João do Pulo - No Salto
Triplo bateu o recorde mundial da modalidade. - João do Pulo - Em
1975, a palavra Salto Triplo entrou no vocabulário dos brasileiros. Nos jogos
Pan Americanos no México, João Carlos de Oliveira bateu o recorde mundial da
modalidade.
Nessa época, ficamos
sabendo que o Brasil já tinha uma tradição de vitórias no salto triplo que
começou com o Bi Campeão olímpico Ademar Ferreira da Silva nos anos 50.
João foi a principal
estrela da delegação brasileira nas Olimpíadas de Montreal em 1976. Porém, uma
inflamação no nervo ciático prejudicou seu desempenho. Mesmo assim ele garantiu
a medalha de Bronze.
Em 1980 em Moscou, no meio
da Guerra fria, com o boicote dos EUA e vários países aliados, João tinha
grande chance de garantir o ouro na modalidade.
Seu recorde de 1975 só iria
ser superado dez anos depois. Porém ele foi envolvido em uma patriotada dos
soviéticos.
João Carlos de Oliveira,
conhecido como João do Pulo nasceu em Pindamonhangaba em 28 de maio de
1954, foi um atleta, especializado em saltos, sendo ex-recordista mundial do
salto triplo, medalhista olímpico e tetracampeão Pan-americano no
triplo e no salto em distância.
João Carlos de Oliveira
também foi um militar e foi por deputado estadual por São Paulo.
Carreira
Órfão de mãe começou a
trabalhar aos sete anos de idade, como lavador de carros. Em 1973, treinado
pelo então professor da USP Pedro Henrique de Toledo, o Pedrão, quebrou o
recorde mundial Júnior de salto triplo no Campeonato Sul Americano de
Atletismo com a marca de 14,75 m.
Em 1975, já como atleta
adulto nos Jogos Pan Americanos da Cidade do México, o cabo do Exército
Brasileiro conquistou a medalha de ouro no salto em distância com a
marca de 8,19 m e, em 15 de outubro, também a medalha de ouro no salto triplo,
com a incrível marca de 17,89 m, quebrando o recorde mundial desta modalidade
em 45 cm, e que pertencia ao soviético Viktor Saneyev.
Era o favorito à medalha de
ouro no salto triplo nos jogos Olimpíadas de Montreal, mas convalescendo de uma
cirurgia na barriga, saltou apenas 16,90 m e foi superado por Saneyev (17,29 m)
e pelo norte-americano James Butts (17,18 m), ficando com a medalha de bronze.
Além disso, foi quarto colocado no salto em distância.
Nos Jogos Pan-americanos de Porto Rico, tornou-se bicampeão tanto
do salto triplo como do salto em distância, acumulando um
tetracampeonato Pan-americano em duas provas. Neste último, derrotou
ninguém menos que o futuro tetracampeão olímpico da prova, Carl Lewis.
Em Moscou
A disputa
do salto triplo em Moscou em 1980 foi coberta de controvérsias com relação
ao favorecimento aos atletas da casa pelos juízes soviéticos.
O
tricampeão olímpico Viktor Saneyev e seu compatriota Jack Uudmae eram
os atletas do país na prova. João, recordista mundial com a marca até então
inatingível de 17,89 m, conquistada em 1975, era o maior adversário dos
dois atletas da casa.
João teve
dois saltos anulados durante a disputa pelos fiscais soviéticos e um deles
considerados por analistas internacionais como um novo recorde mundial, acima
dos 18 metros; os mesmos observadores consideraram os dois saltos perfeitamente
válidos.
A intenção,
segundo os críticos, era dar um quarto e inédito título olímpico a Saneyev,
então tricampeão olímpico da modalidade. Mesmo assim, Saneyev ficou apenas com
a prata – 17,24 m – sendo superado por Uudmae – 17,35 m – e João ficou com o
bronze de um de seus saltos menores validados, 17,22 m.
Na época, o técnico letão de Uudmae, Harry
Seinberg, chegou a confessar, em conversas informais, que as marcas de João
haviam sido alteradas para favorecer os atletas da casa, mas nunca confirmou
sua afirmação à IAAF nem ao COI.
Apenas em 2000, vinte anos após os Jogos de Moscou,
o jornal australiano The Sydney Morning Herald, o maior da
Austrália, fez uma grande reportagem demonstrando que os saltos anulados do
brasileiro faziam parte de uma operação soviética para dar o tetracampeonato
olímpico a Saneyev.
O plano acabou não dando certo por causa do melhor
salto de Uudmae, mas mesmo assim a medalha de ouro ficou com a URSS.
Títulos mundiais de João do Pulo
Em contraponto à falta de sorte em Olimpíadas, na
era pré-Campeonato Mundial de Atletismo João do Pulo foi tricampeão
mundial do salto triplo em 1977 (em Dusseldorf), 1979 (em Montreal) e 1981 (em
Roma), com 17,37 m, vencendo Jack Uudmae, um ano depois dos Jogos Olímpicos, e
o futuro recordista mundial Willie Banks, dos Estados Unidos.
Porta-Bandeira do Brasil no desfile de
abertura em Montreal em 1976 e em Moscou em 1980, João foi o principal
ídolo do esporte dito amador brasileiro entre 1975 e 1981
Acidente e Morte
João Carlos de Oliveira
teve a carreira de atleta brutalmente interrompida em 22 de dezembro de 1981,
quando sofreu um grave acidente automobilístico na Via Anhanguera, no sentido
Campinas – São Paulo.
Após quase um ano de
internação na UTI, sua perna direita teve de ser amputada, no que significou o
encerramento de sua carreira de atleta.
Nos anos seguintes, estudou
Educação Física e entrou na vida política, tendo sido eleito deputado
estadual em São Paulo pelo PFL, em 1986, e reeleito em 1990. Não conseguiu
se reeleger em 1994 e 1998.
João do Pulo morreu em 29
de maio de 1999 devido a cirrose hepática e infecção generalizada; passou
os últimos anos de vida solitária, sofrendo de depressão, alcoolismo e com
problemas financeiros - chegou a ser preso por não pagar pensão alimentícia a
um de seus dois filhos.
Sua única fonte de renda
era o soldo de segundo tenente reformado do Exército.
Seu recorde mundial somente
foi batido quase dez anos depois, pelo norte-americano Willie Banks, com 17,90
m, em Indianápolis, em 16 de junho de 1985.
Seu recorde brasileiro e
sul-americano só foi batido mais de vinte e um anos depois, por Jardel
Gregório, com 17,90 m, em Belém, em 20 de maio de 2007 (que coincidentemente
também foi atleta do antigo técnico de João do Pulo, Pedrão).
Eleito pela Federação
Mundial de Atletismo como o 4.º maior triplista da história, João também teve
seu nome marcado na MPB: foi homenageado pelos compositores Aldir Blanc e João
Bosco com a canção "João do Pulo".
O atleta recebeu uma
homenagem póstuma dos Correios em 15 de outubro de 2016, pelos 41 anos do
recorde estabelecido no Pan de 1975, com um selo postal.
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