Antônio José da Silva Coutinho
Antônio José da Silva
Coutinho nasceu em São João de Meriti – RJ em 8 de maio de 1705. Foi um
escritor e dramaturgo luso-brasileiro nascido no Brasil Colônia.
Formado na Universidade de
Coimbra, escreveu o conjunto da sua obra em Portugal entre 1725 e 1739. Recebeu
o epíteto de "O Judeu". É hoje considerado um dos maiores
dramaturgos portugueses de todos os tempos e o precursor da modinha.
O romancista português
Camilo Castelo Branco (1825-1890) retratou a vida de várias gerações da
família de Antônio José da Silva até a sua morte na sua obra O Judeu. A
história de Antônio José da Silva também inspirou Bernardo Santareno,
igualmente de origem judaica, a escrever a peça O Judeu (1966).
A sua vida é ainda
retratada no filme luso-brasileiro O Judeu (1995). A Fundação Nacional de
Artes - Funarte e o Camões Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa
instituíram o Prêmio Luso-Brasileiro de estímulo à dramaturgia Antônio
José da Silva no ano de 2007, Portugal dedicou-lhe um selo a 7 de
junho de 2010, na série Teatro em Portugal, que reproduz uma cena
da peça "Guerras do Alecrim e da Manjerona", sob o título
"Antônio José da Silva (O Judeu)".
António José da
Silva nasceu no engenho do avô materno, Balthazar Rodrigues Coutinho, no
bairro da Covanca, na atual cidade de São João de Meriti, no Rio de
Janeiro.
Era filho do advogado e
poeta João Mendes da Silva. Mudou-se ainda pequeno com a família para
a Freguesia da Candelária (hoje parte do centro da capital carioca).
Batizado no catolicismo,
mas de origem judaica, foi vítima da perseguição que dizimou a comunidade dos
cristãos-novos do Rio de Janeiro em 1712. Pensa-se que terá conseguido
manter a sua fé judaica secretamente. Mas, sua mãe, Lourença Coutinho foi
bem menos sucedida.
Acusada de judaísmo, foi
deportada para Portugal onde foi processada pela Inquisição. O pai de
Antônio decidiu então partir para Portugal, para estar próximo de sua mulher,
levando o jovem Antônio consigo. A família instalou-se a seguir na Metrópole.
Em Portugal, Antônio José
da Silva estudou direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em
1725. Interessado pela dramaturgia, escreveu uma sátira, que serviu de
pretexto às autoridades para prendê-lo, acusado de práticas judaizantes, com
sua mãe e sua esposa, a 8 de agosto de 1726.
Embora fosse amigo de
Alexandre de Gusmão, conselheiro do rei dom João V (1706-1750), foi
torturado a 16 de agosto e 23 de setembro, tendo ficado parcialmente
inválido durante algumas semanas, o que o impediu de assinar a sua
"reconciliação" com a Igreja Católica, acabando por fazê-lo em grande
auto-de-fé de 23 de outubro.
Salvou sua vida admitindo
ter seguido práticas da lei mosaica. Depois de ter abjurado seus erros, foi
posto em liberdade. Sua mãe ela só foi liberta três anos mais tarde, em outubro
de 1729, depois de ter sido torturada e figurada como penitente em
outro auto-de-fé.
Depois de ter praticado
três anos seu ofício de advogado, acabou por retomar sua atividade literária,
sendo considerado o maior dramaturgo português da sua época.
Escritor prolífico escreveu
sátiras em que criticava num modo burlesco o ridículo da sociedade
portuguesa, usando referências frequentes à mitologia e aos autores da
Antiguidade e da península Ibérica, nomeadamente Dom Quixote.
Devido a partes orquestrais
importantes, árias e conjuntos cantados, suas peças podem quase ser
consideradas óperas. A única música que sobreviveu foi composta por Antônio
Teixeira.
Conhecido pela facilidade e
verve cômica das suas sátiras, José Antônio da Silva fez muitos inimigos contra
os quais o conde de Ericeira o protegeu, mas após a morte deste último, o
dramaturgo e escritor foi denunciado como suspeito de judaísmo à
Inquisição.
Foi preso de novo em 1737,
em Lisboa com a mãe, a tia, o irmão (André) e a sua mulher, Leonor Maria
de Carvalho, que se encontrava grávida. Morreu no dia 19 de outubro de 1739 na
fogueira às mãos da Inquisição, num auto de fé. Antônio José da Silva é ainda
hoje considerado o mais famoso dramaturgo português do seu tempo.
As suas comédias ficaram
conhecidas como a obra de "O Judeu" e foram encenadas frequentemente
em Portugal nos anos da década de 1730. Influenciado pelas ideias igualitárias
do Iluminismo francês, o dramaturgo ligou-se a um grupo de
“estrangeirados”, formado por eminentes figuras como o diplomata luso-brasileiro
Alexandre de Gusmão (1695-1753), o principal conselheiro do rei Dom João
V.
Sua obra teatral
inspirava-se no espírito e na linguagem do povo, rompendo com os modelos
clássicos e incorporando o canto e a música como elemento do
espetáculo. Uma delas foi "Vida do Grande Dom Quixote de La Mancha",
representada em 1733.
Oito de suas óperas foram
publicadas em 1744 em dois volumes, na série que ostenta o título Theatro
cômico português, recuperadas em 1940, pelo investigador Luís Freitas
Branco. Mais tarde o musicólogo Felipe de Souza confirmou a parceria de
Antônio José com o padre Antônio Teixeira, autor das músicas.
Escreveu também poemas, um
deles publicado por Francisco Adolfo Varnhagen, em 1850, em seu
Florilégio da poesia brasileira. Este usa de recursos da poesia barroca,
tal como o maneirismo.
Em 1737, Antônio foi preso
pela Inquisição, juntamente com a mãe e a esposa (Leonor de Carvalho, com quem
casara em 1728, que era sua prima e também judia). A mãe e a mulher seriam
libertadas posteriormente.
Antônio José da Silva foi
novamente torturado. Descobriram que era circuncidado. Uma escrava negra
testemunhou que ele observava o Shabbat. O processo decorreu com notória
má-fé por parte do tribunal e Antônio José da Silva foi condenado, apesar
de a leitura da sentença deixar transparecer que ele não seria, de fato,
judaizante.
Como era regra com os
prisioneiros que, condenados, afirmavam desejar morrer na fé católica, Antônio
José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto-de-fé em
Lisboa em 19 Outubros de1739. Sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria
pouco depois.