatro anos, que foi executada por
um nazista com um tiro bem em frente a seus olhos. Ao ser entrevistado
pelo The Courier-Mail, ele disse, "é algo que fica com você para
sempre".
De acordo com Andy
Patrizio da IGN, a menina do casaco vermelho é usada para indicar que
Schindler mudou, "Spielberg põe uma virada na história dela, fazendo-a ser
mais uma na pilha de corpos no carrinho para ser incinerada. O olhar no rosto
de Schindler é inequívoco.
Minutos antes, ele viu as
cinzas e a fuligem dos corpos em chamas se acumulando em seu carro como apenas
um incômodo". André Caron perguntou se isso foi feito "para
simbolizar inocência, esperança ou o sangue vermelho dos judeus sendo
sacrificados no horror do Holocausto?". O próprio Spielberg explicou
que ele apenas seguiu o romance, e sua interpretação era:
“Estados Unidos, Rússia
e Inglaterra todos sabiam sobre o Holocausto, e mesmo assim não fizeram
nada. Nós não enviamos qualquer uma de nossas forças para impedir a marcha em
direção a morte, a inexorável marcha em direção a morte. Foi um enorme
derramamento de sangue, primariamente na cor vermelha no radar de todos,
porém ninguém fez nada a respeito. E é por isso que eu quis trazer a cor
vermelha.” |
Velas
O início do filme
apresenta uma família observando o Shabat. Spielberg disse que, "começar o
filme com velas sendo acesas… seria algo rico, começar o filme com um Shabat
normal antes que o rolo compressor contra os judeus começasse".
Quando a cor vai embora
nos momentos iniciais do filme, dá um modo para um filme onde a fumaça vem
simbolizar os corpos sendo queimados em Auschwitz-Birkenau.
Apenas para que no final
as imagens das velas reganham acolhimento quando Schindler permite que eles
honrem o Shabat. Para Spielberg, elas representam "apenas um lampejo de
cor, um lampejo de esperança".
Recepção
Schindler's List foi
aclamado pela crítica especializada. No site Rotten Tomatoes o filme
possui um índice de aprovação de 97%, baseado em 60 resenhas, com uma nota
média de 8,8/10.
O consenso é "Schindler's List mistura o horror abjeto do Holocausto com a marca humanista de Steven Spielberg para criar a obra prima dramática do diretor". No agregador Metacritic o filme possui uma aprovação de 93/100, baseado em 23 resenhas, indicando "aclamação universal".
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