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domingo, dezembro 11, 2022

Joseph Boxhall - Naufrágio


Joseph Boxhall ficou em serviço na ponte até as 22hs na noite do dia 14 junto com Moody e o primeiro oficial William Murdoch, indo em seguida para seus aposentos. Ele estava acordado bebendo chá às 23h40min quando ouviu três batidas do sino de alerta do cesto de gávea, alertando sobre obstáculo adiante. 

Boxhall correu para a ponte e chegou logo depois do impacto com o iceberg. Smith chegou em seguida e foi informado por Murdoch sobre a situação. Os três oficiais foram para a passarela de estibordo procurando pelo gelo.

Boxhall deixou a ponte enquanto Murdoch e Smith ainda discutiam e por conta própria foi avaliar os danos. O oficial desceu para os conveses inferiores até as instalações da terceira classe. Sua rápida inspeção não revelou nenhuma avaria nem barulho suspeito. 

Enquanto voltava para a ponte um passageiro da terceira classe lhe entregou um pedaço de gelo que havia caído no convés. Ele retornou depois de quinze minutos e informou o capitão. Smith não ficou satisfeito e pediu para Boxhall chamar o carpinteiro Hutchinson e realizar outra inspeção. 

Os dois homens mais o carteiro chefe desceram novamente aos conveses inferiores e descobriram que os compartimentos frontais estavam inundados. Os três então desceram mais ainda para inspecionar a sala dos carreiros e encontraram vários trabalhadores tentando salvar as malas de cartas da inundação.

O oficial então foi chamar Lightoller e Pitman, que estavam em suas respectivas cabines. Ele calculou a posição do navio às 0h10min para que ela fosse enviada pelos operadores de rádio Jack Phillips e Harold Bride nos pedidos de socorro; a posição que os dois estavam enviando até então era aquela de quatro horas antes. 

Pouco depois Boxhall avistou luzes de um navio no horizonte, trabalhando junto com o quartel-metre George Rowe para tentar contatar a embarcação através de fogos de artifício e lâmpadas morse, sem sucesso. 

Ele posteriormente afirmou que o outro navio ficou até oito quilômetros de distância do Titanic, o suficiente para que pudessem ver suas janelas a olho nu, mas que ele aos poucos foi se afastado até desaparecer. 

Durante a evacuação dos passageiros o oficial ficou encarregado de disparar fogos de artifício sinalizadores; enquanto Boxhall afirma ter disparado por volta de seis a doze fogos de seu lado do navio, não se sabe o número exato.

Boxhall foi finalmente colocado no comando do bote salva vidas nº 2 depois de todos os fogos de artifício serem disparados. O barco deixou o Titanic às 1h45min com apenas dezoito pessoas a bordo de uma capacidade total de quarenta: quatro eram tripulantes, oito eram passageiros de primeira classe e seis de terceira classe. 

De acordo com testemunhas o bote não tinha nenhum homem com exceção dos tripulantes. Boxhall foi o terceiro e último oficial a embarcar num bote, depois de Pitman e Lowe.

Após o navio afundar, ele sugeriu voltar para a zona do naufrágio a fim tentar salvar algumas pessoas, porém as mulheres a bordo se recusaram. Além da relutância dos passageiros. o próprio Boxhall considerava a manobra perigosa já que as pessoas no mar poderiam emborcar o bote. 

Dessa forma eles decidiram não voltar ao local do desastre. O oficial acendeu sinalizadores durante a madrugada para tentar encontrar outros botes, porém em vão. 

Pouco antes do amanhecer ele avistou o RMS Carpathia, com seu barco sendo o primeiro a ser resgatado às 4h10min do dia 15 de abril. Foi Boxhall quem informou o capitão Arthur Rostron do Carpathia sobre o naufrágio do Titanic.

Vida Posterior

Boxhall foi chamado para depor nas comissões de inquérito americana e britânica sobre o naufrágio, sendo o primeiro a falar sobre o misterioso navio que havia sido avistado no horizonte. 

Ele acabou voltando a trabalhar normalmente em junho de 1912 a bordo do RMS Adriatic, novamente como quarto oficial, ao mesmo tempo sendo promovido a tenente de reserva.

 Foi promovido a tenente em 1915. Boxhall serviu no HMS Commonwealth e comandou um barco torpedeiro durante a primeira Guerra Mundial. Casou em 25 de março de 1919 com Marjory Beddells, porém nunca tiveram filhos.

Voltou para a marinha mercante depois da guerra e continuou a trabalhar na White Star Line, em algumas ocasiões em outras empresas pertencentes a International Mercantile Marine Co. 

A White Star foi incorporada em 1934 por sua rival a Cunard Line, com Boxhall como primeiro e segundo oficial em vários navios prestigiados como o RMS Berengaria e o RMS Aquitânia até se aposentar em 1940.

Nunca conseguiu seu próprio navio para comandar em toda sua carreira. Entretanto, era aceito na companhia de comandantes de renome e se tornou amigo do capitão Grattige (que comandou o RMS Queen Mary e o RMS Queen Elizabeth).

Boxhall sempre teve um pouco de relutância em falar sobre o Titanic, porém mesmo assim foi em 1958 consultor histórico do filme A Night Remember sobre o naufrágio. Ele assistiu a uma exibição especial do filme em 3 de julho junto com Pitman, o outro oficial ainda vivo. 

Boxhall também concordou em se encontrar com historiadores no final da sua vida e em gravar em 1962, quinquagésimo aniversário do naufrágio, uma entrevista especial para a BBC sobre suas memórias do incidente. 

Também manteve contato com Pitman durante toda sua vida até a morte do segundo em dezembro de 1961.

Boxhall morreu em 25 de abril de 1967 na cidade de Christchurch aos 83 anos, sendo o último dos oficiais do Titanic a morrer. De acordo com sua vontade e testamento, ele foi cremado e suas cinzas foram espalhadas no local do naufrágio.

Como os destroços do navio só foram descobertos em 1985, suas cinzas foram jogadas nas coordenadas que ele havia calculado em 1912: 41°46N 50°14O – 21 km de distância de onde o Titanic realmente está localizado: 41°43N 49°56O.  

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