A Menina Lucy - No Cemitério Municipal São Francisco de Paula, em Curitiba, já nas
primeiras quadras do cemitério, uma escultura em mármore de Carrara perenizou
uma breve, mas marcante história.
Trata-se da menina Lucy, filha do imigrante alemão e comerciante Carlos
Meissner e de sua esposa, Elisa.
A história, passada entre as gerações da família Meissner, conta que
seus pais ganharam mudas de flores vindas de Buenos Aires.
Tão logo Elisa as recebeu, plantou-as no jardim. Lucy, encantada com o
colorido das flores, decidiu colher todas, usando a barra de seu vestido para
carregá-las.
Entrou em casa correndo e foi mostrar aos pais o mais novo achado. Sua
mãe, ao perceber a destruição do belo jardim, pensou em repreendê-la, mas
diante da alegria e da inocência de Lucy, não teve coragem. O pai ria da
travessura da filha.
Dias depois, Lucy adoeceu, morrendo vítima da difteria, em junho de
1895.
A imagem da cena vivida pela menina, sua alegria e inocência, marcou
profundamente seus pais.
Em uma das viagens de negócio que fazia à Europa, para trazer produtos
para a Casa da Louça, da qual era proprietário, Carlos foi à Itália e
encomendou a escultura que figurava o momento vivido por Lucy.
Diferentemente das famílias que encomendavam a feitura dos túmulos via
catálogos ou diretamente dos artistas, decidiu ele mesmo trazer a escultura
durante a viagem de navio.
Para um visitante no cemitério, a escultura pode sugerir apenas a cena
em que uma criança presta homenagem aos seus entes queridos.
Para a família Meissner, representa uma história marcante, passada de
pai para filho, ultrapassando já a terceira geração.
As flores carregadas em seu vestido não deixam de sugerir o gesto da
homenagem e da rememoração dos mortos.
É possível encontrar réplicas de esculturas como a de Lucy em outros cemitérios, principalmente em países europeus, mas nenhuma outra representa uma história tão singela e marcante. Nenhuma outra é Lucy. (Clarissa Grassi)
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