Propaganda

This is default featured slide 1 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 2 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 3 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 4 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 5 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

terça-feira, dezembro 13, 2022

Good Nigth

A emocionante história do morador de rua mais famoso do bairro mais caro de Brasília

 Ele chegou de mansinho, foi ficando e conquistou as pessoas. Criou um vira-lata como se filho fosse. Morreu de frio, numa madrugada, ao lado do fiel companheiro, que chorou e o velou até o fim.

 Marcelo Abreu - Correio Brasiliense

 Ele era um lorde maltrapilho. E ainda assim continuava lorde. Bebeu tudo que pôde. Bebeu até cansar de beber. E de viver. Morreu de frio, ao relento, perto de uma árvore. E ainda assim morreu lorde. E não há poesia em dizer isso.

Como alguém, maltrapilho, que morre de frio, pode ser lorde? Good Night era. E da melhor qualidade. Era um lorde às avessas, sem terno bem cortado, champanhe francês, charuto ou carro importado. Era um homem que ainda emocionava aquela gente rica, de pouca conversa com estranhos e quase sempre apressada do nobre Sudoeste.

 O maltrapilho Good Night os fez pensar em si mesmos. E fez essa gente - dos que moram ali aos que trabalham na região - se render a um homem que andava com um cachorro vira-lata pelas ruas do bairro, esnobava no inglês e lia jornal achando que todas as notícias eram iguaizinhas. Good Night sabia o que dizia. Era um show. Morreu há um mês, enquanto dormia, naquela semana em que as madrugadas chegaram a registrar entre nove e 12 graus.

 The Dog, como ele chamava o cão que o velou até fim, chorou. Foi difícil tirá-lo de junto do corpo do amigo. Mas, afinal, quem era este tal de Good Night? Pouco se sabe. E tudo que se sabe foi o que ele permitiu saber. Há pelo menos 14 anos, aquele homem chegou ali. Chegou do nada, vindo do nada. O bairro nobre começava. Good Night acampou na região. Junto, trouxe uma garrafa de cachaça e um jornal debaixo do braço - companheiros inseparáveis.

 O jornal não servia de cobertor. Good Night o lia com interesse muito particular. Aos poucos, mesmo que a gente apressada não o visse, ele foi se chegando. Cumprimentava as pessoas, mesmo que a maioria não respondesse. Ria para elas, quando sentia vontade de rir. E fez do bairro a última morada. A voz grossa e meio rouca, sua característica mais marcante, não combinava com aquele tipo mirradinho. Good Night não media mais que 1,60m.

 O homem que bebia todo dia obrigou aquela gente a percebê-lo. Ele podia usar o banheiro dos prédios comerciais. Quando estava no auge dos devaneios etílicos, danava-se a falar inglês. E sacava, quando passava para cumprimentar as pessoas, suas frases de efeito: “Good Night, boys!” Ou, se era pela manhã: “Good morning, girls! I love you, girl!” Pedia licença, em inglês: “Excuse me”. E agradecia, quando lhe davam alguma coisa, também na língua do Tio Sam: “Thank you! God reward you!” (Deus lhe pague).

Não tardou para ser chamado de Good Night. E Good Night começou a quebrar o gelo daquela gente do nobre Sudoeste. Aos poucos, passou a ser visto com condescendência. Sua presença já não causava tanto incômodo. Nem medo. Nem estranheza. Nem ameaça. Quando estava sóbrio, geralmente só pelas manhãs, era de poucas palavras. Quase mudo. Lia jornal, revista, o que chegasse às suas mãos, sempre dada pela caridade alheia. E ficava horas pensando. Good Night gostava de ficar com ele mesmo.

 The Dog

 O Sudoeste cresceu. Good Night continuou ali. A avenida comercial era toda sua - especificamente as quadras 102/302 e 103/303. O mendigo virou morador do bairro mais caro da terra de JK. E, creiam, o mais popular. O mais divertido. O mais verdadeiro. Caiu no gosto das pessoas. Good Night amoleceu corações. Chegaram outros moradores de rua. Ele tornou-se uma espécie de líder. Todos lhe obedeciam. Ele nunca permitiu desordem e confusão. Levou isso até o fim.

 Há cinco anos, um cão vira-lata, feioso, de pelo vermelho, cheio de pulga, apareceu ali. Não se sabe como. Afeiçoou-se a Good Night. Ambos se adotaram. Um cuidou do outro. Um era a referência do outro. Lorde como era, Good Night batizou o animal. Chamou-o de The Dog. E, creiam de novo, ensinou o vira-lata a sorrir e cumprimentar as pessoas levantando a pata.

