Erupção do Vesúvio - A Destruição de Pompeia - Por
volta do século I, Pompeia era uma das várias cidades localizadas no
entorno do Vesúvio. O local tinha uma população expressiva, que se mantinha
próspera graças à renomada terra fértil da região.
Muitas
das localidades vizinhas a Pompeia, como Herculano, também sofreram danos e
destruição severa com a erupção de 79.
Um
estudo vulcanológico multidisciplinar e bio-antropológico das consequências e
vítimas da erupção, aliado à simulações e experimentos numéricos, indicam que
no Vesúvio e nas cidades circunvizinhas, o calor foi a principal causa de
morte, no que anteriormente se supunha ser devido às cinzas e sufocação.
Os
resultados do estudo demonstram que a exposição ao calor de pelo menos 250 °C a
uma distância de 10 quilômetros da erupção foi suficiente para causar morte
instantânea, mesmo daqueles abrigados em construções.
A
população e construções de Pompeia foram cobertas por doze diferentes camadas
de piroclasto, que caiu durante seis horas e totalizou 25 metros de
profundidade.
Plínio,
o Jovem forneceu um relato de primeira-mão da erupção do Vesúvio de sua
posição em Miseno, do outro lado do golfo de Nápoles, numa versão escrita 25
anos após o evento.
A
experiência provavelmente ficou gravada em sua memória devido ao trauma da
ocasião e também pela perda de seu tio, Plínio, o Velho, com o qual ele tinha
uma relação próxima.
Seu tio
morreu enquanto tentava resgatar vítimas isoladas; como almirante da armada,
ele havia ordenado que os navios da Marinha Imperial atracados em Miseno
atravessassem o golfo para auxiliar nas tentativas de evacuação.
Os
vulcanologistas reconheceriam mais tarde a importância dos relatos de Plínio, o
Jovem ao definir situações semelhantes às da erupção do Vesúvio como "plininas”.
A
erupção foi documentada por historiadores contemporâneos e, em geral
considera-se, a partir do texto de Plínio, que tenha começado em 24 de agosto
de 79. As escavações arqueológicas, no entanto, sugerem que a cidade foi
dizimada aproximadamente dois meses depois.
Isto é
confirmado por outra versão do texto, que estabelece a data da erupção como 23
de novembro. As pessoas sepultadas nas cinzas parecem vestir trajes mais
quentes do que as roupas de verão que poderiam estar vestindo em agosto.
As
frutas frescas e vegetais nas lojas são típicos de outubro, enquanto as frutas
de verão típicas de agosto já estavam sendo vendidas de forma seca ou em
conserva. As jarras de fermentação de vinho estavam seladas, e isto costumava
ocorrer por volta do final de outubro.
Entre
as moedas encontradas na bolsa de uma mulher, estava uma que trazia uma
homenagem ao décimo-quinto ano do imperador no poder, concluindo-se daí que ela
só poderia ter sido cunhada na segunda semana de setembro. Até hoje, não há uma
teoria definitiva sobre a razão de uma discrepância tão grande entre as datas.
Redescoberta
Depois
que as grossas camadas de cinzas cobriram Pompeia e Herculano, estas cidades
foram abandonadas e seus nomes e localizações eventualmente esquecidos.
A
primeira vez em que parte delas foi redescoberta foi em 1599, quando a
escavação de um canal subterrâneo para desviar o curso do rio Samo esbarrou
acidentalmente em muros antigos cobertos de pinturas e inscrições.
O
arquiteto Domenico Fontana foi então chamado, e ele escavou alguns outros
afrescos antes de mandar que tudo fosse coberto novamente. Tal procedimento foi
visto posteriormente tanto como um ato de preservação do sítio para gerações
posteriores quanto um ato de censura, considerando-se o conteúdo sexual das
pinturas e o clima moralista e classicista da contrarreforma na época.
Herculano
foi apropriadamente redescoberta em 1738 por operários que escavavam as
fundações do palácio de verão do rei de Nápoles, Carlos III. Pompeia foi redescoberta
como resultado de escavações intencionais realizadas em 1748 pelo engenheiro
militar espanhol Rocque Joaquin de Alcubierre.
As duas
cidades passaram então a ser exploradas, revelando muitas construções e
pinturas intactas. Carlos III demonstrou bastante interesse nas descobertas,
mesmo após se tornar rei da Espanha, pois a exibição das antiguidades reforçava
o poder político e cultural de Nápoles.
As
primeiras escavações profissionais foram supervisionadas por Karl Weber. Em
seguida foi a vez do engenheiro militar Francisco la Vega, que em 1804 foi
sucedido por seu irmão Pietro.
Em
1860, as escavações foram assumidas por Giuseppe Fiorelli. No começo da
exploração, descobriu-se que espaços vagos ocasionais nas camadas de cinzas
continham restos humanos.
Foi
Fiorelli que percebeu que aqueles eram espaços deixados por corpos decompostos,
desenvolvendo então uma técnica de injetar gesso neles para recriar
perfeitamente o formato das vítimas do Vesúvio.
O
resultado foi uma série de formas lúgubres e extremamente fiéis dos habitantes
de Pompeia incapazes de escapar, preservados em seu último instante de vida,
alguns com uma expressão de terror claramente visível.
Esta
técnica é utilizada até hoje, mas com resina no lugar do gesso, por ser
mais durável e não destruir os ossos, o que permite análises mais aprofundadas.
Em
1819, quando o rei Francisco I das Duas Sicilias, acompanhado de sua esposa e
filha, visitou uma exposição sobre Pompeia no Museu Arqueológico Nacional de
Nápoles, ficou tão constrangido com as obras de arte eróticas que decidiu
encerrá-las em um gabinete secreto, acessível apenas a "pessoas maduras e
de moral respeitável".
Aberta,
fechada, reaberta novamente e por fim lacrada por quase 100 anos, a câmara foi
tornada acessível novamente no final da década de 1960, e finalmente reaberta
para visitação em 2000.
Menores
de idade, no entanto, só podem visitar o ex-gabinete secreto na presença de um
responsável ou com autorização por escrito.