Sodoma e Gomorra são,
de acordo com a Bíblia, duas cidades que teriam sido destruídas por Deus com
fogo e/ou enxofre caídos do céu.
Segundo
o relato bíblico (Genesis 18: e Genesis 19:), as cidades e seus habitantes
foram destruídos por Deus devido a seus pecados e à prática de atos
contrários à moral dos antigos israelitas, dentre os quais a tentativa de
estupro a dois anjos do Senhor.
A
expressão "Sodoma e Gomorra" se aplica, por extensão, às cinco cidades-estados
do vale de Sidim, no mar Morto: Sodoma, Gomorra, Admá, Zebolim e Bela (também
chamada de Zoar).
O vale
de Sidim ("Vale dos Campos") era descrito como um lugar paradisíaco. Ocupava
uma área aproximadamente circular no vale inferior do mar Morto, atualmente
submerso pelas suas águas salgadas.
A
região é chamada em hebraico de Kikkár que significa
"bacia". A pequena península na margem oriental do mar Salgado é
chamada em árabe de El-Lisan, que significa "a língua".
Desde a
península de El-Lisan ao extremo sul se estenderia o Vale de Sidim. O
seu fundo registra uma profundidade de 15 a 20 metros, enquanto para norte da
península o fundo desce rapidamente para uma profundidade de 400 metros.
Sodoma
e Gomorra têm sido usadas historicamente e no discurso moderno como metáforas
da homossexualidade, e são a origem das palavras inglesas sodomita, um termo
pejorativo para homossexuais masculinos, e sodomia, que é usado em um contexto
legal sob o rótulo de "crimes contra a natureza "para descrever sexo
anal ou oral (particularmente homossexual) e bestialidade.
Isso é
baseado na exegese do texto bíblico que interpreta o julgamento divino sobre
Sodoma e Gomorra como punição pelo pecado do sexo homossexual, embora alguns
estudiosos contemporâneos contestem essa interpretação. Algumas sociedades
islâmicas incorporam punições associadas a Sodoma e Gomorra na sharia.
Os
Crimes de Sodoma
Após o
retorno de Abraão do Egito, o relato bíblico menciona que os habitantes
de Sodoma eram grandes pecadores contra Deus. Porém, isso não
impediu uma coexistência pacífica entre os habitantes de Sodoma com o patriarca
Abraão e com o seu sobrinho, Ló.
Alguns
escritos judaicos clássicos enfatizam os aspectos de crueldade e falta de hospitalidade com
forasteiros. Uma tradição rabínica, exposta na Misná, afirma que os
pecados de Sodoma estavam relacionados à ganância e ao apego excessivo à
propriedade, e que são interpretados como sinais de falta de compaixão.
Alguns
textos rabínicos acusam os sodomitas de serem blasfemos e sanguinários. Outra
tradição rabínica indica que Sodoma e Gomorra tratavam os visitantes de
forma sádica.
Um dos
crimes cometidos contra os forasteiros é quase idêntico ao de Procusto, na
mitologia grega, dizendo respeito à "cama de Sodoma" (midat sodom),
na qual todos visitantes eram obrigados a dormir.
Se os
hóspedes fossem mais altos, eram amputados, se eram mais baixos, eram esticados
até atingirem o comprimento da cama. Segundo o livro de Gênesis, dois anjos de
Deus dizem a Abraão que "o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado,
e porquanto o seu pecado se tem agravado muito".
Abraão,
então, intercede consecutivas vezes pelo povo sodomita, e Deus, ao final, lhe
responde que, se houvesse em Sodoma dez justos na cidade, ela não seria
destruída.
Ferindo
com cegueira os homens que estavam junto à porta da casa de Ló, por quererem
abusar sexualmente dos anjos enviados por Deus, os anjos retiram
Ló e sua família da cidade e lhes dão a ordem de seguirem sempre em
direção das montanhas sem olharem para trás.
A
esposa de Ló desobedeceu a ordem dada pelos anjos e olhou para trás, e foi
transformada em estátua de sal. Então, de acordo com Gênesis, inicia-se a
destruição de Sodoma e de toda a planície daquela região.
