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terça-feira, novembro 11, 2025

O Sacrifício de Isaque


O Sacrifício de Isaque: por que a moral divina é um perigo para a humanidade

Inquisição, Cruzadas, caça às bruxas, jihadismo, pedofilia encoberta por hierarquias eclesiásticas, atentados terroristas em nome de Alá… Esqueçam tudo isso por um instante.

Para demonstrar que a religião não tem o monopólio da moral - e que, pior, uma moral fundamentada na obediência cega a uma autoridade divina é um risco concreto para a espécie humana -, nenhum ateu precisa recorrer aos episódios sangrentos que a história celebrizou. O drama de Abraão e Isaque, narrado no Gênesis 22, já basta. E basta sobrar.

O que realmente aconteceu no Monte Moriá

Deus - ou, como prefere o texto hebraico, YHWH - aparece a Abraão e dá uma ordem cristalina:

“Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que eu te indicarei.” (Gn 22,2)

Reparem no sadismo psicológico da frase: “teu único filho, a quem amas”. Deus esfrega na cara de Abraão o quanto aquela ordem é monstruosa. Não é um teste qualquer; é o teste supremo de lealdade absoluta.

Abraão, que já havia expulsado Agar e Ismael ao deserto por ordem do mesmo Deus, não hesita. Acorda cedo, parte a lenha, selou o jumento, leva o filho e dois servos.

Três dias de viagem - três dias para refletir se aquilo fazia algum sentido ético. Não há registro de que tenha dormido mal uma única noite. Chegando ao local, constrói o altar, amarra Isaque (em hebraico ʿaqēdāh, “a ligação”), coloca-o sobre a lenha e ergue a faca. Só então um anjo intervém:

“Abraão! Abraão! […] Não estendas a mão contra o menino […] porque agora sei que temes a Deus, pois não me negaste teu filho, teu único filho.” (Gn 22,11-12)

Deus “agora sabe”. Ou seja, antes da obediência até o filicídio ele não tinha certeza. A moral divina depende de prova empírica de subserviência total.

Por que Abraão obedeceu? (spoiler: não foi por amor)

Qualquer pai ou mãe minimamente decente, ao ouvir ordem tão abjeta, mandaria Deus para aquele lugar - ou, no mínimo, perguntaria: “Por que, exatamente, o Criador do Universo precisa que eu mate meu filho para provar que sou fiel?” Abraão não perguntou. Por quê?

Porque a ética dele não era baseada em empatia ou razão, mas em autoridade.
Para Abraão, o certo e o errado não surgem do sofrimento que uma ação causa a um ser humano inocente, mas de quem emitiu a ordem. Se YHWH mandou, está automaticamente certo - ponto final.

Porque ele já tinha histórico de obediência cega.

Expulsar a concubina e o filho mais velho para o deserto (Gn 21) foi o “teste preparatório”. Abraão passou com louvor. O sacrifício de Isaque foi apenas a prova final do mesmo padrão: o valor de uma vida humana é zero diante da vontade divina.

Porque a narrativa foi escrita para legitimar exatamente isso.

O texto não condena Abraão; exalta-o. Todas as três religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo) consideram-no modelo de fé. No islamismo, aliás, a vítima é Ismael, mas o enredo é idêntico: obediência até o assassinato ritual.

O precedente perigoso que ainda vigora

Esse episódio não é apenas uma curiosidade bíblica. Ele criou um paradigma ético que sobrevive há milênios:

No judaísmo ortodoxo: a ʿaqēdāh é celebrada todo Rosh Hashaná. A mensagem litúrgica é clara: a disposição de matar o próprio filho por Deus é o ápice da piedade.

No cristianismo: Paulo (Romanos 4) e Hebreus 11,17-19 elogiam a “fé” de Abraão que “ofereceu Isaque”. Kierkegaard, em Temor e Tremor, chama-o de “cavaleiro da fé” justamente por suspender a ética universal em nome do absurdo divino.