 O cachorro logo aprendeu a elegância do dono. Só atravessava na faixa de pedestre. Não entrava nas lojas. Não fazia cocô perto da gente elegante. E nunca, nunca brigou na rua. Na madrugada em que Good Night morreu, The Dog cuidou dele até que os bombeiros chegassem. Lambia-o. Mexia para que ele levantasse dali. Hoje, vive com uma menina moradora de rua, que cuida dele porque prometeu isso a Good Night.

 Good Night bebeu até o dia em que morreu. “Oito dias antes da morte, ele me disse que ia dar um tempo, que a bebida estava fazendo mal”, conta o cearense Antônio Aurismar Pimenta, 39 anos, o Mazinho, segurança do Edifício Rhodes Center 1, na comercial da 103 do Sudoeste. Ele trabalha na região há 14 anos. “Comecei como açougueiro. E, desde que vim pra cá, conheço o Good Night. Ele era uma pessoa muito boa, todo mundo gostava dele.”

 Saudoso, Mazinho lembra as tiradas pitorescas de Good Night: “Ele gostava de falar umas coisas em inglês. Era inteligente, parecia ser estudado. Sempre beijava a mão da síndica e chamava-a de condessa. Nunca perturbou a vizinhança e ainda exigia que os outros moradores não perturbassem também. Ele era o xerife de todos eles”.

 O porteiro Eliézio Cardeal, maranhense de 38 anos, há 13 naquele endereço, elogia o carisma que Good Night despertou nos moradores e na gente que trabalha na região: “Do rico do pobre, todo mundo gostava dele. Era inteligente. Falava de política melhor do que os políticos. E me explicava muita coisa. Vai fazer falta por aqui”.

 Pouco se sabe de Good Night. Desconfia-se que ele seria carioca. Pelo sotaque cheio de ‘s’. Contam que ele teria parado na rua por conta de um acidente de carro, onde morreram a mulher e os dois filhos. Seria ele o motorista. Há quem tenha ouvido que ele teria sido funcionário da falida Encol. Que uma desilusão amorosa o levou às ruas. Que seria formado em direito. E que teria parentes no nobre Sudoeste, na 102.

 Pouco importa o que Good Night teria sido. Ele foi o lorde do Sudoeste. Fez gente tão distante dele olhar pra ele. E isso já seria seu melhor currículo. “Ele falava umas línguas que eu não entendia”, espanta-se, até hoje, o lavador de carros Maikon Michel Santos, 21 anos. E emenda: “Mas era humilde com as pessoas”.

 Na Confeitaria Monjolo, na 103, as funcionárias tinham ordem para dar um salgado pra ele. “A dona deixava. Ele era boa pessoa”, diz a caixa Cristiane Santos, 21 anos. Iolanda Lucena, 20, balconista da padaria Pães e Vinhos, tenta imaginar o que levou aquele homem a perder-se dele mesmo. “A gente percebia que teve uma condição boa na vida. Talvez sofreu uma decepção, teve depressão”.

 No restaurante Nautilus, Good Night fez muitos amigos. E foi responsável por muitas gargalhadas.“Ele só não gostava de madames. Principalmente as peruas. Imitava todas elas e a gente morria de rir. Era uma graça”, lembra a atendente Elma Veloso, 25 anos. “Tinha gente que chamava ele para se sentar e conversar. Uma doutora que trabalha aqui fazia muito isso”, diz o garçom Fábio Bonfim, 18.

 José Lucimar Ribeiro, 31 anos, também atendente, admirava a honestidade dele: “Ele nunca pedia nada. Quando pedia, era um real. E falava: ‘É pra comprar cachaça mesmo. Não é pra comida, não’. Ele nunca enganou ninguém”. Na tarde de ontem, Otalino Firmino, 63, morador da 304, soube da morte de Good Night no supermercado São Jorge. Levou um susto: “Caraca, ele morreu?”. Era uma figura. Ia comprar pão e a gente conversava”.

 Good Night era tão Good Night que nunca aceitou ir para abrigo do governo. “Tentamos várias vezes, mas ele não aceitava”, conta a ex-diretora de serviços da Administração Regional do Sudoeste, Ivana Natividade, 46 anos, que cuidava do projeto Anjos da Noite. E elogia: “Ele tinha cultura, era diferente dos outros”.

