Eu tenho uma porção de
coisas para te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente,
sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas,
porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende?
(Caio Fernando Abreu)
Caio Fernando
Loureiro de Abreu nasceu em Santiago – RS no dia 12 de setembro de 1948 foi um
jornalista, dramaturgo e escritor.
Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra
de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de
sexo, de medo de morte e, principalmente, de angustiante solidão.
Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e
é considerado um “fotógrafo” da fragmentação contemporânea".
Caio Fernando Abreu estudou letras e artes cênicas na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde foi colega de João
Gilberto Noll.
No entanto,
ele abandonou ambos os cursos para trabalhar como jornalista de
revistas de entretenimento, tais como Nova, Manchete, Veja e Pop,
além de colaborar com os jornais Correio do Povo, Zero Hora, Folha de
São Paulo e O Estado de São Paulo.
Em 1968,
perseguido pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Caio
refugiou-se no sítio de uma amiga, a escritora Hilda Hilst, em Campinas,
São Paulo.
No início da
década de 1970, ele se exilou por um ano na Europa, morando, respectivamente,
na Espanha, na Suécia, nos Países Baixos, na Inglaterra e na França.
Em 1974, Caio Fernando Abreu retornou a Porto Alegre.
Em 1983, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1985, para São Paulo.
A convite da
Casa dos Escritores Estrangeiros, ele voltou à França em 1984, regressando ao
Brasil no mesmo ano, ao descobrir-se portador de HIV. Abreu era declaradamente
homossexual em plena época da ditadura militar no Brasil.
Um ano depois, Caio Fernando Abreu voltou a viver
novamente com seus pais, tempo durante o qual se dedicaria à jardinagem,
cuidando de roseiras.
Morreu em 25 de fevereiro de 1996, no Hospital Mãe de
Deus em Porto Alegre, no mesmo dia que Mário de Andrade. Seus restos
mortais jazem no Cemitério São Miguel e Almas.
A residência onde Caio Fernando viveria seus últimos
anos de vida seria demolida na penúltima semana de junho de 2022, apesar da
mobilização popular contra a destruição do imóvel. Tal casa ficava no número 12
da Rua Doutor Oscar Bittencourt, no bairro Menino Deus de Porto Alegre.
Objetos que pertenceram ao escritor foram guardados
no Espaço de Documentação e Memória Cultural da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUC-RS.
Tal coleção
inclui manuscritos, recortes de jornais, originais de livros e outros
documentos.
Seu primeiro romance, Limite branco (1970),
já possui as marcas que iriam acompanhar sua trajetória literária: a angústia
diante do devir e a morte como certeza no final da jornada. Segundo sua
perspectiva literária, a vida deve ser buscada continuamente.
Caio Fernando Abreu viveu intensamente a época da
ditadura, em suas obras literárias, o autor buscava inspiração em momentos
importantes de sua vida, fazia uma releitura rápida, porém despercebida de seu
modo de pensar, a maioria de suas criações e personagens retratavam um modo
cinzento e triste de viver, na busca inquietante pela felicidade.
Em 2018, a editora Companhia das Letras reuniu no
livro "Contos Completos" todos os contos de Caio Fernando Abreu.
O volume
abarca seis títulos - Inventário do irremediável (1970), O
ovo apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos
mofados (1982), Os dragões não conhecem o paraíso (1988)
e Ovelhas negras (1995) -, além de dez contos avulsos, sendo
três deles inéditos em livro.
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