No islamismo: a festa do Eid al-Adha reencena anualmente o sacrifício, com milhões de animais degolados para lembrar que a obediência à Alá supera qualquer consideração humana.

Consequências reais no mundo contemporâneo

2001: 19 homens sequestram aviões e matam 2.977 pessoas “porque Alá ordenou”.

2023: colonos judeus ultraortodoxos justificam limpeza étnica na Cisjordânia citando “a terra que Deus prometeu a Abraão”.

2024: pais nos EUA negam transfusão de sangue a filhos com câncer “porque Jeová proíbe” (Testemunhas de Jeová perdem cerca de 300 crianças por ano assim).

2025: uma mãe em Goiás, Brasil, mata o filho de 8 anos a facadas “porque Deus pediu” (caso real noticiado em janeiro). Todos eles são herdeiros diretos de Abraão no Monte Moriá. A diferença é só de escala e tecnologia.

A lição que o ateísmo nos força a encarar

Se a fonte última da moral é uma entidade que pode, a qualquer momento, ordenar o assassinato de inocentes “para testar fé”, então não existe crime que não possa ser justificado. Estupro, genocídio, infanticídio - tudo vira “vontade de Deus” se a voz certa sussurrar no ouvido certo.

A moral humana só se torna segura quando ancorado em dois pilares que Abraão rejeitou:

Empatia consequencialista: uma ação é errada se causa sofrimento desnecessário a seres sencientes.

Razoabilidade crítica: nenhuma ordem - nem de deus, nem de profeta, nem de livro sagrado - está acima do escrutínio racional.

Abraão falhou nos dois. E o mundo ainda paga o preço.

Enquanto houver quem veja no patriarca do Moriá um exemplo a ser seguido, o sacrifício de Isaque não será apenas uma história de 3.800 anos atrás. Será uma ameaça bem viva - e com faca na mão.

Controle Social: Poder, Crises e Narrativas


 

A história política da humanidade é, em grande parte, a história do controle - sobre territórios, recursos e, sobretudo, sobre pessoas. Desde os primeiros impérios até os Estados modernos, governar sempre implicou a busca por mecanismos capazes de moldar comportamentos, administrar populações e garantir obediência.

O modo de fazê-lo, porém, evoluiu com o tempo: o que antes se impunha pela força das armas, hoje se sustenta pelo poder das ideias, da economia e da informação.

Durante o século XX, o controle social assumiu diversas faces.
Nos regimes totalitários, como o nazismo e o stalinismo, a dominação era explícita: vigilância, propaganda, censura e eliminação de opositores.

Já nas democracias ocidentais, o controle tornou-se mais sutil, disfarçado em mecanismos institucionais, econômicos e midiáticos. O cidadão, embora livre, passou a ser moldado por sistemas de consumo, padrões culturais e discursos que influenciam sua percepção da realidade.

As guerras - sempre caras e visíveis - revelam esse paradoxo. Elas mobilizam recursos, unem nações em torno de ideais e reconfiguram o mapa político do mundo.

No entanto, seu custo humano e social as torna cada vez menos sustentáveis. Por isso, novas formas de controle emergem em tempos de paz: a manipulação econômica, a gestão do medo e o controle da informação.

Pandemias e crises sanitárias, nesse contexto, também entram no jogo do poder. Elas testam a capacidade de resposta dos governos e expõem desigualdades sociais e políticas.

A forma como se comunica o risco, se administra o pânico e se distribuem recursos define não apenas a eficácia da política pública, mas também quem ganha e quem perde influência. O medo coletivo é um terreno fértil para o fortalecimento de discursos autoritários e o enfraquecimento da confiança pública.

Doenças como a malária, a AIDS e a dengue, por exemplo, mostraram que a vulnerabilidade humana é também uma questão política. Enquanto algumas nações conseguem controlar surtos com investimento em pesquisa e infraestrutura, outras enfrentam abandono e negligência histórica.

Isso revela um tipo de “geopolítica da saúde”, em que a sobrevivência de populações inteiras pode depender de decisões tomadas em gabinetes distantes.