 O dono do chique restaurante San Lorenzo, na 103, Carlos José de Moura, 47, tornou-se uma espécie de protetor de Good Night, um homem de 60 anos, cabelos brancos e pele clara castigada pelo sol do Planalto Central. “A maneira de se expressar dele me fez perceber que ele tinha conhecimento. A concordância verbal era perfeita.” Carlos procurou descobrir por que aquele homem havia parado na rua e se largado tanto. “Tentei resgatar o passado dele, mas ele me dizia que não gostava de falar disso. Talvez o mistério desse passado seja o início dessa fuga. Não quis mais entrar no mérito.”

 Good Night contou a Carlos José que se chamava Frederico. Naquele dia, Fred - como os mais íntimos o chamavam - entrou no seu restaurante e comeu sempre que quis. “Uma vez, um playboy acusou o Fred de ter roubado o CD-player do carro dele. Foi lá, no saco de latinha que ele carregava, e chutou tudo. Eu me meti e disse que ele jamais teria feito aquilo. E não fez.”

 Ao lado de Carlos José, Good Night sentiu-se forte. Encarou o playboy do Sudoeste e devolveu: “Você tá pensando que não conheço as leis que me protegem?” E continuou, cheio de si: “Vou agora ao seu carro, anotar a placa e dar pro meu advogado. Ele vai te procurar”. Dá-lhe, Good Night! O playboy? Saiu sem dizer mais nada. Envergonhou-se do papelão e vazou. “Naquele dia, ele me disse: ‘Você me fez sentir gente’. Nossa amizade nasceu ali.” Emocionado, o dono do restaurante badalado admite: “Só me arrependo de não ter resgatado a história dele”. E agradece: “Ele me ensinou que a vida estava sempre boa”.

 E assim Good Night viveu. Encantou quem se deixou ser encantado. Fez piada de si mesmo. Riu dele e da hipocrisia dos muitos ricos. Ensinou The Dog a atravessar só na faixa, a não sujar o chão e a cumprimentar as pessoas. Bebeu todas. Fez uma gente olhar pra ele. E, numa madrugada, morreu de frio, ao lado do seu fiel companheiro, que chorou sua morte. Viva, Good Night!







segunda-feira, dezembro 12, 2022

Sobre a Bíblia Sagrada



Alguém precisava dizer a verdade sobre a Bíblia. Os padres não ousariam, pois seriam expulsos de seus púlpitos. Os professores nas faculdades não ousariam, pois perderiam seus salários.

Os políticos não ousariam, pois seriam derrotados. Os editores não ousariam, pois perderiam seus leitores. Os comerciantes não ousariam, pois perderiam seus clientes.

Os homens de prestígio não ousariam, temendo perder seus admiradores. Nem mesmo os balconistas ousariam, pois poderiam ser despedidos. Então resolvi fazer isso eu mesmo.

Há milhões de pessoas que creem que a Bíblia é a palavra inspirada por Deus - milhões que pensam que este livro é um báculo e um guia, um conselheiro e um consolador; que preenche o presente com paz e o futuro com esperança - milhões que creem que é a fonte da lei, da justiça e da clemência, e que o mundo deve sua liberdade, riqueza e civilidade aos seus sábios e benignos ensinamentos - milhões que acreditam que este livro é a revelação da sabedoria e do amor de Deus ao cérebro e coração do homem - milhões que consideram este livro como uma tocha que sobrepuja a escuridão da morte e derrama seu brilho em outro mundo - um mundo sem lágrimas.

Entretanto, esquecem-se de sua ignorância e selvageria, de seu ódio à liberdade, de sua perseguição religiosa; lembram-se do céu, mas esquecem-se do calabouço da dor eterna. Esquecem-se de que aprisiona a mente e corrompe o coração. Esquecem-se de que é um inimigo da liberdade intelectual. A liberdade é minha religião.

Liberdade das mãos e da mente - no pensar e no trabalhar. Liberdade é uma palavra odiada pelos reis e amaldiçoada pelos papas. É uma palavra que despedaça tronos e altares - que deixa a coroa sem súditos e as mãos estendidas da superstição sem esmolas.

Liberdade é a consequência, o fruto da justiça - o perfume da clemência. Liberdade é a semente e o solo, o ar e a luz, o orvalho e a chuva do progresso, o amor e a alegria.

