Stanislav
Petrov nasceu em Vladivostok a maior cidade portuária da Federação Russa
no dia 7 de setembro de 1939.
Foi um
coronel do Exército Vermelho que, em 26 de setembro de 1983, evitou um
potencial conflito nuclear ao se recusar a aceitar que mísseis dos Estados
Unidos tinham sido lançados contra a URSS, apesar da indicação dada pelo
sistema de alerta computadorizado.
Os alertas
do computador soviético mais tarde se revelaram errados, e Petrov ficou
conhecido como a pessoa que evitou a terceira Guerra Mundial e a
devastação de boa parte da Terra por armas nucleares.
Por causa
do sigilo militar e de diferenças políticas e internacionais, os atos de Petrov
foram mantidos em segredo até 1998. O pai de Stanislav
chama-se Yevgraf e foi piloto de caças durante a Segunda Guerra Mundial e
sua mãe foi enfermeira.
Formou-se
em 1972 na Faculdade de Engenharia da Força Aérea Russa e depois se alistou
na mesma instituição. Foi designado para a organização que supervisionava o
novo sistema de alerta antecipado destinado a detectar ataques de mísseis
balísticos de países da OTAN.
O Tenente-Coronel Stanislav
Petrov era o oficial do dia no bunker Serpukhov-15 perto de
Moscovo no dia 26 de setembro de 1983, época da Guerra Fria. Apenas três
semanas e meia antes, os soviéticos haviam derrubado um avião Boeing 747
sul-coreano, matando 269 pessoas a bordo.
A responsabilidade do
Tenente-Coronel Petrov era observar a rede de alerta preventivo por satélites e
notificar seus superiores sobre qualquer possível ataque com míssil nuclear
contra a URSS.
Caso isto ocorresse, a
estratégia da União Soviética era lançar imediatamente um contra-ataque nuclear
maciço contra os Estados Unidos, como previsto pela doutrina da Destruição
Mútua Assegurada.
Pouco após a meia-noite, os
computadores do bunker indicaram que um míssil estadunidense se movia em
direção à União Soviética. O Tenente-coronel Petrov deduziu que havia
ocorrido um erro do computador, já que os Estados Unidos não lançariam apenas
um míssil se estivessem atacando a União Soviética, e sim vários ao mesmo
tempo.
Além disso, a
confiabilidade do sistema por satélite havia sido questionada anteriormente.
Por isso, ele considerou o alerta como alarme falso, concluindo que de
fato não havia míssil lançado pelos EUA.
Pouco tempo depois, os
computadores indicavam que um segundo míssil tinha sido lançado, a seguir dum
terceiro, um quarto e um quinto. Petrov ainda acreditava que o sistema
computadorizado estava errado, mas não tinha mais outras fontes de informação
para poder confirmar as suas suspeitas.
O radar terrestre da
União Soviética não tinha capacidade para detectar mísseis além do horizonte,
então quando o radar terrestre pudesse positivamente identificar a ameaça,
seria tarde demais.
Percebendo que
se ele estivesse equivocado, mísseis nucleares logo estariam a chover sobre a
URSS, Petrov decidiu confiar na sua intuição e declarou as indicações do sistema
como alarme falso.
Após um breve
momento, ficou claro que seu instinto estava certo. A crise fez nele grande
pressão e muito nervosismo, mas o juízo de Petrov foi correto. Uma guerra
nuclear de escala total tinha sido evitada.
Naquela noite, não estava agendado para Petrov estar
de guarda. Se ele não estivesse lá, seria possível que um outro oficial no
comando tivesse tomado a decisão contrária.
Apesar de ter prevenido um potencial desastre nuclear,
Petrov desobedecera a ordens e desafiara o protocolo militar. Mais tarde, ele
sofreu intenso questionamento pelos seus superiores sobre a sua atitude durante
a prova de fogo, o resultado disso foi que ele não mais foi considerado um
oficial militar confiável.
O exército Soviético não puniu Petrov pelas suas
ações, mas não reconheceu ou honrou-o também. Suas ações haviam revelado
imperfeições no sistema militar soviético, o que deixou seus superiores em maus
lençóis.
Foi-lhe feita
uma reprimenda, oficialmente pelo arquivamento improprio de papelada de
trabalho, e sua, uma vez promissora, carreira chegou ao fim. Ele foi recolocado
para um posto menos sensível e por fim retirado do serviço militar.
Petrov continuou vivendo na Rússia como
pensionista, passando sua aposentadoria na pobreza, na cidade de Fryazino.
Disse que não se considera um herói pelo o que fez naquele dia, mas mesmo
assim, em 21 de maio de 2004, uma associação californiana, chamada Association
of World Citizens, deu ao Coronel Petrov seu prêmio World Citizen Award, junto
com um troféu e US$ 1.000,00 em reconhecimento ao papel exercido ao evitar
a catástrofe.
O russo Stanislav Petrov recebeu também o prêmio
internacional Dresden, conferido anualmente a personalidades cujo trabalho
permitiu evitar um conflito militar ou cessar a violência. Ex-oficial
soviético, Petrov evitou a eclosão de uma guerra nuclear em 1983.
A cerimônia
solene de entrega do prêmio, no valor de € 25 mil, ocorreu em 17 de fevereiro
de 2013. Menos de dois meses após o evento de setembro de 1983, a ABC, rede de
TV norte americana, televisionou o controverso filme The Day After.
O drama de
ficção trata de uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética e
que efeitos isto teria em famílias vivendo numa típica cidade americana.
Hoje em dia, acontecimentos envolvendo Petrov
permanecem desconhecidos ao público americano. A maioria das pessoas pensam
(incorretamente) que a Crise dos Misseis de Cuba, vinte anos antes, foi o
evento mais recente que poderia ter eclodido numa guerra nuclear.
Mesmo evitando um conflito mundial, o governo
soviético alegou que Petrov não documentou suas ações de maneira satisfatória e
lhe deu uma reprimenda. Em 1984, ele deixou o serviço militar e conseguiu
um emprego no instituto de pesquisa que desenvolveu o sistema de alerta de
mísseis da União Soviética.
Aposentou-se anos depois quando sua esposa foi
diagnosticada com câncer para poder cuidar dela, mas ela veio a falecer em
1997. A BBC noticiou que Petrov sofreu um colapso físico e mental em 1998, em
que ele teria declarado que foi usado como bode expiatório.
Stanislav Petrov morreu em Fryazino, no dia 19 de maio
de 2017 devido à uma pneumonia.
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