Nos últimos anos, o avanço da tecnologia e das redes sociais trouxe uma nova dimensão ao controle social: a do poder algorítmico. Dados pessoais, preferências e emoções são coletados e utilizados para direcionar comportamentos e decisões, muitas vezes sem que o indivíduo perceba.

Trata-se de um controle silencioso e eficaz - uma forma de poder que não precisa impor, apenas sugerir. Assim, quando surgem debates sobre vacinas, políticas de isolamento ou campanhas de informação, o que está em jogo vai além da saúde pública.

Disputa-se também a narrativa política, a autoridade científica e a confiança institucional. De um lado, governos e corporações tentam manter a ordem e a credibilidade; de outro, cresce a desconfiança popular, alimentada por desinformação e traumas históricos de manipulação.

Em última instância, a questão central permanece: quem controla o discurso, controla a percepção - e quem controla a percepção, governa. O verdadeiro desafio contemporâneo é equilibrar a necessidade de políticas públicas eficazes com a preservação da autonomia e da consciência crítica do cidadão.

O poder sempre buscará novas formas de se manter. Cabe à sociedade aprender a reconhecê-las, questioná-las e, quando necessário, resistir a elas.

segunda-feira, novembro 10, 2025

Desarmamento - Somente os cidadãos as facções não!



Desarmamento: Somente os Cidadãos de Bem, Não as Facções!

Os regimes totalitários sempre souberam como desarmar a população para impor seus planos maquiavélicos. Assim fizeram: desarmaram o povo comum e endureceram as leis, garantindo que apenas os cidadãos honestos ficassem sem direito ao porte de armas.

Embutiram na mente das pessoas a ideia de que "a arma de fogo é quem mata", e não o bandido solto com indulto de Natal, progressão de regime ou portas giratórias da justiça.

Qual foi o resultado disso tudo? Um aumento exponencial da violência descontrolada, com o Estado monopolizando a força e deixando a sociedade à mercê de criminosos.

Exemplos Históricos de Desarmamento e Genocídios

Cuba: Sob o regime castrista, iniciado em 1959, o desarmamento civil foi uma das primeiras medidas de Fidel Castro. Oficialmente, estima-se que mais de 150 mil cubanos tenham morrido em execuções, prisões políticas e fomes induzidas - números baseados em relatórios de organizações como a Anistia Internacional e o Arquivo Cuba.

Mas fontes independentes, como o "Livro Negro do Comunismo", sugerem que o total de vítimas pode ultrapassar 200 mil, incluindo dissidentes fuzilados sem julgamento.

China: Durante o "Grande Salto Adiante" (1958-1962) e a Revolução Cultural (1966-1976), o Partido Comunista Chinês, após desarmar a população rural, causou a morte de cerca de 60 a 80 milhões de pessoas por fome, trabalho forçado e purgas, segundo estimativas do historiador Frank Dikötter em "Mao's Great Famine". O governo controlava todas as armas, e qualquer resistência era esmagada.

União Soviética: No Holodomor (1932-1933), o regime stalinista confiscou armas e alimentos dos camponeses ucranianos, resultando na morte de pelo menos 7 milhões em um único ano - uma fome artificial para quebrar a resistência nacionalista.

Os "livros de história mal contados" minimizam isso, mas arquivos desclassificados da URSS e estudos da Universidade de Harvard confirmam o genocídio deliberado. Esses casos mostram um padrão: desarme civil precede opressão estatal em massa.

A Realidade no Brasil: Desarmamento e Explosão da Criminalidade

No Brasil, o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003), aprovado no governo Lula, desarmou o cidadão comum enquanto as facções criminosas se armaram como nunca. Hoje, morrem anualmente:

Mais de 40 mil por homicídios (dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023-2024), muitos por balas perdidas ou assassinatos em assaltos.

Cerca de 35 mil em acidentes de trânsito nas estradas esburacadas (DATASUS e Polícia Rodoviária Federal).