Robert G Ingersoll

Toda noite

Toda a noite a chuva veio e toda a noite não parou, e toda a noite o meu anseio no som da chuva triste e cheio sem repousar se demorou.
E toda a noite ouvi o vento, por sobre a chuva irreal, soprar e toda a noite o pensamento, não me deixou um só momento, como uma maldição do ar.
E toda a noite não dormida ouvi bater meu coração na garganta da minha vida.

(Fernando Pessoa) 

noite é o período ocorrido durante a rotação da Terra em que não é recebida a luz do Sol, ou seja, aquela determinada região encontra-se na parte escura do planeta, é o período do dia compreendido entre o por e o Nascer do Sol. Seu período de duração varia consoante a estação do ano e o local da Terra onde se encontra: é maior no inverno e menor no verão; maior nos polos, menor nos trópicos.

Biologia

A maioria dos seres vivos têm na noite o período de descanso, muitas vezes com profundas alterações no metabolismo, tais como: redução dos batimentos cardíacos, diminuição da temperatura corporal (animais homeotérmicos) ou substituição da fotossíntese pela respiração (vegetais superiores).

São denominados noctívagos os seres que têm o período noturno como o de maior atividade, tais como morcegos, anfíbios, etc. A noite é, para algumas tribos, a hora das trevas reinarem e assim, esperarem até o sol sair de novo para poder pescar, caçar, etc.

Ciências Sociais

Período sombrio, onde a visão fica diminuída, a noite é certamente a grande geradora dos mitos e lendas ao longo da história, com os quais a humanidade explicava seus temores. Ruídos inexplicáveis, visões enevoadas, acendiam a imaginação, fazendo surgir criaturas mitológicas como vampiros, fantasmas, lobisomens, deuses iracundos e toda sorte de entidades feéricas.

Direito

Para o Direito Criminal interessa na adoção das chamadas "medidas preventivas", inibidoras das práticas delituosas efetuadas ao abrigo da escuridão, preconizadas inicialmente por César Lombroso, tais como a boa iluminação pública, o policiamento ostensivo, etc.




Joseph Boxhall



Joseph Groves Boxhall foi um marinheiro britânico mais famoso por ter servido como o quarto oficial do RMS Titanic em 1912. 

Nascido em uma família de marinheiros, ingressou na marinha mercante logo aos 15 anos de idade e, após quatro anos de treinamento, conseguiu seu certificado de oficial em 1903, começando a trabalhar na mesma companhia que seu pai. 

Boxhall entrou em 1907 na White Star Line e trabalhou em diversos navios antes de ser transferido para o Titanic em março de 1912 para sua viagem inaugural.

Participou dos testes marítimos do navio em Belfast junto com os outros oficiais, em seguida indo para Southampton para a partida. Durante a viagem Boxhall ficou encarregado de tarefas relacionadas à navegação, como manter relatórios sobre a posição da embarcação.

Estava perto da ponte na noite do dia 14 de abril quando o Titanic bateu no iceberg.

Durante o naufrágio Boxhall recebeu a tarefa de atirar fogos de artifício para tentar sinalizar a posição do navio, sendo no último momento colocado como o responsável do bote salva vidas nº 2. Foi resgatado na manhã do dia 15 de abril pelo RMS Carpathia.

Boxhall testemunhou nos inquéritos britânico e americano sobre o naufrágio, posteriormente continuando a trabalhar para a White Star Line. 

Comandou um navio durante a Primeira Guerra Mundial e depois tornou-se um oficial "sênior". Continuou trabalhando em navios de passageiro até se aposentar em 1940.

Boxhall sempre foi relutante em falar sobre o Titanic, porém ao final de sua vida entrou em contato com historiadores e ajudou na produção do filme A Night Remember como consultor. 

Morreu em 1967 aos 83 anos, tendo suas cinzas espalhadas sobre o local do naufrágio conforme sua vontade.

Início de vida

Joseph Groves Boxhall nasceu em 23 de março de 1884 na cidade de Kingston Upon Hull, East Riding of Yorkshire, Inglaterra, filho de Joseph e Miriam Boxhall. 

Tinha três irmãs (uma morreu ainda na infância) e cresceu em uma família com histórico naval. Seu avô tinha sido um marinheiro, seu tio era um mestre de boias e seu pai era capitão muito respeitado.

Boxhall subiu em um barco pela primeira vez em 2 de junho de 1899 para começar seu período de treinamento como marinheiro. Durante esse tempo viajou ao redor do mundo, passando pela Rússia, Austrália e as Américas. 

Conseguiu seu certificado de oficial em 1903 e logo em seguida se juntou à empresa que seu pai trabalhava, a Wilson Line de Hull. Boxhall depois entrou na White Star Line em 1907.