A
destruição ardente de Sodoma e Gomorra, e a existência de poços de betume
(asfalto) naquela região são descritas na Bíblia. Muitos peritos acham que
as águas do Mar Morto talvez se tenham elevado no passado e tenham
estendido a sua extremidade meridional numa considerável distância, cobrindo
assim o que talvez tenha sido o lugar dessas duas cidades.
Explorações
feitas nessa região mostram ser ela uma área queimada, de óleo e asfalto. A
respeito desse assunto diz o livro Light From the Ancient Past (Luz
do Passado Remoto), de Jack Finegan (1959, p. 147): “Uma cuidadosa
pesquisa da evidência literária, geológica e arqueológica aponta para a conclusão
de que as infames ‘cidades da planície’ estavam na área que agora está
submersa... e que sua ruína foi realizada por um grande terremoto,
provavelmente acompanhado por explosões, relâmpagos, ignição de gás natural e
conflagração geral.”
Os
textos proféticos (como o Livro de Ezequiel, capítulo 16, versículo 49)
explicam que Sodoma foi destruída por causa de seu orgulho, descuido e por não
ter ajudado os pobres e os infelizes. Em Evangelho segundo Mateus,
capítulo 11, versículo 23, Jesus mencionou que Sodoma foi destruída por
sua falta de hospitalidade.
Evidências
Arqueológicas
Os
arqueólogos nunca encontraram nenhuma evidência significativa, até então,
da existência de Sodoma e Gomorra. Porém, há indícios novos de que foram
encontradas no Monte Telel Hamã, na Jordânia, próxima ao Rio Jordão e ao
Mar Morto.
A
região teve uma grande atenção devido ao tamanho apresentado das antigas cidades-estados,
ou seja, 5x até 10x; como é descrito na Bíblia e na Torá. Essas escavações
foram organizadas pela equipe de pesquisadores da Universidade Trinitária
Southwest, do Novo México, sendo comandadas pelo arqueólogo Steven Collins.
Desastre
natural
Foi
teorizado que, se a história tem uma base histórica, as cidades podem ter sido
destruídas por um desastre natural. Uma dessas ideias é que o Mar Morto foi
devastado por um terremoto entre 2.100 e 1.900 a.C.. Isso pode ter
desencadeado chuvas de alcatrão fumegante.
Em
2008, uma peça de argila conhecida como "planisfério", descoberta por
Henry Layard em meados do século XIX, foi analisada pelos pesquisadores Alan
Bond, da empresa Reaction Engines e Mark Hempsell, da Universidade de Bristol,
que descobriram que a placa foi escrita por um astrônomo sumério onde os
relatos datavam da noite do dia 29 de junho de 3.123 a.C. no calendário
juliano.
Os
pesquisadores afirmam que metade da placa contém informações sobre posições
planetárias e de nuvens e a outra metade é uma observação de um asteroide com
dimensões maiores que um quilômetro. Segundo Mark Hempsell, com base no tamanho
e rota descritos, há a possibilidade de esse asteroide ter se chocado contra os
Alpes austríacos na região de Kofels.
Não
houve cratera que pudesse evidenciar explosão, pelo fato de ele ter voado
próximo ao chão, deixando um rastro de destruição causado pela onda
supersônica. Seu rastro teria gerado uma bola de fogo com temperaturas próximas
a 400°C e devastado aproximadamente uma área de 1 milhão de quilômetros
quadrados.
Hempsell
sugere que a nuvem de fumaça consequente à explosão do asteroide atingiu o monte
Sinai, algumas regiões do Oriente Médio e o norte do Egito, vitimando
diversas pessoas.
A
escala de devastação se assemelha com o relatado no Antigo Testamento na destruição
das cidades de Sodoma e Gomorra. Um documento de conferência de 2018
identificou um evento de explosão aérea semelhante a Tunguska perto do Mar
Morto 1 700 a.C., que destruiu uma região incluindo Telel Hamã.
Um
grupo de pesquisadores determinou que o choque da explosão sobre Telel Hamã foi
suficiente para arrasar a cidade, destruindo o palácio e as paredes
circundantes e estruturas de tijolos de barro há 3.650 anos.