Milhares nas filas do SUS por falta de atendimento (relatórios do TCU indicam subnotificação, mas estima-se 100 mil mortes evitáveis por ano em hospitais públicos).

Aproximadamente 14 mil suicídios (OMS e Ministério da Saúde), muitos ligados à desesperança por desemprego, dívida e ausência de dignidade básica.

As facções como PCC e Comando Vermelho estão melhor equipadas que a polícia: fuzis AR-15, granadas e drones importados via Paraguai, enquanto o cidadão de bem precisa de laudos psicológicos e burocracia infinita para uma arma de defesa.

Em 2024, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública registrou que 70% das armas apreendidas com criminosos são de origem ilegal, provando que leis só afetam os honestos.

A Tentativa de Bolsonaro e o Retrocesso com Lula

O presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) editou mais de 30 decretos para flexibilizar o porte e a posse de armas dentro da legalidade, permitindo que cidadãos de bem, caçadores e atiradores desportivos se defendessem.

Isso incluiu o aumento do limite de munição e a facilitação para Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs). Fazendeiros ganharam direito a armas em propriedades rurais para combater invasões. No entanto, o STF, em decisões polêmicas, suspendeu parte desses decretos, alegando inconstitucionalidade.

Lula, ao voltar em 2023 via alianças questionadas no TSE e STF (com acusações de abuso de poder econômico e manipulação de urnas, ainda em debate judicial), assinou decretos em maio de 2023 restringindo novamente o acesso a armas.

Ele prometeu "desarmar todos", revogando flexibilizações de Bolsonaro. Resultado? Invasões do MST explodiram: em 2024, o movimento invadiu mais de 50 propriedades produtivas (dados da CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), ameaçando agricultores em estados como Bahia, Pernambuco e Mato Grosso. Sem as armas remanescentes nas fazendas, o cenário seria catastrófico - produtores relatam tiroteios com invasores armados.

Acontecimentos Recentes e Perspectiva Sombria

Em 2025, até novembro, o MST já promoveu acampamentos ilegais em terras da União e privadas, com apoio implícito do Incra reformado pelo governo. Balas perdidas em favelas dominadas por facções matam inocentes diariamente no Rio e em SP.

A polícia, subequipada, perde agentes em confrontos - só em 2024, mais de 200 PMs mortos em serviço. Lula anunciou em discursos a "reforma agrária radical", o que incentivou mais invasões.

Se o desarmamento total avançar, como proposto em projetos no Congresso aliados ao PT, o Brasil caminha para um "far west" invertido: bandidos armados, cidadãos desprotegidos.

É uma péssima perspectiva. Os dias à frente serão difíceis, com risco de colapso na segurança rural e urbana. A história grita: desarmar o povo de bem é convidar o caos. Precisamos de leis que protejam os honestos, não os criminosos.

Fibras Invisíveis


 

O mais importante de tudo é a liberdade de fazermos nossas próprias escolhas! Somos seres conectados, entrelaçados por mil fibras invisíveis que nos unem às outras pessoas, ao mundo e ao universo.

Nossas ações, como causas lançadas ao vento, percorrem essas fibras e, cedo ou tarde, retornam a nós como efeitos, moldando nosso destino e o daqueles ao nosso redor.

Por isso, não podemos viver apenas para nós mesmos, presos em um ciclo egoísta. Cada decisão que tomamos, cada palavra que proferimos, cada gesto que oferecemos, reverbera, criando ondas que tocam vidas, constroem histórias e transformam realidades.

A vida é uma sequência de instantes únicos, preciosos e irrepetíveis. Cada momento carrega a possibilidade de mudar, de aprender, de amar ou de crescer.

Aproveitá-los ao máximo não significa apenas buscar prazeres fugazes, mas viver com intenção, propósito e consciência. É reconhecer que, mesmo nas pequenas coisas - um sorriso compartilhado, uma mão estendida, uma palavra de encorajamento - há um poder transformador.

Quando escolhemos viver com autenticidade, espalhamos sementes de esperança e inspiração. Hoje, mais do que nunca, percebemos como nossas escolhas ecoam em um mundo interconectado.