Para a White Star Line ele trabalhou inicialmente como sexto oficial a bordo do RMS Oceanic na rota transatlântica, onde conheceu Charles Lightoller. Em seguida Boxhall passou a servir em viagens para a Austrália. 

Voltou para o Atlântico um tempo depois a bordo do SS Arabic, antes de ser designado em 1912 para trabalhar como quarto oficial na viagem inaugural do RMS Titanic.

Viagem

Boxhall se juntou à tripulação do Titanic em Belfast no dia 27 de março de 1912 junto com os outros três oficiais "Juniors" (terceiro oficial Herbert Pitman, quinto oficial Harold Lowe e sexto oficial James Moody), participando dos testes marítimos em 2 de abril antes de ir para Southampton. 

Estava na ponte de comando junto com Lowe, o capitão Edward Smith e o timoneiro George Bowyer quando o navio deixou o porto em 10 de abril. Boxhall ficou responsável por transmitir as ordens da ponte para a sala de máquinas.

Ele era reconhecido por suas capacidades como navegador e foi encarregado por Smith de calcular a rota e a posição do navio, bem como de constantemente atualizar os mapas e cuidar dos relógios. 

Boxhall, assim como os outros oficiais "Juniors", trabalhava em duplas em períodos de quatro horas alternadas por quatro horas de descanso, com ele normalmente sendo designado com Moody. 

Tinha sua própria cabine no alojamento dos oficiais atrás da ponte de comando, contendo um beliche e um pequeno escritório.

Boxhall recebeu mensagens durante a manhã do dia 14 de abril avisando sobre gelo no caminho, atualizando as coordenadas mencionadas nas cartas marítimas do Titanic

domingo, dezembro 11, 2022

Amante Vulgar

Mau, com efeito, é o amante vulgar que prefere o corpo ao espírito, pois o seu amor não é duradouro por não se dirigir a um objeto que perdure. A flor do corpo que ama vem um dia a murchar – e então ele ‘se retira ligeiro como as asas’ esquecendo-se das declarações e muitas juras que fez.

(Platão)

Amante, em seus termos mais clássicos, significa uma pessoa que ama ou tem paixão por outra coisa, assunto, área, pessoas ou afins; aquele que mantém, com outra pessoa, relação sexual de forma estável, porém não assume publicamente tal envolvimento, sem demais danos morais às partes.

Outro significado que é popularmente usado, quando se tratando de relacionamentos de pessoas casadas com terceiros, é a denominação dada ao homem ou à mulher que mantém um relacionamento duradouro com uma pessoa casada com uma terceira.

Tal relação é geralmente estável e semipermanente, entretanto, o casal não vive abertamente junto, pois o relacionamento é considerado imoral pela sociedade. Ademais, o relacionamento é frequentemente, mas não sempre, secreto. E pode haver a implicação de o/a amante ser mantido/a (manteúdo/a) financeiramente pelo parceiro/a.

Historicamente, o termo denotado era "uma mulher mantida", que tinha a vida mantida por um homem rico para satisfazer o seu prazer sexual. Essa mulher podia ter vários papéis como uma amante ou uma cortesã, dependendo da situação e do ambiente.

Hoje o termo "amante" é usado principalmente para referir-se ao amante do sexo feminino de um homem que é casado com outra mulher; no caso de um homem solteiro, é comum falar "namorada" ou "parceiro".

Historicamente, um homem sustentava uma amante. Como o termo indica, ele era responsável por ela e a tratava da mesma forma da esposa, apesar de que não era obrigatório.



 

Joseph Boxhall - Naufrágio


Joseph Boxhall ficou em serviço na ponte até as 22hs na noite do dia 14 junto com Moody e o primeiro oficial William Murdoch, indo em seguida para seus aposentos. Ele estava acordado bebendo chá às 23h40min quando ouviu três batidas do sino de alerta do cesto de gávea, alertando sobre obstáculo adiante. 

Boxhall correu para a ponte e chegou logo depois do impacto com o iceberg. Smith chegou em seguida e foi informado por Murdoch sobre a situação. Os três oficiais foram para a passarela de estibordo procurando pelo gelo.

Boxhall deixou a ponte enquanto Murdoch e Smith ainda discutiam e por conta própria foi avaliar os danos. O oficial desceu para os conveses inferiores até as instalações da terceira classe. Sua rápida inspeção não revelou nenhuma avaria nem barulho suspeito. 

