Dizem que o primeiro amor é o mais
importante. Isso é muito romântico, mas não é o meu caso.
Algo entre nós houve e não
houve, se deu e se perdeu. Não me tremem as mãos quando encontro as pequenas
lembranças e o maço de cartas atadas com barbante - se ao menos fosse uma fita.
Nosso único encontro, anos
depois foi um diálogo de duas cadeiras junto a uma mesa fria. Outros amores
ainda respiram profundamente em mim.
Este não tem fôlego para
suspirar. E, no entanto, tal como é consegue o que os outros ainda não
conseguem: deslembrando, nem sequer sonhado, me acostuma com a morte.
Wislawa Szymborska
***
Conhecida
como Wisława Szymborska, e o nome completo de Maria Wisława Anna Szymborska,
nasceu em Kórnik no dia 2 de junho de 1923. Foi uma escritora
polaca ganhadora do Prêmio Nobel na área de literatura em 1996. Poetisa,
crítica literária e tradutora, viveu na Cracóvia, onde se formou em Filologia
Polaca e Sociologia pela Universidade Jaguellonica.
A sua
extensa obra, traduzida em 36 línguas, foi caracterizada pela Academia de
Estocolmo como “uma poesia que, com precisão irónica, permite que o contexto
histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana”, tendo
sido a poetisa definida, como “o Mozart da poesia”.
Maria
Wisława Anna Szymborska era filha de Vincent Szymborski, feitor da propriedade
do conde Władysław Zamoyski, e de Anna Maria Rottermund. Os pais dela
mudaram-se para Zakopene em janeiro de 1923 por causa da organização dos
bens locais do conde Zamoyski.
Depois da
morte do conde acima referido em 1924, a família Szymborski mudou-se para
Torun, onde Wisława frequentou a escola. Quando a Segunda Guerra
Mundial rebentou, Wisława começou a trabalhar como funcionária dos
caminhos-de-ferro para evitar a deportação para o território do Terceiro Reich.
Ao mesmo
tempo, começou também a criar as primeiras ilustrações para livros (um manual
para estudar inglês) e deu os primeiros passos na literatura (escrevia contos e
raramente poemas). A partir de 1945 participou e constituiu uma parte
importante na vida literária de Cracóvia e pertenceu ao grupo literário
"Ao contrário".
Neste ano
começou a sua formação em Filologia Polaca na Universidade Jaguelônica mas
a seguir, mudou para Sociologia. Devido à sua situação financeira muito
difícil, não terminou os estudos. Três anos depois casou-se com o poeta Adam
Włodek, com quem continuou a sua vida em Cracóvia.
Viria a
divorciar-se em 1954. Diz-se que o clima desta cidade e o ambiente único
tiveram uma grande influência na produção literária. Desde 1957, colaborou com
a revista "Kultura" (revista literária e política publicada em
Paris por emigrantes polacos) e estabeleceu contato com Jerzy Giedroyc.
Até 1966
foi membro do Partido Comunista. Em 1975 assinou uma carta de protesto, a Carta
dos 59 (carta assinada por 66 intelectuais polacos, no início 59 e daí o nome)
em que os principais intelectuais da Polônia protestaram contra uma mudança na
Constituição (sobre uma aliança com a União Soviética).
Em
novembro de 2011, teve problemas com saúde e uma operação grave. Faleceu na
Cracóvia no dia 1 de fevereiro de 2012, alguns meses depois durante o sono em
sua casa. É a poetisa polaca traduzida com maior frequência. A sua extensa
obra, traduzida em 42 línguas, é definida como "a perfeição de
palavra".
É
criticada pela sua atitude em relação aos primeiros anos da República Popular
da Polônia. Durante o estalinismo, foi ligada aos "Pryszczaci"
(Borbulhentos), um grupo de jovens escritores polacos dos finais da década de
40 e início da de 50, propagadores do realismo socialista. Eles achavam que o
principal objetivo da literatura é apoiar o poder em impor o regime comunista à
sociedade polaca.
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