Seja em tempos de desafios globais, como crises ambientais ou desigualdades sociais, ou em momentos de conquistas coletivas, como avanços científicos e movimentos por justiça, cada um de nós desempenha um papel.

Um exemplo disso é o crescente movimento de pessoas que, ao redor do mundo, têm se unido para proteger o meio ambiente, promovendo ações sustentáveis que começaram como pequenas escolhas individuais e hoje inspiram milhões.

Outros, em suas comunidades, transformam vidas por meio de atos de solidariedade, como iniciativas de apoio a pessoas em vulnerabilidade ou projetos educacionais que abrem portas para o futuro.

Portanto, viva plenamente cada instante, sabendo que suas escolhas não apenas definem quem você é, mas também tocam o mundo de maneiras que você nem sempre pode prever.

Seja a causa de algo positivo, de um impacto que ressoe além de você. Porque, no final das contas, a verdadeira liberdade está em usar nossas escolhas para construir um legado de amor, conexão e significado.

domingo, novembro 09, 2025

Irmãos Coragem




Irmãos Coragem: Uma Saga Inesquecível da TV Brasileira

No dia 29 de junho de 1970, a TV Globo exibiu o primeiro dos 328 capítulos da telenovela Irmãos Coragem, marcando o início de uma das produções mais icônicas da teledramaturgia nacional.

Eu era ainda muito jovem e morava na cidade de Itaitinga, no Ceará. Televisão em casas particulares era algo raro e luxuoso nos anos 1970, especialmente no interior do Brasil. No entanto, na pracinha central da cidade, havia uma televisão pública em preto e branco que atraía quase toda a população no horário nobre.

Famílias inteiras se reuniam ali, sentadas em bancos improvisados ou no chão, para acompanhar o desenrolar da trama. Era um evento social: conversas animadas antes do capítulo, suspiros coletivos durante as cenas de tensão e aplausos ao final.

Essa TV comunitária simbolizava o poder unificador da novela, que alcançava audiências estratosféricas - estima-se que Irmãos Coragem tenha batido recordes de ibope, com picos acima de 70% das TVs ligadas no país, superando até eventos esportivos da época.

A autoria ficou a cargo da lendária Janete Clair, uma das maiores novelistas brasileiras, responsável por sucessos como Selva de Pedra e Pecado Capital. A direção foi compartilhada por Daniel Filho, Milton Gonçalves e Reynaldo Boury, com Daniel Filho assumindo a direção geral.

Essa equipe trouxe um ritmo dinâmico e realista à produção, misturando drama social, romance e crítica política em plena ditadura militar (1964-1985), o que adicionava camadas de ousadia à narrativa.

O elenco reunia o que de melhor a Globo tinha na época, com nomes que se tornariam eternos na TV: Tarcísio Meira (no papel de João Coragem), Glória Menezes (Lara/Diana/Márcia), Cláudio Cavalcanti (Jerônimo Coragem), Cláudio Marzo (Eduardo "Duda" Coragem), Regina Duarte (Ritinha), Emiliano Queiroz (Juca Cipó), Carlos Eduardo Dolabella (Rodrigo César), Lúcia Alves (Potira).

E mais, José Augusto Branco, Gilberto Martinho, Zilka Salaberry, Myriam Pérsia, Sônia Braga (em um de seus primeiros papéis de destaque, como a sedutora Lúcia), Ênio Santos e muitos outros. Infelizmente, boa parte desse elenco já nos deixou, como Tarcísio Meira (falecido em 2021), Glória Menezes (ainda ativa, mas com saúde fragilizada), Cláudio Marzo (morto em 2015) e Gilberto Martinho (em 1986).

A química entre eles era palpável, elevando a novela a um patamar de excelência.

Sinopse Expandida: Uma Trama de Coragem, Injustiça e Amores Proibidos

Ambientada na fictícia cidade de Coroado, no cerrado goiano - uma região árida e isolada que representava o Brasil profundo dos anos 1970 -, a história gira em torno da saga dos três irmãos Coragem: o rude e generoso João (o protagonista central), o ambicioso Jerônimo e o sonhador Eduardo, apelidado de Duda.

