George Stinney Jr – Inocente condenado foi executado aos 14 anos de idade - George
Junius Stinney Jr nasceu em 21 de outubro de 1929 foi um adolescente
afro-americano condenado à pena de morte, em junho de 1944, na cidade
de Alcolu, Carolina do Norte.
Foi
executado aos 14 anos de idade, o que ainda faz dele a pessoa mais jovem a
ter sofrido a pena capital nos Estados Unidos no século XX.
A
condenação de Stinney e o processo judicial que levou à sua execução permanecem
controversos, com suspeitas de parcialidade motivada por racismo.
Em
2014, 70 anos após sua execução, a sentença condenatória foi considerada um
erro judicial e anulada por um tribunal, por conter inúmeras falhas e
inconsistências no processo.
Início de Vida e Condenação
Em
1944, George Junius Stinney Jr., vivia em Alcolu, no condado de Clarendon, na
Carolina do Sul, nos estados Unidos. O rapaz de 14 anos morava com o pai,
George Stinney, a sua mãe Aime, os irmãos John, de 17 anos, e Charles, de 12
anos, e as irmãs Katherine, de 10 anos, e Aime, de 7 anos.
O pai
trabalhava numa serraria e a família vivia numa casa de propriedade do patrão
dele. Alcolu era uma cidade pequena de classe trabalhadora, onde, na área
residencial, a comunidade negra vivia separada dos brancos, pois imperavam
as Leis de Jim Crow.
Isso
era típico de várias cidades do sul dos Estados Unidos, com escolas, igrejas e
outros locais públicos segregadas racialmente por força de lei, com pouca
interação entre brancos e negros.
Em 23
de março de 1944, duas meninas, Betty June Binnicker, de 11 anos, e Maria Emma
Thames, de 8 anos, andavam de bicicleta à procura de flores.
Ao
passarem pela casa da família Stinney, perguntaram ao jovem George Stinney e à
sua irmã, Katherine, se eles sabiam onde encontrar “flores-da-paixão”. Mais
tarde, quando as meninas não retornaram para casa, grupos de busca foram organizados,
com centenas de voluntários.
Os
corpos das meninas foram encontrados na manhã seguinte, em uma vala cheia de
água lamacenta. Ambas tinham sofrido ferimentos graves na cabeça.
Stinney
foi preso algumas horas depois e interrogado por vários oficiais, em uma sala
trancada, sem testemunhas além dos agentes. Após uma hora, foi anunciado que
Stinney havia confessado o crime.
De
acordo com a confissão, Stinney tentou abusar sexualmente de Betty enquanto ela
catava as flores. Após perder a paciência com a menor que tentava proteger a
amiga, ele acabou por matar as duas com uma barra de ferro e atirou os corpos
em um buraco lamacento.
De
acordo com os polícias, Stinney aparentemente tinha sido bem-sucedido em matar
ambas ao mesmo tempo, causando trauma contuso em suas cabeças, quebrando os
crânios de cada uma em pelo menos 4 pedaços.
No dia
seguinte, Stinney foi acusado de assassinato em primeiro grau. O pai dele foi demitido
de seu emprego na serraria local e sua família teve que se mudar, temendo por
represálias.
Mais
tarde verificou-se que a tal barra de ferro usada no crime pesava mais de
9,7 kg. Segundo alegações seria altamente improvável que Stinney, um
garoto de 40 quilos, fosse capaz de erguer tal peso e ainda tivesse força para
golpear e matar as duas meninas ao mesmo tempo.
Além
disso, os policiais presentes na suposta confissão de Stinney, teriam
apresentado informações conflitantes e não teriam qualquer evidência física que
corroborasse as histórias.
O
julgamento ocorreu em 24 de abril, no tribunal do condado de Clarendon. Após a
seleção do júri, o julgamento começou, às 12h30 e terminou às 17h30. Em apenas
dez minutos, o júri, composto inteiramente de homens brancos, emitiu o veredito
de culpado e a sentença: morte na cadeira elétrica.
O
advogado de Stinney, Charles Plowden, indicado pelo estado, não
contra-argumentou, não convocou testemunhas e tampouco recorreu da sentença.
Sob as leis da Carolina do Sul, todas as pessoas com idade superior a 14 anos
eram e ainda são tratados como um adulto.
Execução
Em 16
de junho de 1944, George Stinney foi executado no complexo correcional de
Colúmbia, na Carolina do Sul. Às 19h30, Stinney caminhou até a cadeira elétrica com
uma Bíblia debaixo do braço.
O
equipamento de tamanho adulto não lhe servia e quando foi atingido pela
primeira onda de eletricidade de 2.400 volts, a máscara que cobria seu rosto
escorregou, revelando as queimaduras de terceiro grau em seu rosto e cabeça.
Foram
necessárias três descargas elétricas até ele ser declarado oficialmente morto,
quatro minutos após o início do procedimento.
Anulação da Sentença
Todo o
processo e a investigação do caso geraram controvérsias. Contudo, em 17 de
dezembro de 2014, 70 anos depois de sua execução, a Justiça, por meio da juíza Carmen
Mullen, anulou a condenação de George Stinney.
A
magistrada tomou esta decisão após o pedido de familiares de George, porque
"o Tribunal da Carolina do Sul falhou em garantir um julgamento justo em
1944". Isso fez dele apenas um suspeito, já que um novo processo seria
necessário para provar ou não sua culpa.
A
juíza, apesar de não desconsiderar a hipótese de Stinney Jr., ter cometido o
crime, concluiu, pela análise dos fatos, ser provável que a confissão tenha
sido conseguida através de meios coercitivos, decidindo assim pela anulação da
sentença anterior.
O
caso George Stinney inspirou o filme Carolina Skeletons, de
1991, dirigido por John Erman. E também tem fatos paralelos com o
filme A espera de um Milagre que foi parcialmente baseado no livro
de Stephen King.
Assim
como esse jovem foi executado mesmo sendo inocente, muitos outros também já
foram. O estado quer dar uma satisfação a sociedade de que está cumprindo o seu
papel.
Não
importa se vai sacrificar um inocente o importante é mostrar uma capacidade que
não tem e acalmar os nervos da sociedade hipócrita. O filme A Vida de David
Gale mostra bem essa situação.
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