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terça-feira, fevereiro 21, 2023

O Primeiro Amor

 



Dizem que o primeiro amor é o mais importante. Isso é muito romântico, mas não é o meu caso.

Algo entre nós houve e não houve, se deu e se perdeu. Não me tremem as mãos quando encontro as pequenas lembranças e o maço de cartas atadas com barbante - se ao menos fosse uma fita.

Nosso único encontro, anos depois foi um diálogo de duas cadeiras junto a uma mesa fria. Outros amores ainda respiram profundamente em mim.

Este não tem fôlego para suspirar. E, no entanto, tal como é consegue o que os outros ainda não conseguem: deslembrando, nem sequer sonhado, me acostuma com a morte.

Wislawa Szymborska 

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Conhecida como Wisława Szymborska, e o nome completo de Maria Wisława Anna Szymborska, nasceu em Kórnik no dia 2 de junho de 1923. Foi uma escritora polaca ganhadora do Prêmio Nobel na área de literatura em 1996. Poetisa, crítica literária e tradutora, viveu na Cracóvia, onde se formou em Filologia Polaca e Sociologia pela Universidade Jaguellonica.

A sua extensa obra, traduzida em 36 línguas, foi caracterizada pela Academia de Estocolmo como “uma poesia que, com precisão irónica, permite que o contexto histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana”, tendo sido a poetisa definida, como “o Mozart da poesia”.

Maria Wisława Anna Szymborska era filha de Vincent Szymborski, feitor da propriedade do conde Władysław Zamoyski, e de Anna Maria Rottermund. Os pais dela mudaram-se para Zakopene em janeiro de 1923 por causa da organização dos bens locais do conde Zamoyski.

Depois da morte do conde acima referido em 1924, a família Szymborski mudou-se para Torun, onde Wisława frequentou a escola. Quando a Segunda Guerra Mundial rebentou, Wisława começou a trabalhar como funcionária dos caminhos-de-ferro para evitar a deportação para o território do Terceiro Reich.

Ao mesmo tempo, começou também a criar as primeiras ilustrações para livros (um manual para estudar inglês) e deu os primeiros passos na literatura (escrevia contos e raramente poemas). A partir de 1945 participou e constituiu uma parte importante na vida literária de Cracóvia e pertenceu ao grupo literário "Ao contrário".

Neste ano começou a sua formação em Filologia Polaca na Universidade Jaguelônica mas a seguir, mudou para Sociologia. Devido à sua situação financeira muito difícil, não terminou os estudos. Três anos depois casou-se com o poeta Adam Włodek, com quem continuou a sua vida em Cracóvia.

Viria a divorciar-se em 1954. Diz-se que o clima desta cidade e o ambiente único tiveram uma grande influência na produção literária. Desde 1957, colaborou com a revista "Kultura" (revista literária e política publicada em Paris por emigrantes polacos) e estabeleceu contato com Jerzy Giedroyc.

Até 1966 foi membro do Partido Comunista. Em 1975 assinou uma carta de protesto, a Carta dos 59 (carta assinada por 66 intelectuais polacos, no início 59 e daí o nome) em que os principais intelectuais da Polônia protestaram contra uma mudança na Constituição (sobre uma aliança com a União Soviética).

Em novembro de 2011, teve problemas com saúde e uma operação grave. Faleceu na Cracóvia no dia 1 de fevereiro de 2012, alguns meses depois durante o sono em sua casa. É a poetisa polaca traduzida com maior frequência. A sua extensa obra, traduzida em 42 línguas, é definida como "a perfeição de palavra".

É criticada pela sua atitude em relação aos primeiros anos da República Popular da Polônia. Durante o estalinismo, foi ligada aos "Pryszczaci" (Borbulhentos), um grupo de jovens escritores polacos dos finais da década de 40 e início da de 50, propagadores do realismo socialista. Eles achavam que o principal objetivo da literatura é apoiar o poder em impor o regime comunista à sociedade polaca.

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