Eles trabalham honestamente no garimpo de diamantes, uma atividade perigosa e exploradora na época real, inspirada nos garimpos de Goiás e Minas Gerais.

Tudo muda quando João, um homem simples que sempre prioriza o diálogo e a ética, encontra um valioso diamante rosa - o maior já descoberto na trama, avaliado em milhões.

Logo em seguida, a pedra é roubada pelos capangas do Coronel Pedro Barros, o todo-poderoso da região: ele controla o comércio de garimpo, a política local e até a justiça, personificando os "coronéis" do Brasil interiorano, com ecos da oligarquia rural que ainda vigorava sob a ditadura.

Injustiçado repetidas vezes - preso, espancado e humilhado -, João se transforma em fora da lei. Ele forma um bando com outros garimpeiros explorados, adotando táticas de guerrilha para combater o sistema opressor.

Essa virada reflete temas sociais profundos: a luta contra a desigualdade, a corrupção e a violência institucional, com paralelos sutis à resistência armada da época (como a Guerrilha do Araguaia, que ocorria simultaneamente, entre 1972-1974, embora a novela evite menções diretas para não censurar).

No entanto, o destino complica tudo: João se apaixona pela filha do coronel, a frágil e tímida Lara (Glória Menezes em um tour de force). Ela sofre de uma misteriosa doença - revelada como transtorno dissociativo de identidade, à frente de seu tempo em representações psiquiátricas na TV.

Lara alterna entre três personalidades: a doce e recatada Lara; a selvagem e passional Diana (que seduz João em cenas ousadas para a época); e a equilibrada Márcia, um contraponto racional.

Essa trama psicológica perturba imensamente João, criando um triângulo amoroso interno que explora temas de identidade, loucura e redenção.

Paralelamente, a indígena Potira (Lúcia Alves), adotada pela família Coragem, é o centro de outro drama. Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) nutre uma paixão proibida por ela, vista como incestuosa pela sociedade conservadora.

Para esquecer Jerônimo, Potira casa-se com Rodrigo César (Carlos Eduardo Dolabella), um aliado de João na luta contra o coronel. Jerônimo, por sua vez, entra na política por um partido de esquerda - uma crítica velada ao bipartidarismo da ditadura (MDB vs. Arena) -, candidatando-se para combater os abusos do coronel.

Para fugir de seus sentimentos, ele se casa com Lídia Siqueira, filha do deputado Dr. Siqueira, mergulhando em intrigas eleitorais cheias de subornos e alianças falsas. O caçula, Duda (Cláudio Marzo), rejeita o garimpo e realiza o sonho de virar jogador profissional do Flamengo - um aceno ao futebol como escape social no Brasil.

Ele deixa Coroado, a família e o amor de infância, a recatada Ritinha (Regina Duarte). Ao retornar famoso, Duda está envolvido com a ambiciosa Paula, que faz de tudo para mantê-lo.

Ritinha, lutando pelo seu amor, passa uma noite inocente com ele em um quarto. Nada acontece, mas o pai dela, o rígido Dr. Maciel (que despreza Duda por sua origem humilde), obriga o casamento para preservar a honra da filha.

A cidade, com sua moral hipócrita, não perdoaria o "escândalo" - uma crítica à sociedade patriarcal e ao machismo rural.

Acontecimentos Adicionais e Impacto Cultural

Irmãos Coragem não foi só entretenimento: foi um fenômeno cultural que influenciou o debate público. Lançada em meio à censura do regime militar, a novela usou metáforas para criticar a ditadura - o coronel como ditador local, os garimpeiros como oprimidos.

Janete Clair inseriu elementos progressistas, como a luta de classes e o empoderamento feminino (Potira como indígena forte). O diamante rosa inspirou buscas reais por pedras preciosas em Goiás, impulsionando o turismo garimpeiro.

