Assaltante (entrando no banco):
- Mão pra cima, isso é um assalto! Bora! Todo mundo passando a
grana!
Almeida:
- Essa sua fixação por arma de fogo, não sei não, hein.
Assaltante:
- Todo mundo passando a… é o quê, ô palhaço?
Almeida:
- Essa sua fixação por arma de fogo. É claramente uma sublimação
da libido.
Maria Helena:
- Almeida dá pra você analisar o indivíduo depois do assalto? Ou
quem sabe no céu, depois que ele matar todos nós?
Almeida:
- Maria Helena, o céu é uma ilusão infantil criada pelos homens
para…
Assaltante:
- Repete o que tu falou aí, ô paspalho. Tu me chamou de lambido?
Almeida:
- Não, li-bi-do. Em outras palavras, você tá usando essa arma aí
numa espécie de manifestação sexual. Talvez por sentir alguma falta.
Maria Helena:
- Almei-dá!
Assaltante:
- Tô sentindo falta de estourar os miolo de alguém, tá ligado?
Acho bom tu ficar na tua aí, veio!
Almeida:
- Olhaí, poder. Você só se sente seguro com a arma na mão. A
arma, na verdade, é um substituto do pênis. Agora me diga: o que há de errado
com seu pênis?
Maria Helena:
- Com o dele eu não sei, mas o teu eu vou arrancar se a gente
chegar em casa vivo!
Assaltante:
- Não tem nada de errado com meu pinto não, tá ligado? Nada.
Nadinha… Er… vem cá, tu por acaso andaste conversando com a Creide, foi?
Almeida:
- Ah, sabia. Desconforto com o pênis. Seja franco, qual é o
problema? Você acha que ele tá abaixo da média?
Maria Helena:
- Eu tenho certeza que o homem tem um pintão, Almeida. Um pinto assim
enorme. Um negócio de servir como fita métrica, né, moço? Agora você quer me
fazer o favor de calar a boca?!
Assaltante:
- Pra falar a verdade, não, dona. Eu realmente, eu… sabe, é difícil
assim de dizer, mas quando a gente vai num banheiro público e dá aquela
espiadinha de lado, sabe como é, eu… Eu tenho um pinto pequeno, eu sei.
Almeida:
- E usa a arma como uma maneira de compensar o que, em sua
cabeça, é uma deficiência. Bingo. Não falei pra você, Maria Helena?
Assaltante:
- Parabéns, doutor. Agora, se me der licença, eu vou usar a
minha compensação, devidamente carregada com seis bala, pra pipocar seu objeto
do desejo.
Almeida:
- Vai matar minha mulher?
Assaltante:
- Não, o senhor. Todo homem tá apaixonado por si mesmo. Eu
também li o meu Freud, veio.
Policiais (entrando no banco):
- Mãos ao alto. Pega o meliante. Isso. Algema. Leva pro
camburão. Safado.
Maria Helena:
- Almeida, Almeida! Você salvou todo mundo, Almeida, você é um
herói. Tô tão orgulhosa de você. (beijando-o) Meu homem! Meu!
Almeida:
- Sentimento de posse. Você teve muita prisão de ventre na
infância?