Enquanto voltava para a ponte um passageiro da terceira classe lhe entregou um pedaço de gelo que havia caído no convés. Ele retornou depois de quinze minutos e informou o capitão. Smith não ficou satisfeito e pediu para Boxhall chamar o carpinteiro Hutchinson e realizar outra inspeção. 

Os dois homens mais o carteiro chefe desceram novamente aos conveses inferiores e descobriram que os compartimentos frontais estavam inundados. Os três então desceram mais ainda para inspecionar a sala dos carreiros e encontraram vários trabalhadores tentando salvar as malas de cartas da inundação.

O oficial então foi chamar Lightoller e Pitman, que estavam em suas respectivas cabines. Ele calculou a posição do navio às 0h10min para que ela fosse enviada pelos operadores de rádio Jack Phillips e Harold Bride nos pedidos de socorro; a posição que os dois estavam enviando até então era aquela de quatro horas antes. 

Pouco depois Boxhall avistou luzes de um navio no horizonte, trabalhando junto com o quartel-metre George Rowe para tentar contatar a embarcação através de fogos de artifício e lâmpadas morse, sem sucesso. 

Ele posteriormente afirmou que o outro navio ficou até oito quilômetros de distância do Titanic, o suficiente para que pudessem ver suas janelas a olho nu, mas que ele aos poucos foi se afastado até desaparecer. 

Durante a evacuação dos passageiros o oficial ficou encarregado de disparar fogos de artifício sinalizadores; enquanto Boxhall afirma ter disparado por volta de seis a doze fogos de seu lado do navio, não se sabe o número exato.

Boxhall foi finalmente colocado no comando do bote salva vidas nº 2 depois de todos os fogos de artifício serem disparados. O barco deixou o Titanic às 1h45min com apenas dezoito pessoas a bordo de uma capacidade total de quarenta: quatro eram tripulantes, oito eram passageiros de primeira classe e seis de terceira classe. 

De acordo com testemunhas o bote não tinha nenhum homem com exceção dos tripulantes. Boxhall foi o terceiro e último oficial a embarcar num bote, depois de Pitman e Lowe.

Após o navio afundar, ele sugeriu voltar para a zona do naufrágio a fim tentar salvar algumas pessoas, porém as mulheres a bordo se recusaram. Além da relutância dos passageiros. o próprio Boxhall considerava a manobra perigosa já que as pessoas no mar poderiam emborcar o bote. 

Dessa forma eles decidiram não voltar ao local do desastre. O oficial acendeu sinalizadores durante a madrugada para tentar encontrar outros botes, porém em vão. 

Pouco antes do amanhecer ele avistou o RMS Carpathia, com seu barco sendo o primeiro a ser resgatado às 4h10min do dia 15 de abril. Foi Boxhall quem informou o capitão Arthur Rostron do Carpathia sobre o naufrágio do Titanic.

Vida Posterior

Boxhall foi chamado para depor nas comissões de inquérito americana e britânica sobre o naufrágio, sendo o primeiro a falar sobre o misterioso navio que havia sido avistado no horizonte. 

Ele acabou voltando a trabalhar normalmente em junho de 1912 a bordo do RMS Adriatic, novamente como quarto oficial, ao mesmo tempo sendo promovido a tenente de reserva.

 Foi promovido a tenente em 1915. Boxhall serviu no HMS Commonwealth e comandou um barco torpedeiro durante a primeira Guerra Mundial. Casou em 25 de março de 1919 com Marjory Beddells, porém nunca tiveram filhos.

Voltou para a marinha mercante depois da guerra e continuou a trabalhar na White Star Line, em algumas ocasiões em outras empresas pertencentes a International Mercantile Marine Co. 

A White Star foi incorporada em 1934 por sua rival a Cunard Line, com Boxhall como primeiro e segundo oficial em vários navios prestigiados como o RMS Berengaria e o RMS Aquitânia até se aposentar em 1940.

Nunca conseguiu seu próprio navio para comandar em toda sua carreira. Entretanto, era aceito na companhia de comandantes de renome e se tornou amigo do capitão Grattige (que comandou o RMS Queen Mary e o RMS Queen Elizabeth).

Boxhall sempre teve um pouco de relutância em falar sobre o Titanic, porém mesmo assim foi em 1958 consultor histórico do filme A Night Remember sobre o naufrágio. Ele assistiu a uma exibição especial do filme em 3 de julho junto com Pitman, o outro oficial ainda vivo. 