Curiosidades: Sônia Braga, então com 20 anos, explodiu em popularidade como Lúcia, abrindo portas para sua carreira internacional. A trilha sonora, com músicas como "Coragem" (de Nonato Buzar) e temas de Roberto Carlos, vendeu milhões.

A novela foi remakada em 1995, mas a original permanece insuperável. No dia 15 de julho de 1971, assistimos ao último capítulo. O final emocionante - com redenção, casamentos e justiça poética - deixou a pracinha de Itaitinga em lágrimas. Muitos choravam não só pelo fim da trama, mas pela sensação de perda de uma "família" semanal.

Irmãos Coragem uniu o Brasil, provando o poder da TV em transformar realidades. Até hoje, evoca nostalgia de uma era em que novelas eram eventos nacionais.

A Idolatria Política


 

A idolatria política surge quando o fascínio por um líder ou ideologia suplanta a razão, transformando figuras humanas em símbolos quase divinos e esses símbolos em perigosas ilusões coletivas.

Esse fenômeno não é apenas uma questão de admiração exagerada; trata-se de uma entrega cega, de uma rendição interior que distorce a realidade, enfraquece o senso crítico e pavimenta o caminho para abusos de poder.

Quando a devoção a uma personalidade política ou a uma narrativa se sobrepõe à análise objetiva, cria-se um terreno fértil para a manipulação, onde a verdade é sacrificada em nome da lealdade.

Nesse ambiente, a mentira adquire ares de dogma, e a crítica é tratada como heresia. A cegueira coletiva, movida por paixões e ressentimentos, mantém tiranos no poder, permite que corruptos prosperem às custas dos impostos pagos pelos próprios cidadãos fascinados e perpetua ciclos de desigualdade e injustiça.

Historicamente, a idolatria política esteve presente em regimes totalitários, como o culto à personalidade em torno de Stalin ou Mao, onde a propaganda transformava líderes em mitos intocáveis, enquanto a repressão e a miséria cresciam à sombra do fervor popular.

Em tais contextos, multidões eram levadas a celebrar o algoz como salvador, e milhões de vidas foram sacrificadas em nome de uma fé política travestida de ideal coletivo.

Nos tempos atuais, esse padrão se repete de forma mais sutil, mas não menos perigosa, em democracias fragilizadas. Líderes carismáticos, com discursos polarizantes, exploram medos e esperanças, prometendo soluções simples para problemas complexos, enquanto desviam recursos públicos, manipulam informações e corroem instituições.

Usam símbolos nacionais como se fossem propriedade pessoal, transformam redes sociais em templos de devoção e cultivam um ambiente em que o adversário político não é apenas oponente, mas inimigo a ser silenciado.

Os efeitos dessa idolatria ultrapassam a esfera política. Ela fragmenta a sociedade, alimentando divisões entre "nós" e "eles", convertendo vizinhos em rivais e amigos em inimigos irreconciliáveis.

O debate público deixa de ser um espaço de ideias e passa a ser uma guerra de narrativas, onde fatos são descartados em favor de versões convenientes. Esse clima de hostilidade mina o tecido social, gerando intolerância, perseguição e até violência em nome da “causa”.

O perigo maior é que, sob o véu da idolatria, o povo abdica de sua própria liberdade. Ao entregar ao líder o direito de pensar e decidir por todos, abre-se mão da autonomia e do exercício da cidadania consciente.

A democracia, que deveria ser construída no diálogo e na pluralidade, torna-se refém de um messianismo político que concentra esperanças em uma só figura, enquanto as estruturas de poder se fecham em círculos cada vez mais restritos e autoritários.

Para combater esse ciclo vicioso, é essencial resgatar a razão e fortalecer o espírito crítico. É preciso questionar líderes e narrativas, exigir transparência, cobrar responsabilidade e lembrar que nenhum governante é maior que as instituições que o sustentam.

Somente assim será possível romper o ciclo de ilusões que alimenta a corrupção e a opressão, reconstruindo os pilares de uma sociedade mais justa, plural e consciente.