Boxhall também concordou em se encontrar com historiadores no final da sua vida e em gravar em 1962, quinquagésimo aniversário do naufrágio, uma entrevista especial para a BBC sobre suas memórias do incidente. 

Também manteve contato com Pitman durante toda sua vida até a morte do segundo em dezembro de 1961.

Boxhall morreu em 25 de abril de 1967 na cidade de Christchurch aos 83 anos, sendo o último dos oficiais do Titanic a morrer. De acordo com sua vontade e testamento, ele foi cremado e suas cinzas foram espalhadas no local do naufrágio.

Como os destroços do navio só foram descobertos em 1985, suas cinzas foram jogadas nas coordenadas que ele havia calculado em 1912: 41°46N 50°14O – 21 km de distância de onde o Titanic realmente está localizado: 41°43N 49°56O.  

Conjugando o Tempo

"Vivemos conjugando o tempo passado (saudade, para os românticos) e o tempo futuro (esperança, para os idealistas). Uma gangorra, como vês, cheia de altos e baixos - uma gangorra emocional. Isto acaba fundindo a cuca de poetas e sábios e maluquecendo de vez o homo sapiens. Mais felizes os animais, que, na sua gramática imediata, apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo. E que nem dá tempo para suspiros..."

Mario Quintana



O Tempo

O tempo é uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como também em todas as áreas e cadeiras científicas. Uma definição do mesmo, em âmbito científico, é por tal não apenas essencial como também, em verdade, um requisito fundamental.

Contudo, isso não significa que a ciência detenha a definição absoluta de tempo: ver-se-á que tempo, em ciência, é algo bem relativo, não só em um contexto cronológico - afinal, as teorias científicas evoluem - como em um contexto interno ao próprio paradigma científico válido atualmente.

Em física, tempo é a grandeza física diretamente associada ao correto sequenciamento, mediante ordem de ocorrência, dos eventos naturais; estabelecido segundo coincidência simultaneamente espaciais e temporais entre tais eventos e as indicações de um ou mais relógios adequadamente posicionados, sincronizados e atrelados de forma adequada à origem e aos eixos coordenados do referencial para o qual define-se o tempo.

Definido desta forma, o tempo parece algo simples, mas várias considerações e implicações certamente não triviais decorrem desta, mostrando mais uma vez que este companheiro inseparável de nosso dia a dia é mais misterioso e sutil do que se possa imaginar. Medir o tempo envolve geralmente bem mais do que apenas justapor um relógio a um evento e anotar sua indicação.

As formas de se atrelar os relógios aos eixos espaciais (ou não), e de sincronizá-los, variam bastante segundo o contexto; sendo bem distintas no âmbito da mecânica clássica e da mecânica relativística.

Conforme definido, a grandeza tempo encontra-se intrinsecamente relacionada à grandeza energia, aos conceitos de coincidência (espacial e/ou temporal), de simultaneidade e de referencial.

As relações entre energia e tempo são tão estreitas que estas duas grandezas são ditas como grandezas conjugadas, tanto ao considerar-se teorias físicas já há tempos consolidadas, (ex.: termodinâmica), como ao considerar-se teorias da física moderna (ex.: relatividade e física quântica).

Na mecânica clássica, tem-se por definição que a coincidência temporal na observação de eventos em um dado referencial implica a simultaneidade destes dois eventos neste e em quaisquer outros referenciais, sendo o tempo neste contexto definido como uma grandeza absoluta e explicitamente independente do referencial.

Na mecânica clássica, um observador situado na origem do sistema de coordenadas atrelados ao referencial observa todos os eventos que se dão em um mesmo tempo no mesmo instante, independente das posições espaciais nas quais eles se dão. A informação propaga de forma instantânea pelo espaço.

O avanço dos recursos experimentais e a evolução das teorias para a dinâmica de matéria e energia observados no século XX, contudo, colocaram em xeque o pressuposto que fora assumido no contexto clássico.

A teoria da relatividade restrita, conforme publicada por Albert Einstein em 1905, trouxe à tona a explícita dependência da coincidência nas percepções de eventos com o referencial a partir do qual se observam os mesmos: eventos que são coincidentes quando observados a partir da origem de um referencial não o serão em referenciais que movam-se com velocidades apreciáveis em relação ao primeiro, e mesmo para observadores em referenciais estáticos em relação ao primeiro contudo dele distintos não há obrigatoriedade de concordância quanto à coincidência ou não das percepções dos eventos.

Neste contexto, em vista de sua definição, o tempo perde o status de grandeza absoluta e universal e passa a ser uma grandeza estritamente local, uma grandeza necessariamente atrelada à origem e aos eixos espaciais coordenados de um referencial em específico.

A dependência do tempo com a energia decorre do processo usado para mensurá-lo. Medir o tempo implica estabelecer um mecanismo físico que produza um dado evento que se repita de forma uniforme e simétrica, e nestes mecanismos repetições uniformes e regulares significam, em acordo com o teorema de Noether quando aplicado à definição de energia, uma energia muito bem definida para o mecanismo de referência. Incertezas na energia deste implicam incertezas na medida do tempo ao usar-se tal mecanismo - tal relógio - para mensurá-lo.

A relação entre energia e tempo é também evidente ao considerar-se a entropia, grandeza física definida no âmbito da termodinâmica quando se consideram os processos onde ocorrem trocas ou concernentes à distribuição de energia, a qual associa-se a capacidade de discernimento do que veio primeiro e do que veio posteriormente em tais sistemas físicos quando considerados de forma isolada.

A entropia funciona, nestes termos, como a flecha do tempo: configurações que impliquem maiores valores de entropia para o sistema composto necessariamente sucedem no tempo configurações às quais se associam valores menores de entropia.

Associado à seta do tempo encontra-se também um princípio há muito presente nas teorias científicas: o conceito de casualidade. Embora o advento da mecânica quântica tenha trazido à tona vários debates a respeito da causalidade em sistemas físicos sob seu domínio, mesmo dentro desta teoria é evidente que eventos que guardam relação de causalidade sucedem-se no tempo, com a causa sempre precedendo o efeito.

Mesmo ao considerar-se a redução instantânea da função de onda em partículas emaranhadas quando espacialmente separadas – o paradoxo EPR - o comportamento correlacionado observados nas partículas ao reduzir-se a função de onda - ao realizar-se uma medida sobre uma delas - mesmo não encerrando em si uma relação de causa e efeito, e por isto ocorrendo instantaneamente e simultaneamente - de forma não local -, só é possível porque, em algum momento anterior, houve um processo que deu origem ao emaranhamento das partículas, e nestes termos a causa precede o efeito observado, conforme esperado.

Em outras palavras, embora a mecânica quântica suscite o debate sobre causalidade, ela não a contradiz, e a relação de causa efeito é um conceito amplamente difundido em todas as teorias científicas e indissociável do conceito de tempo.

Mesmo a relatividade, que trouxe consigo a dependência explícita do tempo com o referencial e os debates quanto à possibilidade de viagem no tempo, preserva a causalidade: se em um referencial o evento 1 é causa do evento 2, precedendo-o no tempo, portanto, em qualquer outro referencial esta relação de causalidade será preservada, mesmo que a medida do intervalo de tempo entre os eventos possa ser expressa mediante valores bem diferente nos diferentes referenciais escolhidos.

A noção em senso comum de tempo é inerente ao ser humano, visto que todos somos, em princípio, capazes de reconhecer e ordenar a ocorrência dos eventos percebidos pelos nossos sentidos. Contudo a ciência evidenciou várias vezes que nossos sentidos e percepções são mestres em nos enganar.

A percepção de tempo inferida a partir de nossos sentidos é estabelecida via processos psicossomáticos, nos quais variadas variáveis, muitas com origem puramente psicológica, tomam parte, e assim como certamente todas as pessoas presenciaram em algum momento uma ilusão de ótica, da mesma forma de que em algum momento houve a sensação de que, em certos dias, determinados eventos transcorreram de forma muito rápida, e de que em outros os mesmos eventos transcorreram de forma bem lenta, mesmo que o relógio - aparelho especificamente construído para medida de tempo - diga o contrário.

Embora os pesquisadores não tenham encontrado evidências de um único “órgão do tempo” no cérebro, e de que ainda há muito por se descobrir em relação aos processos cerebrais responsáveis pela nossa percepção de passagem do tempo, é certo que o conceito baseado em senso comum é muito pouco preciso para mostrar-se confiável ou mesmo útil na maioria das situações, mesmo nas práticas onde estamos acostumados a utilizá-lo.

A exemplo, todos certamente já afirmaram, de forma a mais natural: "o tempo corre", "este ano passou depressa" ou mesmo "esta aula não acaba". Uma definição científica mais precisa faz-se certamente necessária, e com ela ver-se-á, entre outros, que o tempo, em sua acepção científica, não flui. O tempo simplesmente é.